O tratamento é da terceira pessoa
A troca de tratamento num mesmo texto é reprovada nas escolas, todos os professores responsáveis sabem disso; todos os alunos aprendem isso. Imaginem, agora, a quantas anda a cultura da nossa língua entre a juventude, reparando como me trata uma leitora amiga:
«VOCÊ é, a meu ver, Littera Lu, um cuidador do idioma. Ora, em sendo assim, PROCURE escrever sobre a língua nas redes sociais. Sim, porque a internet não nos dá a liberdade de escrevermos como quisemos. Escreva sobre isso. SUA escrevaninha será ainda mais visitada.»
Notaram? O tratamento é da terceira pessoa (você, procure, sua). Mas a leitora termina o texto assim:
«TUA didática, embora quase preconceituosa, resolve rapidamente minhas dúvidas. Se eu não dirimir minha dúvida aqui, TU ESTÁS pronto a me responder e, no próximo post, incluir meu caso nele».
Notaram? TUA não é tratamento da terceira pessoa, usado em todo o texto, mas da SEGUNDA pessoa. Seria útil que ela explicasse por que lá usou SUA e aqui, “tua”. Muitos querem saber, imagino.
Essa leitora ignora completamente o tratamento, a ver-se pelo texto em causa, a mim enviado, na qual ora se trata por VOCÊ, ora se trata por “tu”.
No primeiro paragráfo ela usa o tratamento da terceira pessoa, corre[c]tamente, mas no segundo, ela se perde, usando o tratamento da segunda pessoa.
Porquê, não sei. É um mistério...