1ª PARTE, 2ª PARTE; 1º LUGAR, 2º LUGAR (Tudo certo!)
Um estudioso da língua portuguesa, de origem lusófona, recentemente, fez uma crítica a um texto no qual eu falo sobre o “etc.” antecedido ou não por vírgula. No texto, baseado em obras de credibilidade, em dicionaristas e gramáticos respeitáveis, eu afirmo que a pessoa escolhe usar ou não a vírgula antes de “etc.” Imediatamente, eu elaborei e publiquei outro texto que confirma o que eu disse anteriormente.
Lembro que, há algum tempo, eu expliquei esse assunto. No dia 16 de dezembro de 2013, eu recebi outra crítica dessa mesma pessoa. Esta diz SER INCORRETO escrever: 1ª PARTE; 2ª PARTE; 2º. Ele afirma que: 1.ª PARTE, 2.ª PARTE e 2.º são as formas corretas. O ponto, segundo o autor da crítica, é necessário. Além disso, o jovem diz que as minhas citações poderiam ser de qualquer autor do Recanto das Letras. Segundo essa pessoa, os autores do Recanto das Letras erram no mesmo aspecto.
Dignamente, sem querer continuar este assunto depois, eu digo que NÃO HÁ ERRO NAS MINHAS CITAÇÕES. Em que me fundamento para fazer essa afirmação? O leitor julgará a minha postura, que não é algo individual. Vejamos!
José Almir Fontella Dornelles, na obra “A Gramática do Concursando”, 2009, nas páginas 139 e 140, registra: “VERBOS DEFECTIVOS ... 1º GRUPO ... 1ª e 2ª pessoas do plural ... 2º GRUPO.... 3º GRUPO ... ”
No “Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa”, 2009, 1ª edição, veja a página XLI, sobre o “Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa”: “.... 1º .... 2º .... 3º ... 4º ... 5º”. Veja as páginas XLII, XLIII, XLIV, XLV.
Ah! Veja, no início do Dicionário, isto: “1ª edição”.
Veja o “Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa”, 2004, nas páginas XVI e XVII (Sobre o Formulário Ortográfico): “... 1º .... 2º ... 3º ... 4º ... 5º ... 6º ...7º ... 8º ... Observação 1ª; Observação 2ª; Observação 3ª; Observação 4ª; Observação 5ª; Observação 6ª”.
Veja mais!
Veja o “Código de Direito Canônico”, Edições Loyola, São Paulo, 2001, na página 30: “...1º ... 2º ... 3º ... 4º ...” Pode ver outras páginas!
Veja o “Código Civil”, Editora Rideel, 2004! Veja os primeiros artigos!
No computador, há uma tecla que, pressionada ao mesmo tempo que outras duas teclas, realiza a função a que eu me refiro. Há uma forma interessante de dizer: artigo primeiro, segundo, terceiro... Basta conferir!
Muitos dicionários brasileiros atualizados, na capa, apresentam: “6º ao 9º Ano”. Esses dicionários estão sendo enviados às escolas públicas do Brasil. Neles, nada de ponto na indicação dos numerais ordinais!
Que dicionários são esses?
Vejamos alguns!
“Saraiva Jovem: dicionário da língua portuguesa”, 2010.
“Caldas Aulete: minidicionário contemporâneo da língua portuguesa”, 3ª edição, 2011.
“Dicionário Didático de Língua Portuguesa”, 2011.
“Dicionário Escolar da Língua Portuguesa”, 2011, elaborado pela Academia Brasileira de Letras.
Observação: LUIZ ANTONIO SACCONI, na obra “Nossa Gramática Contemporânea: teoria e prática”, Escala Educacional, na página 134, nos exercícios, registra: “80.º”; “70.º”; “60.º”
Isso mesmo! Pode ser assim também! Observou o ponto? Sim!
Você pode escrever: 1.ª parte, 2.ª parte; 1.º lugar, 2.º lugar. Não há problema! Pode escrever também sem ponto! Não há problema! Como diz Dad Squarisi: “A língua é um sistema de possibilidades. Tem jeitos diferentes de dizer a mesma coisa”.
O “Caldas Aulete: dicionário escolar da língua portuguesa: ilustrado com a turma do Sítio do Pica-Pau Amarelo” (2º ao 5º Ano), 2011, na página 337, registra: “Ordinal... 1. Dizemos que é ORDINAL o número que indica a colocação de pessoas ou coisas em uma série: 1º é um número ORDINAL. 2... [Usam-se também como substantivos: 1º e ‘primeiro’ são ORDINAIS.]...”
Veja a ausência do ponto em “1º”, no parágrafo acima.
Para concluir, eu deixo um alerta aos estudantes de letras e às pessoas formadas nessa brilhante área; aos amantes e estudiosos da língua portuguesa; aos usuários da nossa língua:
Nunca se prendam a um gramático, a um estudioso do idioma! Nunca se deixem conduzir pelos ensinamentos de um, dois ou três gramáticos. A língua portuguesa é muito mais do que um, dois ou três estudiosos.
Não sejam precipitados em aceitarem aquilo que se opõe muito a outro ou outros. Não sabemos quais são as motivações e intenções de quem escreve, nem sabemos dos problemas por que passam determinadas pessoas. Cada pessoa tem uma história. O que será que fulano deseja?
Não elogiem rapidamente! Nem critiquem facilmente!
Não aceitem ensinamentos, sem antes, conhecer bem quem ensina. Não se deixem levar por ideologias! Isso é possível? Eis um desafio!
Nunca fiquem presos aos ensinamentos recebidos no passado. Como diz uma frase de Isaac Leibusch Poretz, numa citação de Dad Squarisi, “A língua vive, regenera-se e progride. A gramática e o dicionário devem arrastar-se atrás dela”. Nós, brasileiros, temos, pois, ótimas gramáticas e ótimos dicionários seguindo o curso da vida. Consultar essas obras é fundamental para conhecermos o desenvolvimento do nosso belo e complexo idioma. A leitura de boas obras atualizadas é fundamental!
Especificamente aos formandos ou formados em letras:
O curso de letras não é sinônimo de muitos conhecimentos conquistados sobre língua portuguesa, assim como ser formado em filosofia não é suficiente para que alguém seja considerado filósofo. Nos dois casos, eu digo: é mister dedicar-se ao conhecimento, ao estudo diário, à pesquisa com seriedade. A aprendizagem é um processo permanente. Se eu tivesse me conformado com a minha Licenciatura em Filosofia, eu seria um precipitado! A inteligência não bastaria nem basta. A inteligência precisa ser exercitada. Não “basta ter bom senso. É preciso saber usá-lo”, dizia Descartes.
“Eu sempre tive um enorme desejo de aprender a diferenciar o verdadeiro do falso, para ver claramente minhas ações e caminhar com segurança nesta vida.” (René Descartes, filósofo francês, no final da PRIMEIRA PARTE da obra Discurso do Método)
Um forte e cordial abraço!