Qual é o certo: endemoninhado ou endemoniado?

As duas formas existem e estão corretas.

Até o dia 31 de julho de 2015, eu não conhecia – acredite – a segunda grafia. Eu só conhecia a primeira. Para mim, somente “endemoninhado” (com NH) existia. Na tarde do dia 31 de julho de 2015, porém, lendo um livro de filosofia de Marilena Chaui, num capítulo sobre a experiência do sagrado e a religião, eu encontrei a grafia “endemoniado”. Considerei esta forma estranha. É assim que age a filosofia: estranhando a realidade, para poder investigá-la e compreendê-la. A admiração e o espanto são, segundo Platão e Aristóteles, atitudes próprias do filósofo e da filosofia. Fui aos meus dicionários. Até dicionários muito bons deixam de registrar a forma “endemoniado”, preferindo a que eu conhecia: endemoninhado. No entanto, as duas existem e são corretas, conforme o “Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa” (2009) e o “Novíssimo Aulete: dicionário contemporâneo da língua portuguesa” (2011).

Interessante é que edições pequenas do Caldas Aulete só registram a primeira forma. Três edições do Aurélio que eu tenho – em três formatos diferentes, inclusive uma edição considerada completa – só registram a primeira forma, a que eu conhecia. O “Dicionário Escolar da Academia Brasileira de Letras: língua portuguesa” (2011) só apresenta a segunda grafia, a que me era desconhecida até então. Outros dicionários, contudo, não querem nada com o demônio: não registram nem uma forma, nem a outra. Ficam longe do mal. Palmas para os dicionaristas que desejam manter distância dos endiabrados, dos demoníacos, dos travessos!

Significados:

ENDEMONINHADO ou endemoniado – Adjetivo: aquele que tem ou está com o demônio no corpo; que está possuído pelo demônio; possesso. Que pensa ou age de maneira diabólica; que ou quem é demoníaco, diabólico. Sentido figurado: que é travesso, endiabrado, traquinas; levado. Substantivo masculino: que ou quem se encontra supostamente possuído pelo demônio.

Deus me livre! Livre-nos Deus! Eu quis apenas partilhar essa descoberta. O que eu não sei é infinitamente maior do que tudo que eu sei.

Domingos Ivan Barbosa
Enviado por Domingos Ivan Barbosa em 31/07/2015
Reeditado em 31/07/2015
Código do texto: T5330294
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