José Carlos de Almeida
Quem tem o costume de ler José Carlos de Almeida há-de ter notado que na sua pena ocorrem poucas transgressões às normas gramaticais. Sei que ele é zeloso por sua pena e corrige-se, quando não acerta. Por isso, este post não tem outro propósito senão o de colaborar com ele. Na pág. 46 do seu livro Ensaboado & Enxaguado – Língua Portu-guesa & Etiqueta lê-se isto:
«Venho aí ‘’não faz sentido’’. Não é português. Também não é chinês. É lixo! É desco-nhecimento da língua! (…)»
«É certo que tenho raiva, sabendo que a língua portuguesa não é manca, nem aleijada, ver que a façam andar em muletas os que a haviam de tratar melhor.» (Rodrigues Lobo, Corte na Aldeia, 1619).
E, neste caso, José Carlos de Almeida faz a língua andar em muletas, em vez de a tratar melhor. Sim, porque ele usa a expressão «não faz sentido» nas págs. 46, 48, 75, 98, 110, 132, etc., do seu livro Ensaboado & Enxaguado – Língua Portuguesa & Etiqueta.
A esse respeito, deixo a opinião de Ana Martins (artigo publicado no semanário Sol de 10 de Janeiro de 2009, na sua coluna Ver como Se Diz):
A expressão «não faz sentido», a par de outras equivalentes como «não tem lógica», «não bate certo», é completamente vazia e, por isso, tanto se presta a defender como a refutar um argumento, seja ele de que natureza for. Por outro lado, porque se apresenta escorada no mais sólido bom senso, tem o efeito de fazer calar o interlocutor.
Donde que conclui a que as expressões «não faz sentido», «não tem lógica» e «não bate certo» não podem ser defendidas, com mais ou menos razões.