VERSOS LIVRES E BRANCOS
Obs.: O maior obstáculo que um professor encontra e que deve ser arrostado é a ignorância. É por causa da ignorância que existe professor. O trabalho é árduo, mas vale a pena dedicar-se a esse trabalho. Não é fácil exercer o mister de ensinar. Ora, quem ensina deve estar constantemente aprendendo. É por não ser fácil que eu me sinto desafiado a ser professor.
VERSOS LIVRES:
Domingos Paschoal Cegalla: “Verso livre é o que não obedece aos preceitos da versificação tradicional, mormente no que tange à métrica e ao ritmo. Não se subordina ao número fixo de sílabas nem à regular distribuição dos acentos tônicos... Em compensação, por ser mais espontâneo e livre de artifícios, o verso moderno não freia tanto a imaginação criadora do poeta... O verso livre foi introduzido em nossa literatura pelos poetas modernistas, tendo sido cultivado mais intensamente após a Semana de Arte Moderna (1922)”. (Novíssima Gramática da Língua Portuguesa, 48ª edição, ano 2008)
Mário Quintana, por exemplo, escreveu versos livres. Vejamos:
Cântico
O vento verga as árvores, o vento clamoroso da aurora...
Tu vens precedida pelos voos altos,
Pela marcha lenta das nuvens.
Tu vens do mar, comandando as frotas do Descobrimento!
Minh'alma é trêmula da revoada dos Arcanjos.
Eu escancaro amplamente as janelas.
Tu vens montada no claro touro da aurora.
Os clarins de ouro dos teus cabelos na luz!
Evanildo Bechara registra: “O verso de ritmo livre exige do poeta uma realização tão completa quanto o verso regular”. (Moderna Gramática Portuguesa, 37ª edição, ano 2009)
Sobre o verso livre, eis o que disse Manuel Bandeira, um dos maiores poetas brasileiros: “À primeira vista, parece mais fácil de fazer do que o verso metrificado. Mas é engano. Basta dizer que no verso livre o poeta tem de criar o seu ritmo sem auxílio de fora. É como o sujeito que solto no recesso da floresta deva achar o seu caminho e sem bússola, sem vozes que de longe o orientem, sem os grãozinhos de feijão da história de João e Maria”. (Citação feita por Evanildo Bechara, na obra supracitada)
Ressalto: a segunda fase da escrita de Manuel Bandeira é caracterizada pela utilização do verso livre e do verso branco, além de unir os gêneros lírico, épico e dramático etc.
VERSOS BRANCOS:
Domingos Paschoal Cegalla: “Chamam-se versos brancos ou soltos os versos sem rima. Entre os poemas compostos em versos brancos, citam-se o Cântico do Calvário, de Fagundes Varela, e Palavras ao Mar, de Vicente de Carvalho”. (Novíssima Gramática da Língua Portuguesa, 48ª edição, ano 2008)
Sendo assim, não há erro quando eu escrevo os meus poemas, que são obras em versos livres. A poesia é forma que temos para expressar o sublime. As minhas obras poéticas procuram retratar a vida, os sentimentos humanos, as dores, a alegria, a tristeza. Os meus poemas falam sobre Deus, a fé, a religião (ligação do homem com Deus), o mundo, a sociedade. Eu não me deixo prender pela métrica. Os meus versos são livres. Isso é permitido pela literatura, como muito bem eu mostrei.