PCN´S Lingua Portuguesa

ORIENTAÇÕES DOS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS (PCN’S)

LÍNGUA PORTUGUESA

INTRODUÇÃO

Os PCN’s são publicações do Ministério da Educação, com intuito de orientar os professores nos processos pedagógicos, de forma a promover uma educação pautada na realidade brasileira, visando melhorar a qualidade do ensino, principalmente na esfera pública. O objetivo desse trabalho é mostrar de maneira sintetizada, as orientações contidas nos PCN’s e as abordagens de alguns teóricos no que diz respeito a oralidade, os gêneros textuais e a prática da leitura e da escrita.

ORALIDADE

A partir do momento em que o indivíduo profere suas primeiras palavras, ele passa a vivenciar o percurso da oralidade. As relações de trocas que se iniciam através dos diálogos protagonizados no convívio com os familiares mais próximos, ampliam-se à medida que ele convive com outras pessoas, outros ambientes, outros contextos.

A escola vai atuar no papel de preparar esse indivíduo para a produção de diálogos adequados às situações de fala, que estão para além do restrito ambiente familiar, ou seja, a sociedade.

De acordo com os PCN’s (1997), “os alunos serão aceitos ou discriminados à medida que forem capazes de responder a diferentes exigências de fala e de adequação às características próprias de diferentes gêneros do oral. ”

A sala de aula é o lugar onde o aluno deve ter oportunidade de desenvolver suas habilidades e dentre elas, a interação verbal. Os diálogos em sala de aula entre estudantes e nas relações entre professor e estudante, segundo os PCN’s, funcionam como excelentes estratégias para a construção do conhecimento pois, propiciam a troca de informações, confronto de opiniões e negociação dos sentidos.

A variação linguística é uma característica marcante da oralidade brasileira, graças à dinâmica que perpassa o universo linguístico, onde fatores como flexibilidade, variabilidade e mutabilidade fazem parte do sistema estrutural da língua. As inúmeras variedades reproduzidas em sala de aula dão mostras das diferenças sócio- econômicas, culturais, regionais, entre outras, que precisam ser respeitadas, cuidando para que o estudante adeque o uso aos contextos situacionais. Os traços diferenciais que a língua apresenta na realização dos falantes (estudantes), são marcas identitárias e por esse motivo não obedecem a critérios valorativos de certo ou errado, embora a escola muitas vezes o faça, disseminando preconceitos ao invés de promover a inclusão.

É tarefa da escola e consequentemente dos professores (não só os que lecionam língua portuguesa), ajudar o aluno a usar a linguagem oral no planejamento e desenvolvimento de atividades que confiram-lhe autonomia e desempenho satisfatório, através da prática de debates, seminários, apresentações teatrais, entrevistas, entre outras, fazendo do ambiente escolar um lugar onde o aprendizado se dá em situações didáticas significativas.

GÊNEROS TEXTUAIS LEITURA E ESCRITA

Os gêneros textuais são, segundo Marcuschi (apud Dionísio, Machado e Bezerra 2005) ”formas verbais de ação social relativamente realizadas em textos situados em comunidade de práticas sociais e em domínios discursivos específicos. ” Eles fazem parte do cotidiano das pessoas através da linguagem oral (entrevistas, debates, músicas, seminários, etc.) e da linguagem escrita (contos, novelas, cartas, artigos, romances, entre outros).

A quantidade de gêneros existentes é muito grande e por isso os PCN’s (1998) recomendam selecionar alguns para abordar mais profundamente.

Os gêneros textuais devem ser utilizados de forma a permitir mais clareza e concisão no entendimento de textos e possibilitar o desenvolvimento da competência do estudante, no que tange a compreensão e significação das diversas produções da língua, quer seja na leitura, escrita ou situações de fala.

As diversidades de gêneros textuais devem ser trabalhadas de modo a priorizar aqueles que melhor enquadrar-se à realidade da sala de aula, permitindo o envolvimento de toda a classe. Segundo Bakhtin (1992 – apud Fiorin),

“O gênero estabelece uma conexão entre a linguagem e a vida, porque cada esfera de atividade cria gêneros, entre cujas características está o estilo que é marcado entre outros traços, pelo uso de uma dada variedade linguística”.

