O artigo OS
Os políticos são desonestos.
Os padres são pedófilos.
Estas frases estão gramaticalmente corretas. Entretanto, devem ser modificadas, visto que não expressam a verdade. Certamente, há políticos honestos, ainda que sejam poucos. Indubitavelmente, há padres que NÃO são pedófilos.
O artigo OS, nestes casos, diz que todos os políticos são desonestos; que todos os padres são pedófilos. Essas generalizações são indevidas e injustas.
Com a modificação, os enunciados poderão ficar assim:
Muitos políticos são desonestos.
Há políticos desonestos.
Muitos padres são pedófilos.
Há padres pedófilos.
Agora, sim, há correção, clareza e verdade nos enunciados.
Um professor de português escreve:
“Segundo recomendam OS estudiosos e OS clássicos...”
Gramaticalmente, a frase está correta. No entanto, esse enunciado não é verdadeiro, visto que há estudiosos do idioma afirmando o contrário do que diz esse professor.
O artigo OS afirma que todos os estudiosos fazem a recomendação, o que não é verdade.
Sendo assim, a verdade exige que se diga: Segundo recomendam estudiosos do idioma...
Neste caso, temos uma assertiva gramaticalmente correta, clara e verdadeira.
Pode ser: Segundo recomendam alguns ou muitos estudiosos...
O mesmo professor:
“Segundo ensinam OS estudiosos do idioma...”
Esta frase está gramaticalmente correta. No entanto, a afirmação contém uma falta de verdade. A afirmação não é verdadeira, visto que não são "os estudiosos" (todos os estudiosos) que nos ensinam o que diz esse professor.
O enunciado, para ser verdadeiro, deve ficar assim: Segundo ensinam estudiosos...
Pode ser: Segundo ensinam alguns estudiosos; muitos estudiosos...
Talvez a intenção do professor seja boa. No entanto, ele falha. Ele não deve usar o artigo OS nestes casos.
Sobre este assunto, Dad Squarisi afirma: “Ao afirmar ‘Os alunos do Estadual foram reprovados’, o falante engloba toda a meninada do colégio. Se não são todos, o ozinho não tem vez: Alunos do Estadual foram reprovados”. (Mais Dicas da Dad: português com humor, 2003)
O bom uso da língua é aquele em que dizemos com clareza, correção e verdade o que queremos dizer. A Língua Portuguesa exige cuidado, muito cuidado. Os artigos precisam ser bem empregados.
“Eu sempre tive um enorme desejo de aprender a diferenciar o verdadeiro do falso, para ver claramente minhas ações e caminhar com segurança nesta vida.” (René Descartes, filósofo francês)
Pronuncia-se: Renê De(ê)carte. Um professor de Filosofia disse que a pronúncia é Renê De(ê)cár. Eu, no entanto, prefiro a primeira, visto que, num ambiente que eu frequentei, é a pronúncia mais divulgada e usada. Entretanto, alerto: só não pronuncie como se escreve. A pronúncia seria esquisita.
É isso!
Muito cuidado com o artigo!