Ti ou Te? Mim ou Me? Si ou Se?

Prólogo

Já dizia com muita propriedade, o conspícuo e velho-jovem amigo Henrique, meu dicotômico, do alto dos seus sessenta e quatro anos de idade e comprovada experiência conquistada a duras e demoradas provas nos bancos escolares e madrugadas sem-fins:

“O verdadeiro amigo é aquele que não vê apenas nossos acertos, virtudes e outras qualidades positivas. É aquele que também percebe nossos erros e defeitos e, de vez em quando, com carinho, respeito e devoção, nos dá um forte puxão de orelhas para nos corrigir e ensinar algo profícuo.”.

Ora, ora, ora... Por que resolvi escrever sobre algo tão simples, quiçá trivial, e que poderá facilmente ser encontrado na internet ou em quaisquer gramáticas de nosso idioma pátrio? A razão não poderia ser outra senão ensinar algo proveitoso, positivo, útil e necessário a quem por mim tem (teve) excelsa dedicação, consideração e apreço.

UM COMENTÁRIO QUE DESENCANTA

Ao comentar com carinho e apreço – disso não tenho dúvidas – um conto cotidiano de minha autoria, recém-publicado no Recanto das Letras, intitulado: “Necessitando de um abraço”, a leitora identificada escreveu textualmente:

“Si você si sentir sozinho? (SIC) Lembre-se do sol. Apesar de ser só, nunca deixará de brilhar.... Um caloroso abraço.”.

SOBRE O SOL NUNCA DEIXAR DE BRILHAR EXISTEM CONTROVÉSIAS

Há controvérsias sobre a expressão: "O Sol nunca deixará de brilhar". Sobre o tema "A morte do Sol" Thereza Venturoli escreveu para a revista SUPERINTERESSANTE (Abril de 1977):

"Daqui a 7,5 bilhões de anos o Sol vai se apagar. Mas, antes disso, vai crescer, brilhar muito mais e quase derreter o sistema solar. Sobre o solo árido não há água, nenhuma planta ou animal. Enorme, brilhante e abrasador, o Sol está começando a morrer. E os primeiros sintomas da sua longa agonia já eliminaram a vida da Terra." – (Thereza Venturoli – Revista SUPERINTERESSANTE – Abril de 1977).

Quem quiser ler e saber mais sobre "A morte do Sol" é só ler na Internet: Para encontrar o artigo científico de Juliana Sackmann e Arnold Boothroyd, digite o nome dos autores e o título do trabalho (Our Sun. Present and Future) no campo search do endereço:

http://adsabs. harvard.edu/abstract_service.html

RETORNANDO AO TEMA PROPOSTO

Claro que, em sua infinita simplicidade, ao comentar meu escrito "Necessitando de um abraço", o propósito da notável leitora foi transmitir um lenitivo a este sofrido e neófito escritor de causos e acasos próprios de cada dia. Não quero comentar a colocação pronominal dentro da frase da leitora, pois já escrevi e publiquei sobre o assunto em outras ocasiões, mas, não há coração apaixonado ou solitário que não se desencante com uma declaração de amor do tipo “EU TI AMO” ou “SI VOCÊ SI SENTIR SOZINHO...”.

No texto em comento quero transmitir (passar) algumas dicas simples aos meus notáveis leitores. Depois desses ensinamentos certamente os diletos amigos e amigas não se enganarão ao empregar os pronomes oblíquos TE e TI. A forma TI, com “i”, é tônica; já a forma TE, com “e”, é átona. Compreenderam? Ah! Escrevendo desse modo difuso não ajudei muito, não foi?

Vou tentar esclarecer de outra maneira: TI sempre é acompanhada de preposições (A, CONTRA, DE, EM, POR etc.). O mesmo não ocorre com TE. Vejam estes exemplos: “Eu te amo” e “Eu amo a ti”; “Nós te apoiamos” e “Nós estamos contra ti”; “Eles não te ajudam” e “Eles confiam em ti”.

Entenderam agora? Assim, creio, fica mais fácil compreender o meu modo de explicar. Ressalte-se que esta regra também se aplica para diferenciar o uso das formas ME e MIM, SE e SI. Exemplos: “Eu me cuido” e “Eu cuido de mim mesmo”; “Fernanda se atrasou”; “Fernanda lutava por si mesma”.

CONCLUSÃO

Recordando: Pronomes do caso oblíquo – átonos e tônicos:

• Átonos (usa-se sem preposição):

me, te, lhe, o, a, se, nos, vos, lhes, os, as, se.

• Tônicos (usa-se com preposição):

mim, ti, ele, ela, si, nós, vós, eles, elas, si.

Portanto, 'me' e 'te' são pronomes oblíquos átonos e funcionam como objeto direto (sem preposição):

“O professor procurou-me ontem à noite.”.

(procurou alguém ou alguma coisa – quem? – eu) - 'me' é objeto direto.

“Busquei-te tantas vezes que me cansei.”.

(buscou alguém ou alguma coisa – quem? – tu) – 'te' é objeto direto.

E 'mim' e 'ti' são pronomes oblíquos tônicos – funcionam como objeto indireto (com preposição). Exemplos:

“Todos os elogios foram para mim.”

“A maior parte dos elogios foram para ti, e para mim, quase nada!”.

Outros exemplos:

“Este livro é para mim.”;

“Este livro é para eu ler.”– (aqui, 'eu' é sujeito);

“Não há intrigas entre mim e você.”.

Porém, veja:

“É bom para mim acreditar em você.”.

EXPLICAÇÃO DO EXEMPLO ACIMA

(acreditar em você – sujeito da oração).

Toda oração desta forma: SER + qualquer palavra + para mim – é um período composto e está na ordem inversa.