Domingos Ivan: Há LIVROS ESCOLARES, DICIONÁRIOS, GRAMÁTICAS e CÓDIGO DE DIREITO CANÓ[Ô]NICO que bem precisavam de uma revisão mais cuidada nesse pormenor da sistemática falta do ponto na abreviatura do ordinal…

É pena que, neste espaço literário, eu não possa comentar e reproduzir um interessante texto de licenciado, que mais me parece licenciado em Eletricidade, do que licenciado em Letras.

Vejamos em resumo as observações de licenciado e verei também se, em resumo, conforme a estreiteza do espaço, posso contestar ou aceitar essas observações.

Tudo isto se vê que é sincero, ponderado e revelador das melhores intenções e de uma tal ou qual cultura literária. E como além destas razões, licenciado discorre com muita gente boa, vale talvez a pena quedarmo-nos um pouco , a observar o que ele observa.

E sigamos a mesma ordem:

1.º «Um estudioso da língua portuguesa, de origem lusófona, recentemente, fez uma crítica a um texto no qual eu falo sobre o “etc.” antecedido ou não por vírgula. No texto, baseado em obras de credibilidade, em dicionaristas e gramáticos respeitáveis, eu afirmo que a pessoa escolhe usar ou não a vírgula antes de “etc.” Imediatamente, eu elaborei e publiquei outro texto que confirma o que eu disse anteriormente».

2.º«Lembro que, há algum tempo, eu expliquei esse assunto. No dia 16 de dezembro de 2013, eu recebi outra crítica dessa mesma pessoa. Esta diz SER INCORRETO escrever: 1ª PARTE; 2ª PARTE; 2º. Ele afirma que: 1.ª PARTE, 2.ª PARTE e 2.º são as formas corretas. O ponto, segundo o autor da crítica, é necessário. Além disso, o jovem diz que as minhas citações poderiam ser de qualquer autor do Recanto das Letras. Segundo essa pessoa, os autores do Recanto das Letras erram no mesmo aspecto».

3.º«Dignamente, sem querer continuar este assunto depois, eu digo que NÃO HÁ ERRO NAS MINHAS CITAÇÕES. Em que me fundamento para fazer essa afirmação? O leitor julgará a minha postura, que não é algo individual. Vejamos!»

4.º«José Almir Fontella Dornelles, na obra “A Gramática do Concursando”, 2009, nas páginas 139 e 140, registra: “VERBOS DEFECTIVOS ... 1º GRUPO ... 1ª e 2ª pessoas do plural ... 2º GRUPO.... 3º GRUPO ... ”»

5.º«No “Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa”, 2009, 1ª edição, veja a página XLI, sobre o “Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa”: “.... 1º .... 2º .... 3º ... 4º ... 5º”. Veja as páginas XLII, XLIII, XLIV, XLV».

6.º«Ah! Veja, no início do Dicionário, isto: “1ª edição”».

7.º«Veja o “Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa”, 2004, nas páginas XVI e XVII (Sobre o Formulário Ortográfico): “... 1º .... 2º ... 3º ... 4º ... 5º ... 6º ...7º ... 8º ... Observação 1ª; Observação 2ª; Observação 3ª; Observação 4ª; Observação 5ª; Observação 6ª”».

8.º«Veja o “Código de Direito Canônico”, Edições Loyola, São Paulo, 2001, na página 30: “...1º ... 2º ... 3º ... 4º ...” Pode ver outras páginas!».

9.º«Veja o “Código Civil”, Editora Rideel, 2004! Veja os primeiros artigos!»

Domingos Ivan:

O ponto é indispensável nas palavras abreviadas, significando que alguma coisa foi retirada. Por exemplo, na abreviatura Eng., o ponto significa que foram retiradas as letras 'enheiro'; e, numa possível abreviatura Eng.º, que foram retiradas as letras intermédias 'enheir'. Logo, não faz sentido inscrever o ponto depois do índice superior, pois que a supressão de letras é anterior.

É esta a regra que se aplica ao caso dos ordinais.

Por exemplo, em 2.º, o ponto significa que o cardinal se deve ler 'segundo', com a terminação da palavra em índice superior (que podia ser a, de segunda). Esta é a lógica.

É essa a lógica que segue Guilherme de Almeida na obra de referência, Sistema Internacional de Unidades (SI). No capítulo "1 Indicações Gerais", estão ao longo do texto grafados os exemplos: 9.ª, 11.ª, 1.º, 4.º 2.º, sempre com ponto antes do índice elevado.

Nos nomes de terras e países a grafia indistinta do São e do S. (ou do Sant'), como acontece com os nomes de santos, não é aceitável. Por isso, se escreve São Sebastião da Pedreira (e não "S." Sebastião da Pedreira), São Domingos de Rana (e não "S." Domingos de Rana), São Luís do Maranhão (e não "S." Luís do Maranhão), São Marinho (e não "S." Marinho), etc., etc..

Reconhecendo o erro em que laborava, depois do apontamento acima escrito, o jornal semanal português "Expresso" passou a grafar corre(c)tamente a abreviação da numeração ordinal. «Ex-1.ºministro poderá viver em Monsanto», «...Portugal está a meio da tabela, com a 12.ª taxa de desemprego da UE» - são alguns (bons) exemplos colhidos na edição de 5 de Março de 2005. Louve-se, pois, o regresso à matriz de qualidade e rigor do mais influente jornal português. Só falta mesmo que os restantes jornais portugueses afinem pelo mesmo diapasão. Ah!, e, já agora, senhoras e senhores professores, especialmente de Português, há livros escolares que bem precisavam de uma revisão mais cuidada nesse pormenor da sistemática falta do ponto na abreviatura do ordinal…

[Obrigatório é, tão-só, o ponto a seguir ao algarismo (1., 12., etc.). Se, eventualmente, por razões estéticas, se quiser sublinhar o º em índice elevado, proceda-se então da seguinte forma para a devida inserção, no programa de texto Word: 1) Vai-se ao menu Formatar/Format; 2) Na opção Fonte/Font (ou, noutros sistemas operativos, no Tipo de Letra) escolha-se a fonte Microsoft Sans Serif e sele(c)cione-se o símbolo º. Fica, então, sublinhado o º em índice elevado.]

REFERÊNCIAS BIBILOGRÁFICAS:

COSTA, JOSÉ MÁRIO, "2 º não é a mesma coisa que 2.º", CIBERDÚVIDAS DA LÍNGUA PORTUGUESA, PÁGINA CONSULTADA EM 16.12.2013.

DICIONÁRIO DA PORTO DE EDITORA, 2010.

AFONSO, AIDA JORGE, "TODA ABREVIATURA TERMINA EM PONTO?", GRÁFICA BEST SELLER, 2011, P. 45.