HOMEM EU NASCI! HOMEM EU MORREREI!

Obs.: Se você não tiver bom humor, não leia este texto! Se você não for irônico, não leia! Se você não for flexível no entendimento; se você não for rápido no raciocínio; se você não souber entender a mudança de sentido do que é dito, não leia isto! Eu poderei ser tachado até de preconceituoso e ultrapassado. Tudo dependerá do que estiver na cabeça de quem me interpretar. Este texto é sobre Língua Portuguesa, mas o conteúdo é apresentado com ironia e bom humor. Será que é mesmo bom humor? Ou mau humor? Bem, você dirá! Você vai encarar? Deixe o seu comentário, seja qual for. Eu não redarguirei. Será um prazer para mim.

Hoje, dia 18 de outubro de 2014, às 5 horas da manhã, eu acordei muito preocupado. Eu não consegui impedir o meu pensamento. Senti uma vontade irresistível de escrever alguma coisa. Eu fui ao banheiro, fiz o que devia fazer e escovei os dentes. Só isso. Nem tomei o meu primeiro banho do dia, nem o café da manhã. Obs.: Eu tomo três banhos, no mínimo, quando não está muito quente; quando o tempo está muito quente, eu tomo quatro banhos por dia. Voltei ao quarto e fui logo ao computador. Na noite anterior, eu li uma matéria sobre um desejo da Comissão de Educação do Senado: esta comissão quer que eu deixe de ser homem. É isso mesmo! Eu não fiquei maluco. São os políticos brasileiros que estão mais malucos do que antes. Quando li o texto, eu não refleti; eu já ia dormir. Eu me deitei e dormi cedo.

Afirmo que eu não vou mudar de time. Eu tenho muito orgulho de jogar no time no qual eu jogo. Ora, se existe o “orgulho gay”, por que não pode existir o orgulho hétero? É muito bom respeitar as diferenças! É um dever! É uma obrigação! Eu respeito quem é homossexual. Respeite também quem é hétero! Respeite o meu direito de ser homem! Ora, homem eu nasci! Homem eu morrerei! Por favor, não vá dizer que eu sou preconceituoso! Você pode até dizer. No entanto, eu não me oponho a quem muda de time. Por que você se opõe a mim? Eu vivo a minha vida e respeito a vida dos outros. Eu vivo e deixo viver, como canta o admirável padre Zezinho. O importante é cada um participar de um time. Eu já tenho o meu. Fique com o seu! Qual é o problema? Isso é preconceito? Daqui a algum tempo, ninguém mais poderá dizer que é homem. Será uma expressão preconceituosa.

Um ex-professor meu, na oitava série – hoje, colega de trabalho, não na mesma escola – diante de brincadeiras de certo aluno, dizia: “Você pode me chamar do que você quiser, só não pode é dizer que eu não sou homem. Se você disser que eu não sou homem, nós vamos acertar as contas lá fora”. É isso, meu amigo professor! Estamos no mesmo time! Eu, também, nasci homem e quero morrer homem. Não quero e não vou mudar de time. No entanto, o Senado Federal quer que deixemos de ser homens. Será que meu ex-professor vai mudar de time? E você, leitor, o que diz?

Antes de iniciar a elaboração deste texto, eu consultei alguns dicionários, para ver a origem da palavra homem. Eu só falo e só escrevo muito bem fundamentado. Eu sei o que eu digo e por que (razão) o digo. Encontrei esta origem: do latim: “homo, inis ‘homem, indivíduo, ser humano’, a partir do acusativo homine (m)” (Houaiss). O Aurélio registra: do latim: “homine”. O Caldas Aulete: do latim: “homo, inis”. Bem, vou parar de citar!

É certo que as palavras mudam. Tudo depende dos interesses dos poderosos envolvidos. Não há uma explicação lógica para certas mudanças na Língua.

