Redundâncias

A Copa do Mundo acabou para nós brasileiros. O sete a um imposto a nós, sem nenhuma misericórdia, pelos alemães, enterrou de vez o nosso sonho pelo hexa campeonato. Infelizmente, o que nos sobrou foi somente uma pobre disputa por terceiro lugar, confronto marcado para sábado agora contra a também derrotada Holanda. O jogo dos derrotados!

Mas além da vergonha pela qual tivemos de passar, aos olhos de todo o planeta ao enfrentar a seleção germânica, outra questão me chamou muito a atenção durante esta Copa. Em cada um dos jogos de nossa e de outras seleções, percebi, em mais de uma oportunidade, os locutores – tanto da Rede Globo de Televisão como da TV Bandeirantes – dizerem, vez e outra, quando um dos times chegava ao ataque: “Entrou dentro da área e bateu pra fora!”, “Entrou dentro da área e foi desarmado pelo zagueiro”, “Entrou dentro da área e chutou pra longe do gol”, etc., etc., etc.

Ora, todos sabemos de uma coisa simples: quem entre entra em algum lugar, não havendo, portanto, a necessidade de dizer que “fulano entrou dentro de”. Alguém conseguiria a proeza de entrar para fora?! Acho que não! Esse é um clássico caso de redundância, algo que os gramáticos e professores de língua portuguesa condenam.

Mas não fica só nisso não. Dia desses, em visita à casa de uma de minhas tias, vi um texto da igreja que ela frequenta (a Igreja Internacional da Graça de Deus – IIGD) e, lá pelas tantas, durante a leitura, li o seguinte: “é o elo de ligação”. Gente, todos sabemos que um “elo” nada mais é do que aquilo que liga. Se o elo é algo que liga uma coisa à outra, não existe a necessidade de se dizer “elo de ligação”, bastando dizer somente “elo”. Por isso, prefira sempre dizer o seguinte: “há um elo entre mim e ela”, “há um elo entre as partes” e “os elos existentes entre eles são fortes” a dizer, por exemplo, “há um elo de ligação entre mim e ela”, “há um elo de ligação entre as partes” e “os elos de ligação existentes entre eles são fortes”.

Infelizmente a redundância é um tema muito delicado e de difícil percepção. Aqui, talvez, os exemplos dados sejam de certa forma já batidos e, quem sabe, façam parte do conhecimento das pessoas, ou de pelo menos boa parte delas. No entanto – há de se lembrar – muitos ainda caem em casos como esses aqui lembrados.

Muito cuidado, portanto, na hora de escrever (e também de falar, por que não?). Nada de “entrar para dentro” nem “elo de ligação”. A gente entra na área, no carro, no mercado, enfim; não entramos dentro da área, dentro do carro e/ou dentro do mercado. Da mesmo maneira, não temos um “elo de ligação” com algumas pessoas que nos são importantes. Basta ter com elas um elo. Por isso, seja na igreja ou na televisão, vamos falar e escrever, por favor, sem redundância (ou redundâncias)! Simples assim.

Prof. Walan Araujo