A tal da prolixidade
Com certeza você já conversou com alguém que é prolixo. Ou talvez você já tenha tido a oportunidade de ler texto de alguém prolixo. Prolixo, segundo o dicionário Houaiss Conciso é a pessoa “que usa palavras em excesso ao falar ou escrever”.
Em seu livro “Dicas para uma boa escrita” (Edicta Editora), Laurinda Grion dá-nos um bom exemplo de prolixidade mostrando o seguinte aviso: “Por decisão unânime de toda a diretoria, solicitamos aos usuários dos banheiros da empresa que, após usarem os mesmos, limpem não só a parte interna da pia, mas também a externa, bem como o espelho, enxuguem o chão caso haja nele respingos de água, pasta dentrifício, saponáceos ou qualquer outro produto, natural ou químico”.
Esse exemplo que nos é dado pela autora é ótimo; por meio dele notamos bem o que é a tal da prolixidade.
Agora vamos ver, passo a passo, como esse monte de palavras poderia passar a mesma informação de modo mais objetivo e simples. Vamos revisá-la!
Na primeira frase, “Por decisão unânime de toda a diretoria...” há uma coisa muito estranha: se a decisão é unânime é claro que é de toda a diretoria. A pessoa que redigiu o cartaz não atentou para a repetição das ideias. Outra coisa evitável está logo depois: “...solicitamos aos usuários dos banheiros da empresa que, após usarem os mesmos...”. Ora, há redundância entre a) “...solicitamos aos usuários dos banheiros...” e b) “..., após usarem os mesmos” porque quem usa são os usuários. Óbvio!
Além dessas duas partes, há aquela em que se pede para limpar a parte interna e externa da pia, quando é só pedir que se limpe (sem especificar o quê, afinal de contas o banheiro tem de estar sempre limpo em todas as suas partes). Outra coisa que se pede é para enxugar “RESPINGOS” de água, pasta DENTRIFÍCIO (que palavrão!), saponáceos (outro palavrão) e qualquer produto (agora vem a melhor parte!) NATURAL OU QUÍMICO. Dá até par imaginar pessoas que fazem suas necessidades como metralhadoras... espirrando produtos naturais para todos os lados... Nossa!
Em suma, entendemos que não se deve ser prolixo, nem na fala nem na escrita. Vivemos os tempos da modernidade e, hoje, tudo exige rapidez. Se dar ao luxo de dar voltas e voltas é perder tempo e tomar tempo: aquele que escreve perde mais tempo e aquele que lê também.
Até parece que o cartaz acima transcrito foi lido por algum funcionário que usa o banheiro. Claro que não.
Em vez de se ter escrito esse monte de palavras, bastaria que se escrevesse “Mantenha o banheiro limpo”. Simples, não? Por isso, tente não ser prolixo. Vá direto ao ponto; passe a mensagem de modo rápido! E deixe-me parar de escrever por aqui, já estou sendo prolixo!
Walan Araujo