O 'Ensaboado' e você
Desta vez só vou perguntar; a resposta é com vocês:
1. O verbo LAGRIMAR existe em Português? (Não sei qual será a sua resposta, mas esse verbo para o ‘Ensaboado’ não existe, a ver-se pelo argumento que fornece na página 74.)
2. Segundo a Gramática, separa-se por vírgula o sujeito do verbo? (Não sei qual será a sua resposta, mas essa separação é notória nas páginas 92, 113, 116, etc., do livro ‘Ensaboado’.)
3. A palavra FRAUDA existe? Como se conjuga o verbo fraudar na 3.ª pessoa do presente do indicativo? (Não sei qual será a sua resposta, mas para o ‘Ensaboado’ frauda não existe, a ver-se pela afirmação que faz na página 113. Obs.: "Frauda" só se usa como forma verbal, ou seja, como substantivo, usa-se fraude.)
4. Creio que todo o mundo sabe qual a designação da selecção masculina de futebol. Você sabe? (Não sei qual será a sua resposta, mas para o ‘Ensaboado’ dizer «os Palancas» dá a ideia de um machismo inútil. Quanto a isso, se eu pertencesse à equipa talvez me zangasse com quem que dissesse que eu era “uma” Palanca.)
5. A VERNACULIDADE ou PUREZA da linguagem consiste em empregar exclusivamente construções e vocábulos próprios da nossa língua. Opõem-se à VERNACULIDADE os ESTRANGEIRISMOS, ARCAÍSMOS, PROVINCIANISMOS, PLEBEÍSMOS. O pseudónimo de José Carlos, autor do ‘Ensaboado’, é Makiesse que, em kikongo, significa alegre. Esse pseudónimo está em desacordo com a VERNACULIDADE/PUREZA da linguagem ou não? (Não sei qual será a sua resposta, mas eu começaria logo por desaprovar o pseudónimo, no fundo e sobretudo na forma, língua estrangeira, num trabalho sobre a Língua Portuguesa.)
6. O vocábulo PINHA existe ou não? (Não sei qual será a sua resposta, mas para o Ensaboado não existe, a ver-se pelo que afirma na página 65.)
7. É certo usar a expressão «palavras difíceis»? (Não sei qual será a sua resposta, mas para o ‘Ensaboado’ dizer «anote as PALAVRAS DIFÍCEIS para depois procurar os seus respectivos significados no dicionário» é errado. Ele discorda da expressão, pelo que, em sua substituição, propõe «palavras invulgares». Mas lembro que o uso impõe, em contexto informal, sobretudo no contacto com crianças, a expressão «palavras difíceis», Sr. José Carlos.
8. A FRASE começa sempre com maiúscula inicial ou minúscula inicial? (Não sei qual será a sua resposta, mas o autor do ‘Ensaboado’ começa a frase com inicial "minuscula", na página 33.
9. OUTRA ALTERNATIVA é redundância? (Não sei qual será a sua resposta, mas isso aí está na página 82 do ‘Ensaboado’. No vocábulo alternativa já existe um radical (alter) que, em Latim, significa outro(a)).
10. Não é certo dizer, em referência a uma carta, bilhete ou mensagens, «o texto fala de um homem…» ou «a carta fala das dificuldades…»? (Não sei qual será a sua resposta, mas para o ‘Ensaboado’ «a carta e o texto não falam». É impossível, segundo ele, ouvirmos a voz através do texto ou da carta.
Cuidado, autor: como acontece em “os dentes do pente” há uma metáfora legítima estilisticamente quando se escreve: “o texto fala de um homem”, porque se for lido em alta voz, fala mesmo.)
11. Conhece a diferença entre «dançar bem» e «dançar muito»? (Não sei qual será a sua resposta, mas se na sua biblioteca só houver o ‘Ensaboado’, não vai poder saber, porque ele não faz distinção entre essas duas formas.)
12. O certo é «existem alternativas» ou «existem outras alternativas»? (Não sei qual será a sua resposta, mas uma dessas formas aparece na página 82, do ‘Ensaboado’.)
Temos, então, um bom livro? (Não sei qual será a sua resposta…)