Comentar “sobre”
Não existe essa regência na norma culta. Quem comenta, comenta alguma coisa. Às vezes, comenta alguma coisa com alguém. E só:
Os leitores comentaram esse texto de Sacconi por vários dias.
Alguém que frequentou direitinho a escola, mesmo somente até o ensino médio, errará na regência desse verbo? Queria acreditar que não. Mas vejam o que escreveu um dos nossos recantistas:
-COMENTANDO SOBRE "será assim tão fácil detectar a pequena imperfeição gramatical em...(?)"
Pra que o “sobre”?
Recantista, admiro-lhe a pena, admiro-lhe o sarcasmo, admiro-lhe a cultura, mas essa regência não existe no português. O fa(c)to de o senhor usar mil vezes “comentar sobre” em todos os seus “posts”não chega a ser comentar alguma coisa (ou alguma coisa com alguém), mas… que tal não abusar?
Em vez de escreverem assim, por que certos recantistas não voltam aos bancos escolares?
Quem conhece a estrutura da língua jamais constrói dessa forma. Ou seja, quem aprendeu a fazer análise sintá(c)tica, não escreve assim. Como nas escolas brasileiras já não se ensina análise sintática (“é coisa do passado”, como querem os artistas vanguardistas da Educação desse país), o erro aparece constantemente nos textos dos nossos recantistas e leitores, porque alguns autores e leitores brasileiros de hoje, ao ver-se como escrevem neste espaço cultural, não aprenderam a fazer análise sintá(c)tica.