"Uso do verbo "Haver" e "Fazer" com os verbos "Impessoais"(II)
As crianças brasileiras desde os primeiros anos escolares aprendem que todo verbo concorda com o sujeito da frase. O que devemos fazer, contudo, com aqueles verbos que não são atribuídos a sujeito algum, os chamados verbos impessoais? O uso culto prefere deixá-los imobilizados na 3a. pessoa do singular. Felizmente esses verbos formam um grupo extremamente reduzido:
Verbos Impessoais são verbos defectivos que exprimem uma ação que não se pode atribuir a nenhuma pessoa gramatical; são, portanto, verbos cujo sujeito é inexistente. Por esse motivo, verbos impessoais se flexionam exclusivamente no infinitivo e na 3ª pessoa do singular, nunca concorrendo com um sujeito(Para esclarecer)Verbo no infinitivo é o verbo no seu próprio nome: verbo amar, verbo vender, verbo brincar,etc.
São desse tipo, fundamentalmente:
Verbos meteorológicos, que exprimem fenômenos naturais (ex.: chover, trovejar, etc.);
Verbos que expressam tempo (ex.: haver e fazer);
O verbo haver, no sentido de existir (ex.: "Há resíduos tóxicos no mar").
Verbo HAVER – Este verbo, quando usado nos sentidos de “existir” ou “ocorrer”, fica sempre na 3ª do singular (o elemento em destaque é analisado como objeto direto): Aqui está a diferença da forma correta em relação aos erros cometidos:
CORRETO: EVITE:
Havia dez interessados. * Haviam dez interessados.
Aqui houve alterações. * Aqui houveram alterações.
Haverá sessões contínuas. * Haverão sessões contínuas.
Você já deve ter-se acostumado a ouvir *”haviam pessoas”, *”haverão dúvidas” — construções provavelmente inspiradas, por analogia, em “existiam pessoas” e “existirão dúvidas”, mas com certeza ficaria surpreso se soubesse o quanto se discute, entre os estudiosos, a conveniência de considerar, de uma vez por todas, o verbo haver como um verbo comum com sujeito posposto. Há bons argumentos contra e bons argumentos a favor desse “reenquadramento” de haver, e tanto um quanto o outro lado têm a defendê-los jovens e velhos gramáticos. Aqui se trata, porém, de definir um item do uso culto escrito; portanto, se você quer se sentir seguro, não invente moda e opte por deixar o verbo sempre no singular.
Verbo FAZER (e HAVER, também), indicando TEMPO DECORRIDO
CORRETO: EVITE:
Faz três meses. * Fazem três meses.
Amanhã fará dois anos. * Amanhã farão dois anos.
Fazia duas horas que esperava. * Faziam duas horas que esperava.
Havia dois dias que não comia. * Haviam dois dias que não comia.
Verbo FAZER, indicando condições metereológicas:
CORRETO: EVITE:
Fez dias belíssimos. * Fizeram dias belíssimos.
Ali fazia 40° à sombra. * Ali faziam 40° à sombra.
Verbo PASSAR DE, em expressões de tempo:
CORRETO: EVITE:
Passava das duas horas. * Passavam das duas horas.
Passa das três da tarde. * Passam das três da tarde.
Não confunda esta estrutura, que é considerada SEM SUJEITO (note que “duas horas”, “três horas”, etc., vêm precedidos da preposição DE), com o verbo PASSAR que aparece nos exemplos abaixo, em que “três horas” e “três minutos” funcionam como SUJEITO:
Passam três horas do meio-dia.
Passavam três minutos das duas. Jamais abrevie hora assim(hs) ou assim(hrs).Abreviar hora é apenas ( H).
Verbo BASTAR DE e CHEGAR DE:
Basta de reclamações (e não *bastam de)
Chega de pedidos (e não *chegam de)
Verbo TRATAR-SE DE, com referência a uma afirmação anterior.
CORRETO: Lá vêm elas. Não esqueça: trata-se das filhas do prefeito.
ERRADO: Lá vêm elas. Não esqueça: *tratam-se das filhas do prefeito.
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Para nós, brasileiros, as três frases abaixo são sinônimas(Têm o mesmo sentido em relação ao dinheiro e ao cofre,mas o emprego dos verbos é diferente)
(1) Não havia dinheiro no cofre.
(2) Não existia dinheiro no cofre.
(3) Não tinha dinheiro no cofre.
Se trocarmos dinheiro por documentos, no entanto, está armada a confusão:
(1) Não HAVIA documentos no cofre.
(2) Não EXISTIAM documentos no cofre.
A frase (3) é mais complicada, pois o uso de ter com valor existencial ainda é classificado como inadequado na língua culta formal escrita. Se quisermos assim mesmo empregá-lo, vamos ter de escolher qual dos dois modelos (o de haver, impessoal, ou o de existir) ele vai seguir. Minha intuição aponta para a primeira hipótese: “Não tinha documentos no cofre”.
