A indesejável consequência de uma palavra (?) mal colocada...
Um dos (assim considerados pela P.F.) indícios fortes que ligariam a Odebrecht ao esquema de pagamento de propina aos delatores, nesse asqueroso processo do "Petrolão", foi a descoberta, pela P.F., de um e.mail que foi enviado pela Odebrecht a um dos delatores, fazendo menção a um tal "sobre-preço" na venda
de sondas de petróleo (que, em interpretação da PF - e de quem entende minimamente de Língua Portuguesa - significa "acréscimo"), que, naquele contexto (pela visão da P.F. - e nossa) indicava inclusão de propina no preço final do serviço, através desse escuso recurso (inclusão do "sobre-preço").
Obviamente que, através de seus advogados, a Odebrecht tentou contestar tal documento, atribuindo um novo significado àquela expressão ("sobre-preço), na tentativa de des-
caracterizar o delito.
Mas, como dizem os mais velhos, "mentira tem
pernas curtas" : imaginando que não pudesse ser interceptada e/ou
violada no percurso até o destinatário, o "presidentiário" (= presi-
dente + presidiário) da Odebrecht ), da prisão, enviou uma mensagem
a seu advogado onde, dentre outras sugestões de defesa de sua causa,
recomendava (aqui se justifica o título desta nossa publicação) :
"Destruir e.mail sonda" - que foi exatamente o documento mais forte
que gerou sua prisão. (Ora, não precisa ser muito inteligente para se
deduzir que, quando se pede para destruir determinado documento, é
porque ele contém algum tipo de informação comprometedora).
E, ao saber que a PF havia interceptado tal men-
sagem e que se ativera mais profundamente nessa passagem ("des-
truir" e.mail sonda"), o Sr. Marcelo Odebrecht, mais uma vez (mas,
agora, parece-nos sem chance) tentou dar um novo significado para
o verbo DESTRUIR : em sua defesa, argumenta que "destruir" não
está empregado no sentido de "dar fim" àquele documento, mas sim,
de rebatê-lo ou anulá-lo.
A quem o Sr. está querendo confundir, Sr. Ode-
brecht ? O juiz Sério Moro é, no bom sentido, "cobra criada".
Agora, "a coisa pegou", Sr. Odebrecht . Foi apa-
nhado em flagrante delito de novo. E, a partir de agora, fica ainda
mais difícil a sua defesa. Deveria ter refletido um pouco mais sobre
a inconveniência do emprego de tal verbo.
A nós, quer-nos parecer que a defesa do Sr. Odebrecht irá, nos tribunais, apresentar como argumento, "o conflito SEMÂNTICO" dos termos, até então, empregados, em suas mensagens, pela Odebrecht ("sobre-preço" - que não deveria ser entendido como "propina" - e "destruir" - que não deveria ser entendido como "desfazer-se" ou "dar fim"). Ou seja : os advogados dele vão tentar
impingir ao juiz Moro a "tentativa de desvirtuamento semântico" das
mensagens dos e.mails de seus diretores.
Percebem, amigos, a importância de um domí-
nio, pelo menos mínimo, da parte semântica de nossa Língua ?