À CUSTA DE ou ÀS CUSTAS DE? (Saiba tudo!)
Hoje, no site “dicasdiariasdeportugues.com.br”, eu li isto: “Não existe a expressão “às custas” [no plural e com acento indicador de crase]”.
O Professor Sérgio Nogueira Duarte da Silva, no livro “O português do dia-a-dia: como falar e escrever melhor”, ano 2004, na página 32, registra: “Segundo a tradição, o correto é À CUSTA DE: ‘Ela vivia À CUSTA DO pai’”.
Dad Squarisi, no livro “Dicas da Dad: português com humor”, ano 2006, na página 119, registra: “À CUSTA DE” (no singular e sem o acento indicador de crase).
Eduardo Martins, no livro (póstumo) “Os 300 erros mais comuns da língua portuguesa”, ano 2009, na página 73, registra: “CUSTAS são despesas judiciais, apenas. Por isso, Vive À CUSTA DO governo. Faz concessões À CUSTA DA honra”. Conforme esta obra, a construção “Vive ÀS CUSTAS DO governo” está errada.
Segundo essa regra, que é seguida por esses professores mencionados e pela tradição, é errado dizer ou escrever ÀS CUSTAS DE (no plural). Conforme essa regra, só existem: À CUSTA DE e CUSTAS.
À CUSTA DE significa: “1. Com sacrifício, dano, ou prejuízo de: Faz concessões À CUSTA DA honra. 2. Com o emprego, a prática ou o auxílio de; à força de, a poder de: Aquele burro só anda À CUSTA DE pancadas; Obteve o poder À CUSTA DE traições. 3. Com recursos ou dinheiro de; a expensas de: Vive À CUSTA DO sogro”. (Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, 2004)
À CUSTA DE significa, ainda: “Por meio de, graças ao uso de: Fez o trabalho À CUSTA DE ameaças”. (Aurélio Júnior: dicionário escolar da língua portuguesa, 2ª edição, 2011)
Obs.: Há um exemplo que foi registrado pelo livro de Eduardo Martins e pelo Aurélio.
A palavra CUSTAS – no plural – significa “despesas feitas em processo judicial”.
OUTRA POSIÇÃO:
Veja que não podemos, de acordo com a regra exposta acima, usar a expressão ÀS CUSTAS DE (no plural). Nem o WORD, no meu computador, aceita essa expressão. No entanto, a autoridade máxima em língua portuguesa no Brasil, a Academia Brasileira de Letras, de modo claro, registra tanto À CUSTA DE quanto ÀS CUSTAS DE. Isso se encontra no “Dicionário Escolar da Academia Brasileira de Letras: língua portuguesa”, ano 2011, exatamente na página 388. Nas escolas públicas brasileiras existe esse dicionário. Basta conferir. Veja como estão registradas essas expressões nessa obra: “Custa (cus.ta) s.f. Usada apenas na locução à (s) custa (s) de. || À (s) custa (s) de: Ao preço de, às expensas de, com o sacrifício de: Enriqueceu (à) s custa (s) do trabalho alheio”.
Como se vê, a regra que proíbe a expressão ÀS CUSTAS DE perdeu força. ÀS CUSTAS DE já encontra apoio de autoridades no uso da variedade culta da língua; já encontra aprovação.
O “Caldas Aulete: minidicionário contemporâneo da língua portuguesa”, 2011, na página 893, registra: “Vivaldino (vi.val.di.no) a.sm. Bras. Pop. Que ou quem usa esperteza para, ÀS CUSTAS DOS outros, tirar proveito de situações...” Veja que a palavra VIVALDINO é popular, mas a forma como a definição está elaborada (pelo dicionário) é culta.
O Dicionário Escolar da Academia Brasileira de Letras, na definição de VIVALDINO, registra: “... adj. Coloq. 1. Que é esperto para tirar proveito ÀS CUSTAS DOS outros”.
O “Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa”, edição completa e atualizada, 2009, registra: À CUSTA DE e ÀS CUSTAS DE.
Portanto, NÃO é erro dizer ou escrever ÀS CUSTAS DE: José vive ÀS CUSTAS DA família. Sendo assim, À CUSTA DE; ÀS CUSTAS DE e CUSTAS (tudo certo!). A palavra CUSTAS significa, como ficou supracitado, “despesas judiciais”.
Eu ainda prefiro usar a forma tradicional À CUSTA DE, para evitar dor de cabeça. No entanto, quem usa ÀS CUSTAS DE não erra.
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