ONDE x AONDE
É interessante debater conceitos, ainda mais quando se tem propriedade para versar sobre qualquer assunto concernente à língua. Eis a diferença entre quem simplesmente investiga a gramática e a reproduz, e quem é formado em Letras.
Para quem tiver interesse, o curso de Letras é bastante abrangente e muito interessante mesmo. No entanto, não pense como muitos pensam: "só passarei a aprender Gramática, quando eu fizer esse curso, não!". Mas, existem sim, propriedades que só entenderá quem realmente é formado (a) na área.
Pois bem... Recentemente eu li, do melhor reprodutor da Gramática que existe neste ambiente, um trecho de um determinado texto dele que infringi categoricamente normas gramaticais, a saber: "É um homem perdido no tempo; sem saber para ONDE ir; sem amor-próprio..." (T4992057).
Caro leitor, para que você não incorra no mesmo erro do recantista, sendo ele uma pessoa estanque e "dono da verdade", recomenda-se atentar para o seguinte:
ONDE e AONDE são advérbios usados para indicar lugares. No entanto, "AONDE" é usado para verbos que peçam tal preposição (a+onde) e mais: em orações que sugiram MOVIMENTO. Logo, está incorreto, gramaticalmente, escrever: "sem saber para ONDE ir". Certamente quando se vai, se vai a/para algum lugar; dando a ideia de movimento.
Enfatizando:
ONDE representa semanticamente estaticidade, não movimento. Logicamente é usado para determinar lugar.
Exemplos:
a) Onde está a caneta, João?;
b) Lembrei-me da casinha onde morávamos;
c) O lugar onde meu avô nasceu é industrializado;
Já AONDE, junção da preposição A com o advérbio ONDE,
aplica-se como citado acima (para orações que sugiram movimento).
Exemplos:
a) João, aonde você vai?;
b) É um homem perdido no tempo; sem saber aonde ir...;
c) Aonde você me levará?;
Sendo assim, amigo leitor, essas são as aplicações gramaticais corretas. Elas são assim (normas): limitam até quem pensa que as dominam (existem possibilidades semânticas). Espero ter ajudado no seu estudo.
Obs.: Compreenda isto, enxergue isto: língua é reflexão.
Um abraço,
Professor Daniel Silva