Negligência no cumprimento do obrigatório ponto na grafia dos ordinais

Em dezembro, vendo a Globo News, o apresentador dava as suas manchetes e, numa delas, apareceu a legenda:

Abrir uma franquia com o “13º”

Qual não foi minha surpresa quando, ao ler o post de famosa recantista e professora, deparei ainda isto:

Verbos no pretérito perfeito do indicativo – “2ª” pessoa do singular; “2ª” pessoa do plural

O ministério dos Assuntos Parlamentares faz anúncios nos principais jornais do país esta semana, desta forma:

Para Saudar o "4º" Aniversário da Promulgação da Constituição da República de Angola, por Sua Excelência O Presidente ´

ENGº JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS

O MINISTÉRIO DOS ASSUNTOS PARLAMENTARES e a FEDERAÇÃO ANGOLANA DE ATLETISMO, Realizam:

"1º" GRANDE PRÉMIO

10 KM DA VITÓRIA

A CORRIDA DOS VENCEDORES

Qualquer abreviatura, como é o caso, obriga a levar o sinal respe[c]tivo, o ponto:«1.ª, 2.ª e 3.ª conjugações» [Nova Gramática do Português Contemporâneo, edições João Sá da Costa, pág. 402].

Não pôr ponto nestes casos – como cada vez mais é prática negligente nos meios de comunicação social –, para além do desrespeito às normas inerentes a qualquer língua minimamente prezada, dá lugar a todas as ambiguidades. Por exemplo, 2º não é a mesma coisa que 2.º, pois 2º pode ser interpretado como dois levantado a zero, isto é, um.

O ponto é indispensável nas palavras abreviadas, significando que alguma coisa foi retirada. Por exemplo, na abreviatura Eng., o ponto significa que foram retiradas as letras 'enheiro'; e, numa possível abreviatura Eng.º, que foram retiradas as letras intermédias 'enheir'. Logo, não faz sentido inscrever o ponto depois do índice superior, pois que a supressão de letras é anterior.

É esta a regra que se aplica ao caso dos ordinais.

(Vide José Mário Costa, “2 º não é a mesma coisa que 2.º”.)

Littera Lu
Enviado por Littera Lu em 28/01/2014
Reeditado em 11/02/2014
Código do texto: T4668207
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