A Nova Ortografia começou a vigorar em 2009 – a presidente Dilma prorrogou o prazo para que as pessoas se adaptem – e a Comissão de Educação do Senado já “quer alterar a ortografia no Brasil, por meio de um novo projeto de lei a ser apresentado em meados de 2015” (Língua Portuguesa, p. 41). O projeto é de autoria do presidente da Comissão de Educação, senador Cyro Miranda, do PSDB-GO. Essa comissão “formou um grupo técnico de trabalho, coordenado por Ernani Pimentel” e pelo Professor e escritor “Pasquale Cipro Neto, que reúne sugestões de alterações ortográficas por meio do site Simplificando a Ortografia. A ideia é facilitar o ensino e a aprendizagem da escrita, reduzindo o número de regras” (Língua Portuguesa, p. 41)

De acordo com essa proposta, não haverá mais a letra H no início de palavras. O dígrafo CH passará a ser escrito X. Veja como ficariam certas palavras: no lugar de “analisar”: “analizar”; em vez de “base”: “baze”; “blusa” ficará “bluza”; “Brasília” se tornará “Brazília”; em vez de “chá”: “xá”. Trocaremos “chave” por “xave”;

Veja, agora, a proposta de mudança em outras palavras! Hoje, as palavras seguintes são escritas assim:

Exemplo, êxito, exigente, exame, existir, HOMEM, humor, guerra, guitarra, macho, música, meses, deuses, pegajoso.

Se essa ABSURDA PROPOSTA for aceita, as mesmas palavras serão escritas assim:

Ezemplo, êzito, ezigente, ezame, ezistir, OMEM, umor, gerra, gitarra, maxo, múzica, mezes, deuzes, pegajozo.

Ainda hoje, o Professor Pasquale Cipro Neto escreve “dia-a-dia” (com hífen), manifestando oposição às últimas mudanças. Isso está em livros dele. Hoje, a palavra mencionada é escrita assim: “dia a dia” (sem hífen). Se esse respeitável professor participar dessa loucura (da loucura da nova mudança), eu queimarei os 7 (sete) livros dele que eu tenho em casa. Se ele não aceita a mudança da palavra “dia-a-dia” para “dia a dia”, por que vai aceitar a mudança em HOMEM, visto que, na origem, esta palavra é escrita com H?

O parlamentar supracitado quer colocar esse louco projeto em discussão até maio de 2015, mediante videoconferências, nas quais estarão presentes linguistas de Portugal, Angola, Moçambique e Cabo Verde. Posteriormente, esse projeto louco poderá entrar na agenda do Senado.

Por enquanto, essas mudanças loucas não ocorreram. Será que isso vai pegar? Eu não sou contra mudanças, mas não sou a favor de mudanças loucas. Bem, isso é o que eu penso. Cada pessoa é livre para pensar e defender o que quiser. Você pode pensar e defender o contrário do que eu penso e defendo.

Vou parar por aqui. Se essas propostas malucas forem aceitas, eu escreverei muitos artigos sobre isso; todos muito bem alicerçados.

Aconteça o que acontecer, para me referir a mim mesmo, eu continuarei escrevendo a palavra “homem”, com “h”. Muitos dizem que são homens com H (maiúsculo rs). Isso, porém, é outra história!

Obs.: Sobre essa possível nova mudança, se você quiser e puder conferir, leia a revista “LÍNGUA portuguesa”, ano 9, número 107, setembro de 2014, página 41.

Agora, após ter escrito este texto, eu posso tomar o meu banho e tomar o meu café. Na verdade, desde os meus oito anos de idade que eu não tomo café. A minha mãe me proibiu. Vou tomar o meu leite com um bolo de milho. Eu gosto muito de leite. É muito bom um bolo de milho! Você está servido?

Domingos Ivan Barbosa
Enviado por Domingos Ivan Barbosa em 18/10/2014
Reeditado em 18/10/2014
Código do texto: T5003248
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