MORREU A LÍNGUA PORTUGUESA! DICAS ESSENCIAIS
Em certo comércio de uma cidade, há uma frase que convida o cliente a entrar e fazer compras. De longe, todos podem ver e ler esta frase que se encontra na fachada do comércio: “Cliente entre Quer a econômia estar na frente”.
Que língua é essa? Não é a variedade coloquial, popular; não é a variedade culta da nossa língua. Não é Língua Portuguesa. Há cinco erros nesse slogan. Veja como a frase poderia ficar:
Cliente, entre, que a economia está na frente!
Vou mostrar os cinco erros.
1. Depois de “cliente”, a vírgula é necessária, visto que “cliente”, nesse caso, é o “vocativo” (a pessoa a quem o comerciante se dirige).
2. Depois de “entre”, outra vírgula é necessária. O que vem depois de “entre” representa uma explicação, a razão por que (pela qual) o cliente deve entrar.
3. A frase tem “quer” no lugar de “que”. A palavra “quer” existe, mas não deve estar nessa frase. O certo, pois, é "que".
4. A forma verbal “estar” só pode ser usada quando, no lugar dela, podemos usar outro verbo no infinitivo (com R no final) e o enunciado permaneça com sentido. Sendo assim, o certo, nesse caso, é usar “está”.
5. A palavra “econômia” não existe na Língua Portuguesa. O certo é “economia”. “Econômico” tem acento circunflexo, mas “economia”, não.
Podemos entender a mensagem do comércio. Aqueles que aceitam tudo dizem que o importante é ser entendido no que se diz; é haver comunicação. Todavia, eu digo que é importante não matar o nosso idioma.
Não deve haver preconceito linguístico. A variedade popular é muito importante para a nossa comunicação no dia a dia. Mas isso não é variedade popular. Como diria um professor meu: “Isso é outra coisa”. Veja um exemplo de variedade comum: “pra”, no lugar de “para”. No dia a dia, essa forma é importante. Tudo bem! No entanto, não aceitar a norma-padrão e ser contra ela, também caracteriza preconceito linguístico. Nunca vi ninguém abordando esse ponto. Ora, de ambos os lados há preconceito: da parte de quem defende a norma-padrão e da parte de quem defende a variedade popular.
Nota – Não estou fazendo uma crítica pessoal ao comerciante. Mas alerto: quem escreve (o pintor) tem o dever de escrever corretamente, ainda que o dono do comércio tenha escrito a frase incorretamente (no papel).
Defendamos a língua portuguesa!