Seguindo a linha de pensamento do autor supracitado, pode-se citar como exemplo o e-mail que é um gênero textual bastante usado na atualidade, e pode ser utilizado no ambiente escolar para desenvolver diversas atividades de produção de textos, trabalhar a linguagem, desenvolver pesquisas, contribuindo dessa forma para o enriquecimento da aula.

O professor não precisa se ater apenas às velhas ferramentas (livros, quadro-negro) em sua prática profissional. Explorar textos que despertem o interesse e a curiosidade pode ser uma boa alternativa de ensino/aprendizagem e o conto pode ser uma dessas escolhas, já que é um gênero textual muito parecido com o romance, embora mais objetivo e breve, uma opção para fomentar discussões, debates, Intertextualizar com músicas sobre a mesma temática.

Os textos lidos servem naturalmente de base para outras produções. À medida que o exercício da leitura contempla textos demasiadamente simples, a capacidade cognitiva do aluno tende a se tornar limitada, já que “a falta de desafios, exigências e estímulos ao intelecto do indivíduo o impede de alcançar estágios mais elevados de raciocínio”. Conforme Vygotsky (1987 –apud Bezerra).

O texto deve ser priorizado e usado para ampliar a competência discursiva e cognitiva do aluno, explorando ao máximo o seu conteúdo, não apenas do ponto de vista gramatical, mas, trabalhando a criticidade, a reflexão, permitindo que o indivíduo retire dele ‘significados’ que lhe confiram autonomia e letramento, na verdadeira acepção da palavra.

Algumas escolas ainda ministram o ensino de língua portuguesa como há cinquenta anos, quando a norma padrão era regra de conduta e ninguém ousava transgredi-la. Os trabalhos com o texto limitavam-se à perspectiva gramatical de forma estanque e servia apenas de pretexto, sem contextualizar. Outras escolas, porém, estão começando a desenvolver trabalhos mais efetivos para ensinar a língua materna brasileira e já são perceptíveis alguns sinais de melhorias no desempenho da nova geração estudantil, pelo menos no que diz respeito ao posicionamento argumentativo e interativo.

As transformações também começam a ser percebidas na maneira de ensinar e de aprender, que tem como norte as necessidades dos alunos, no sentido de oferecer uma educação real ao invés de atrelar o programa didático a um sistema idealizado e utópico que, infelizmente, resulta em indivíduos que decodificam, todavia não entendem e não estão aptos a produzir textos aceitáveis. A produção de textos orais e escritos, segundo Geraldy (), “é ponto de partida e ponto de chegada de todo o processo de ensino/aprendizagem da língua (...) porque é no texto que a língua se revela em sua totalidade...”

Para se produzir um bom texto é necessário que o autor (locutor) tenha o que dizer (as leituras prévias ajudam bastante), a quem dizer (interlocutores), quando dizer (adequar o texto à situação vigente) e como dizer (a linguagem adequada ao contexto).

De acordo com os PCN’s (1998),

“Pensar em atividades para ensinar a escrever é inicialmente, identificar os múltiplos aspectos envolvidos na produção de textos, para propor atividades sequenciadas que reduzam parte da complexidade da tarefa no que se refere tanto ao processo de redação quanto ao de refacção. ”

O ato de escrever se torna mais aprazível e menos complexo se o escritor sabe o motivo pelo qual ele o está fazendo, portanto, explicar as razões e as circunstâncias é uma atitude motivacional para estimular a produção.

Para finalizar, Proust (1905 apud Geraldy) nos fala acerca das reações que a leitura provoca no ouvinte:

“Sentimos muito bem que nossa sabedoria começa onde a do autor termina, e gostaríamos que ele nos desse respostas, quando tudo que ele pode fazer é dar-nos desejos. Esses desejos, ele não pode despertar em nós senão fazendo-nos contemplar a beleza suprema à qual o último esforço de sua arte lhe permitiu chegar (...) no momento em que eles nos disseram tudo o que podiam nos dizer que fazem nascer em nós o sentimento de que ainda nada nos disseram. ”

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esse trabalho serviu como “mergulho para descobrir a profundidade” e a responsabilidade que é ensinar e aprender a língua portuguesa. Serviu também para relembrar que o verdadeiro profissional é aquele que jamais se sente completo. Ele está em constante processo de transformação, como ser inacabado que é, em busca de acrescentar algo mais ao que já possui.

Rafael de Sousa Rocha
Enviado por Rafael de Sousa Rocha em 16/09/2015
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