PORTUGUÊS DE LEI
Do Prof. DAVID JOSÉ SOARES FARES:
__«Nada obstante, nossos dicionários registram também, como aceita e legítima, a forma "assassinato". O que se há de fazer?»__
Quantos aos dicionaristas, melhores ou piores, irão regist[r]ando as inovações e mais frequentes e, no limite, eliminando as formas antes «corre[c]tas» mas caídas em desuso para substituí-las por outras que hoje julgamos erradas.
A forma ASSASSINATO nãos se encontra regist[r]a em dicionaristas consagrados.
De ANA PIRES:
__«Estimado Dr. Lu, os dicionários dizem que assassinato é o mesmo que ASSASSÍNIO»__
Vi também nalguns dicionários que ASSASSINATO é o mesmo que “assassínio”, mas tenho escrúpulo em usar a palavra ASSASSINATO.
E, neste caso, é escrúpulo muito louvável e realmente fundamento. ASSASSINATO é galicismo; e, se há galicismo indispensáveis, este não é dos tais: é um galicismo inutilíssimo, porque temos, em PORTUGUÊS DE LEI, a palavra ASSASSÍNIO
Ora, tendo nós de casa o que, nesta hipótese, precisamos, contrair empréstimo é indício de mau governo, e pôr a farpela emprestada por cima do traje nacional é, mal comportado, o mesmo que enxertar pepinos do San-Gregório em melões de Benavente, servindo-me de uma frase do Filinto, se a memória me é fiel.
Conclusão: os asseados no falar e escrever, como diria o Castilho, só escreverão e dirão ASSASSÍNIO; os outros… Não falemos dos outros. Deles escreveu talvez um poeta célebre: «Santas gentes, a quem nas hortas nascem pepinos e vocábulos».
Agradeço a sua deferência em chamar-me “Doutor”, porém prefiro o simples “correcantista” ou, melhor, só o meu nome.
Cunha e Cintra, na sua “Breve Gramática do Português Contemporâneo” (Luanda, Sá da Costa/Livraria Mensagem Editora, p. 212), argumentam:
«De uso bastante generalizado em Portugal e no Brasil é o título de Doutor. Recebem-no não só os médicos e os que defenderam tese em doutoramento, mas, indiscriminadamente, todos os diplomados por escolas superiores.»
Num texto do meu amigo e consócio A. C., leio:
«A palavra “Doutor” tem dois únicos significados e, consequente, deveria ser empregada somente em casos a eles pertinentes: “médico”, por tradição, ou um determinado grau de estudo universitário obtido em uma especialização além do bacharelado.
Esse tratamento só é obrigatório nos meios académicos para aqueles que fizeram defesa de tese, e em casos de uma relação profissional, caso esteja sob os cuidados de um profissional formado».
De RAIMUNDO CHAVES:
__«Caro Lu; penso que o termo poderia ser assassinamento em vez de assassinato, mesmo que os nosso lexicólogos registrem assassinato» ___
Se poderia, não sei…