Acordo ortográfico e uso do hífen: como e quando usar

O Acordo Ortográfico alterou não muitas mas sim poucas coisas no modo como nós, brasileiros, grafamos as palavras. Mas se tivéssemos de eleger um tema dentro da reforma que causou ou causa muito medo nas pessoas, com certeza elegeríamos o uso do hífen como o grande bicho-papão. Afinal, quem é que sabe de todas as regras? Talvez nem mesmo os ortógrafos as conheçam. Por isso, aqui neste texto, falarei do essencial sobre o assunto, isto é, das duas regras básicas que, se dominadas, poderão nos ajudar em boa parte dos casos. Na verdade, em quase todos os casos. Isso mesmo, em quase todos os casos.

Então, vamos ao que é o principal, ao essencial da coisa. Você deve, em primeiro lugar, prestar atenção em todos os prefixos (aquelas partículas de significação que antepomos aos radicais para alterar o significado das palavras) e fazer uma simples análise. Por exemplo, nos casos dos prefixos "anti", de anti-inflamatório, "neo", de neorrepublicano, "super", de supermercado, "hiper", de hiperatencioso e "multi" de multirracial há algumas regrinhas básicas: todas as vezes que um prefixo se ligar a uma palavra que começa com "h" haverá hífen. Exemplos: "anti-higiênico" e "anti-horário". Nestas palavras, o prefixo liga-se obrigatoriamente ao radical por meio de hífen porque o radical começa com a letra "h". Essa é a primeira regrinha básica: se houver "h" no início do radical coloca-se hífen.

O outro caso, também de fácil memorização, funciona assim: todas as vezes que a letra final do prefixo for igual à letra inicial do radical a que se liga haverá hífen. Exemplos: "micro-ondas", "micro-ônibus", "inter-regional" e "anti-inflamatório". Ou seja, nestes casos o prefixo termina com uma letra igual a inicial dos radicais e, quando isso ocorre, o hífen é obrigatório. Cuidado, porém, com casos como os da palavra "antiamericano". Aqui, o prefixo termina com a letra "i" e a palavra que segue inicia-se com um "a". O mesmo acontece, também, com a palavra "multirracial", em que o prefixo finaliza-se com "i" e a palavra que segue inicia-se com "r". Observe, no entanto, que, nesta última situação, a consoante dobra, isto é, deve-se empregar dois "r". O mesmo pode ser observado na palavra "antessala".

Se você seguir as duas regrinhas aqui apresentadas, não terá tantas surpresas com a descobrir a correta grafia das palavras. Contudo, é claro que lembrar-se das regras, na hora de escrever a redação para o exame vestibular, por exemplo, é muito difícil e complicado. Por isso, duas dicas: leia sempre e muito, porque a nossa "memória visual" (o "famoso" ato de decorar, tão criticado pela pedagogia moderna mas que, no fundo, ainda tem suas importâncias) faz-se muito importante na hora da escrita. Além disso, o dicionário faz um bem danado. Ninguém perde por sempre consultá-lo e fazer dele um grande amigo.

De modo muito resumido, essas são as regras que mais derrubam os nossos escritores, alunos, vestibulandos, etc. Os remédios para esse mal são dois: leitura e consulta ao dicionário. É isso aí. Boa sorte!

Prof. Walan