O uso do pronome Cujo
Uma das sutilezas de nossa Língua Portuguesa que causa bastantes dúvidas e confusões em muitos de nós brasileiros é o pronome relativo “cujo”. Mas seu uso não é muito difícil de entender e eu tentarei fornecer uma explicação prática a partir de agora.
O pronome relativo “cujo” e suas derivações (cuja, cujos, cujas) é empregado quando falamos sobre um possuidor antes de sua coisa possuída, invertendo, portanto, a ordem natural da escrita. Vejamos passo a passo!
A ordem natural da escrita é [coisa possuída] + [preposição “de” e suas derivações (do, da, dos, das)] + [possuidor]. Exemplos:
As janelas da casa → “As janelas” = coisa possuída; “casa” = possuidor das janelas;
O nome do livro → “O nome” = coisa possuída; “livro” = possuidor do nome;
A arquitetura da cidade → “A arquitetura” = coisa possuída; “cidade” = possuidor da arquitetura;
Os cachorros do meu vizinho → “Os cachorros” = coisa possuída; “meu vizinho” = possuidor dos cachorros.
Nós podemos acrescentar informações sobre as coisas possuídas sem alterar a ordem dos enunciados apresentados. Exemplos:
As janelas da casa viviam fechadas;
Eu não lembro agora o nome do livro;
A arquitetura da cidade é predominantemente clássica;
Os cachorros do meu vizinho fazem muito barulho.
Nós ainda podemos acrescentar informações nessas mesmas orações sobre os possuidores. Então deveremos fazer a inversão, colocando-os no início das orações. Para unir os possuidores às suas respectivas coisas possuídas e suas informações, usamos o pronome “cujo” e suas derivações. A derivação do pronome “cujo” a ser utilizada é aquela que concorda com a coisa possuída. Exemplos:
A casa cujas janelas viviam sempre fechadas era muito bonita → “muito bonita” é uma informação sobre “a casa”, que é o possuidor das janelas;
O livro, cujo nome eu não lembro agora, contava uma estória intrigante → “contava uma estória intrigante” é uma informação sobre “o livro”, que é o possuidor do nome;
A cidade, cuja arquitetura é predominantemente clássica, explora bastante o turismo → “explora bastante o turismo” é uma informação sobre “a cidade”, que é o possuidor da arquitetura;
O meu vizinho cujos cachorros fazem muito barulho nunca foi simpático comigo → “nunca foi simpático comigo” é uma informação sobre “o meu vizinho”, que é o possuidor dos cachorros.
Se usarmos verbos transitivos indiretos ou adjuntos adverbiais, que, portanto, exigem preposições específicas, estas deverão ser colocadas antes do pronome “cujo” e suas derivações. Exemplos:
A casa em cujas janelas se viam luzes era muito bonita;
O livro, a cujo nome eu me referi antes, contava uma estória intrigante;
A cidade, para cuja arquitetura nossos olhares se voltaram, explora bastante o turismo;
O meu vizinho de cujos cachorros eu não gosto nunca foi simpático comigo.
É basicamente isso. Espero ter ajudado !