Nossa Língua Portuguesa é linda, mas é complicada,não é?
As crianças brasileiras desde os primeiros anos escolares aprendem que todo verbo concorda com o sujeito da frase. O que devemos fazer, contudo, com aqueles verbos que não são atribuídos a sujeito algum, os chamados verbos impessoais? O uso culto prefere deixá-los imobilizados na 3a. pessoa do singular. Felizmente esses verbos formam um grupo extremamente reduzido:
Verbos Impessoais são verbos defectivos que exprimem uma ação que não se pode atribuir a nenhuma pessoa gramatical; são, portanto, verbos cujo sujeito é inexistente. Por esse motivo, verbos impessoais se flexionam exclusivamente no infinitivo e na 3ª pessoa do singular, nunca concorrendo com um sujeito(Para esclarecer)Verbo no infinitivo é o verbo no seu próprio nome: verbo amar, verbo vender, verbo brincar,etc.
São desse tipo, fundamentalmente:
Verbos meteorológicos, que exprimem fenômenos naturais (ex.: chover, trovejar, etc.);
Verbos que expressam tempo (ex.: haver e fazer);
O verbo haver, no sentido de existir (ex.: "Há resíduos tóxicos no mar").
Verbo HAVER – Este verbo, quando usado nos sentidos de “existir” ou “ocorrer”, fica sempre na 3ª do singular (o elemento em destaque é analisado como objeto direto): Aqui está a diferença da forma correta em relação aos erros cometidos:
CORRETO: EVITE:
Havia dez interessados. * Haviam dez interessados.
Aqui houve alterações. * Aqui houveram alterações.
Haverá sessões contínuas. * Haverão sessões contínuas.
Você já deve ter-se acostumado a ouvir *”haviam pessoas”, *”haverão dúvidas” — construções provavelmente inspiradas, por analogia, em “existiam pessoas” e “existirão dúvidas”, mas com certeza ficaria surpreso se soubesse o quanto se discute, entre os estudiosos, a conveniência de considerar, de uma vez por todas, o verbo haver como um verbo comum com sujeito posposto. Há bons argumentos contra e bons argumentos a favor desse “reenquadramento” de haver, e tanto um quanto o outro lado têm a defendê-los jovens e velhos gramáticos. Aqui se trata, porém, de definir um item do uso culto escrito; portanto, se você quer se sentir seguro, não invente moda e opte por deixar o verbo sempre no singular.
Verbo FAZER (e HAVER, também), indicando TEMPO DECORRIDO
CORRETO: EVITE:
Faz três meses. * Fazem três meses.
Amanhã fará dois anos. * Amanhã farão dois anos.
Fazia duas horas que esperava. * Faziam duas horas que esperava.
Havia dois dias que não comia. * Haviam dois dias que não comia.
Verbo FAZER, indicando condições metereológicas:
CORRETO: EVITE:
Fez dias belíssimos. * Fizeram dias belíssimos.
Ali fazia 40° à sombra. * Ali faziam 40° à sombra.
Verbo PASSAR DE, em expressões de tempo:
CORRETO: EVITE:
Passava das duas horas. * Passavam das duas horas.
Passa das três da tarde. * Passam das três da tarde.
Não confunda esta estrutura, que é considerada SEM SUJEITO (note que “duas horas”, “três horas”, etc., vêm precedidos da preposição DE), com o verbo PASSAR que aparece nos exemplos abaixo, em que “três horas” e “três minutos” funcionam como SUJEITO:
Passam três horas do meio-dia.
Passavam três minutos das duas. Jamais abrevie hora assim(hs) ou assim(hrs).Abreviar hora é apenas ( H).
Verbo BASTAR DE e CHEGAR DE:
Basta de reclamações (e não *bastam de)
Chega de pedidos (e não *chegam de)
Verbo TRATAR-SE DE, com referência a uma afirmação anterior.
CORRETO: Lá vêm elas. Não esqueça: trata-se das filhas do prefeito.
ERRADO: Lá vêm elas. Não esqueça: *tratam-se das filhas do prefeito.
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Para nós, brasileiros, as três frases abaixo são sinônimas(Têm o mesmo sentido em relação ao dinheiro e ao cofre,mas o emprego dos verbos é diferente)
(1) Não havia dinheiro no cofre.
(2) Não existia dinheiro no cofre.
(3) Não tinha dinheiro no cofre.
Se trocarmos dinheiro por documentos, no entanto, está armada a confusão:
(1) Não HAVIA documentos no cofre.
(2) Não EXISTIAM documentos no cofre.
A frase (3) é mais complicada, pois o uso de ter com valor existencial ainda é classificado como inadequado na língua culta formal escrita. Se quisermos assim mesmo empregá-lo, vamos ter de escolher qual dos dois modelos (o de haver, impessoal, ou o de existir) ele vai seguir. Minha intuição aponta para a primeira hipótese: “Não tinha documentos no cofre”.
Nossa Língua Portuguesa é linda, mas é complicada,não é?