CRASE DESCOMPLICADA

A palavra crase é de origem grega e significa mistura ou fusão. Na língua portuguesa o fenômeno da crase ocorre na fusão de duas vogais idênticas, quase sempre resultante da contração da preposição a com o artigo feminino a ou com o a inicial de alguns pronomes demonstrativos que veremos mais adiante. A crase é identificada pela presença do acento grave (à).

Preste muita atenção nas frases a seguir:

Quem tem boca vai a Roma, mas quem deseja brincar o Carnaval, vai à Bahia.

Vou à praia quando vou a Copacabana.

Vou a Paris.

Vou à charmosa Paris.

O marinheiro foi a terra comprar cerveja.

Vou à terra dos meus pais.

Ficou confuso? Calma, tem solução.

Para saber quais os casos em que ocorrem crase, observe o seguinte: antes de ir a algum lugar, você deve voltar. VOLTAR DE _ não ocorre crase. VOLTAR DA _ usa-se crase. Então voltemos às frases:

Quem tem boca vai a Roma (volta de Roma), mas quem deseja brincar o Carnaval, vai à Bahia. (volta da Bahia)

Vou à praia (volto da praia) quando vou a Copacabana. (volto de Copacabana)

Vou a Paris. (volto de Paris)

Vou à charmosa (adjetivo) Paris. (volto da charmosa Paris)

O marinheiro foi a terra (antônimo de bordo) comprar cerveja. (voltou de terra firme)

Vou à terra dos meus pais. (voltei da terra dos meus pais)

Percebeu como é fácil?

CRASE E CASA

Cheguei a casa muito cansado.

Antes de casa= lar, a própria casa, não ocorre crase.

Vou à casa da minha ex-mulher.

Qualquer outra CASA admite crase.

Também se usa crase quando a palavra MODA estiver oculta:

Ele escreve à Machado de Assis./Filé à francesa.

Antes de nome próprio feminino o uso da crase é facultativo, todavia, é recomendável o emprego da crase para os casos em que a pessoa tenha um grau de intimidade qualquer conosco: mãe, irmã, amiga, esposa etc. Diante de nomes de pessoas estranhas ao nosso convívio ou famosas, a crase não é necessária.

Dei um presente à Maria.

Ele referiu-se a Madonna.

O uso da crase é obrigatório em àquele(s), àquela(s) e àquilo, quando substituíveis por a esse(s), a essa(s) e a isso.

A caneta pertence àquele aluno. (= a esse aluno)

Não me refiro àquilo. (= a isso)

ANTES DA HORA

A reunião será das 15h às 17h.

Obs.: quando houver outra preposição antes do “a” o emprego da crase é impossível:

Espero desde as 20h30min.

Para encerrar nossa pequena lição, não se esqueça: não ocorre crase diante de palavras masculinas.

CUIDADO COM AS ARMADILHAS

Sua tarefa é igual a ou à dele?

O correto é “sua tarefa é igual à dele” com o acento grave indicativo de crase. Aparentemente esse “a” está diante de palavra masculina (=dele) o que dispensaria o uso da crase, mas as aparências podem enganar: temos aqui a preposição “a” exigida pelo adjetivo igual (se alguma coisa é igual, é igual a outra coisa). Ou seja, sua tarefa é igual à tarefa dele. Na oração do nosso exemplo a palavra feminina tarefa vem implícita após a preposição "a".

Para confirmar a presença do artigo definido, que justifica o uso da crase, vamos substituir a palavra tarefa por outra masculina: "Seu carro é igual ao dele." Pronto!

Parabéns a ou à você?

O correto é “parabéns a você”. Você é pronome de tratamento uniforme que serve tanto para ele quanto para ela.

Até a próxima, pessoal!