ALGUMAS DÚVIDAS
HOJI-YA-HENDA
Do Sr. C. D. J.:
___«Hoji-ya-Henda ou Hoji ya Henda?»___
C. D. J., como outros ingênuos, tem a preocupação ou candidez de, em vendo uma palavra escrita de duas ou mais formas, imaginar que só uma destas formas é permitida. Assim é, muitas vezes, não sempre.
Hoji ya Henda é forma erudita, legítima, usadíssima: Hoji-ya-Henda é menos usada “modernamente”, mas é lídima forma nacional, usada pelos antigos, e preferida pelos modernos que se não finem de amores por inutilidades gráficas.
JINGA
De Carvalho A. L.:
__«Nzinga ou Zinga?» ___
Mas quem lhe disse que estão no mesmo caso? Reagindo sempre contra o que se me figure abusão, vou escrevendo sempre «Njinga», visto que, “hoje”, é subscrita pela maior parte de gente que escreve, e até sem reclamação dos linguistas.
O Njinga é geralmente observado; mas do Nzinga até eu tenho medo, não porque não seja exa[c]to, mas porque não gosto de dar escândalo; e, neste caso, é talvez escândalo a verdade, embora esta verdade esteja até no manual universitário “Convergências”.
NJINGA
Diversos leigos de Luanda, insistem:
___«Njinga ou Jinga?» ___
O nome em questão não parece ter nunca uma forma estável.
Njinga não é erro e é forma usadíssima; mas, como a palavra deixou de ser erudita para se tornar corrente e popular, o “n” não tem razão fonética nem racional, e por isso escrevo quase sempre Jinga.
Eu prefiro Jinga, não só porque isso me impõe as tradições da língua, mas também porque essas tradições estão de acordo com a fonética, e está é base capital da nossa escrita. Além do que, tal palavra, na índole da nossa língua, não pode começar dessa forma “nj”.
A forma “nj” não é digrama. Digramas são grupos de consoantes que correspondem a um só som consonântico: ch, lh, etc.
Assim, deveriam fazer como …: aportuguesar realmente a palavra e escrever Jinga. Isso seria o lógico.
As consoantes opõem-se às vogais ainda pelo fa[c]to de as consoantes soarem, ao pronunciarem, com o auxílio duma vogal. Por isso as consoantes soam com as vogais e as vogais soam simplesmente; são, pois, as vogais, sons puros.
Já está dito que Njinga é nome exótico, cuja grafia está em desacordo com a índole da nossa língua porque não temos palavras vernáculas, começadas em “nj”; mas pegou de estaca, e temos a obrigação de ler como se escreve, porque as letras, em português, não são sinais decorativos: representam sons.