Seria pretensão exagerada, de nossa parte, ousar corrigir nosso grande Ruy Barbosa ?
Num dos nossos artigos já há algum tempo postado, OUSAMOS questionar nossa genial POETISA Cecília Meireles quanto à sua "invencionice" - SEM RESPALDO GRAMATICAL - de querer trans-formar em SUBSTANTIVO UNIFORME (uma única forma para masculino e feminino) a palavra POETA, quando se sabe que O FEMININO DE "POETA" sempre foi, é e sempre será POETISA.
Portanto, à exceção de CONTEXTOS POÉTICOS, o
uso de POETA como substantivo de gênero uniforme representa ERRO
GRAMATICAL (a não ser que algum linguista nos convença COM EMBA-SAMENTO GRAMATICAL, da vagueza de nosso posicionamento a este respeito
Conforme aquele nosso artigo, ao usar POETA para
referir-se a si (como eu-lírico do gênero feminino), ela apenas e tão-
somente fez uso daquilo que se chama LIBERDADE POÉTICA (que, via
de regra, ATROPELA a Gramática), para formar uma rima perfeita para
a palavra "completa" - última palavra de um dos versos daquele que
talvez seja seu mais belo poema.
E nosso "atrevimento linguístico" hoje gira em tor-
no deste trecho da famosa frase do nosso Ruy Barbosa (CASO SEJA
ESTA MESMA A REDAÇÃO ORIGINAL DESSE TRECHO DA FRASE):
"De tanto ver triunfar as nulidades, ..." .
Aqui, no nosso entendimento, HÁ UM ERRO DE
CONCORDÂNCIA VERBAL : a forma verbal TRIUNFAR (no singular) é
incorreta. Deveria estar no plural :
"De tanto ver TRIUNFAREM as nulidades,..."
E qual a nossa justificativa para tamanha ousadia?
Ei-la...
"As nulidades" está NO PLURAL. E, nesta oração,
ESTÁ FUNCIONANDO não como complemento verbal (objeto direto), mas sim, COMO S U J E I T O - embora posposto ao verbo -.
A frase / oração, NA ORDEM DE SEQUÊNCIA CORRETA DOS SEUS TERMOS, seria :
"De tanto ver AS NULIDADES triunfarem..."
E, sendo sujeito; e estando esse sujeito na forma
plural, O VERBO, O B R I G A T O R I A M E N T E, deve estar NO PLURAL.
E, para reforçar tal ponto de vista linguístico nos-
so, ocorre mais este detalhe observado :
Repetindo a frase / oração original : "De tanto ver triunfar as nulidades"...
Temos aqui uma ORAÇÃO REDUZIDA DE INFINI-
TIVO. Convertendo-a para a correspondente ORAÇÃO DESENVOLVIDA (aquela que é iniciada por um conectivo - conjunção), teríamos :
"De tanto ver QUE AS NULIDADES TRIUNFARAM".
Vê-se, portanto, que, nessa oração desenvolvida,
não há (queremos crer) como contestar que A FORMA VERBAL DO VERBO TRIUNFAR T E M Q U E E S T A R N O P L U R A L,
para concordar com o sujeito AS NULIDADES, que está NO PLURAL.
Que Deus tenha piedade de nós, diante da ousadia deste artigo. Tenho certeza de que vão chover comentários
contestatórios. E É ESTA A REAL INTENÇÃO NOSSA : P R O V O C A R,
Q U E S T I O N A R. É a melhor forma de entendermos um pouquinho
a complexidade de nossa língua.
É que, além da condição de professor, somos movidos pela condição de pesquisador...(daquele tipo "cri-cri").
Aguardamos comentários a favor ou contra...