* Um artista global, quando deseja participar de um programa que não possui qualquer vínculo com a Globo, necessita pedir autorização à famosa e poderosa emissora, solicitando a liberação formal.
 
Obtendo a permissão global, nós ouviremos:
 
“Agradeço à Globo que cedeu gentilmente Fulano ou Fulana.”
 
Façamos uma análise divertida sobre a frase!
 
* Pedindo a autorização global, existem três possibilidades:
 
1- A Globo não libera o artista.
 
Nesse caso a emissora não cede a pessoa.
 
Isso costuma ocorrer demais quando pretendem conversar com o mais genial dos cantores, o meu amigo Roberto Carlos.
O contrato de exclusividade do Rei sempre prevalece.
 
A solicitação, portanto, nunca é aceita.
 
* 2- A Rede Globo cede o artista, porém não o faz gentilmente.
 
Como seria essa situação?
Percebo duas opções.
 
O artista desrespeita a ordem recebida e comparece ao programa.
Nesse exemplo, a Globo não cedeu, todavia o artista vai ao programa.
 
Agindo assim, ele deixará, no porvir, de pedir autorização à Globo, pois imediatamente será demitido.
Restará, então, a Record, o SBT, a Band ou a obscura Rede TV.
 
* Se o novo emprego der certo, jamais ele voltará a pedir autorização para ir a um outro programa.
Por quê?
Os artistas dessas emissoras não são procurados por ninguém.
 
Até a própria emissora esquece a existência deles.
 
O que podemos concluir?
O artista nunca desobedeceria a negativa global.
Não vale a pena tamanha ousadia.
 
Afinal de contas, ele precisa sobreviver.
 
* A outra hipótese, admitindo que o artista não foi cedido gentilmente, só aconteceria se a Globo fosse forçada a liberar a pessoa.
Haveria aí uma espécie de chantagem ou alguma troca de favores.
 
A Globo autorizaria a ida da celebridade, não o faria de forma gentil, porém simularia que cedeu voluntariamente.
 
Penso que essa alternativa é bastante fantasiosa, não?
 
* 3- A prudência sugere que, se o artista é liberado, a concessão conta com a gentileza global.
 
Basta, então, dizer:   “Agradeço à Globo que cedeu Fulano ou Fulana!”
 
A frase geralmente usada, contudo, contém uma certa lógica.
A palavra “gentilmente” quer ressaltar a gratidão, ou seja, realçar a alegria de contar com a atitude cortês da Rede Globo.
 
* Efetuando agora uma análise gramatical, nós devemos admitir que utilizar a palavra “gentilmente” significa ser redundante.
 
Na oração “Ele quer demais alcançar a prefeitura municipal”, o vocábulo "municipal" é redundante (repetitivo, dispensável, supérfluo).
 
As palavras desnecessárias ou redundantes costumam surgir sem a gente nem sequer perceber.
 
“A viúva do falecido Fulano me visitou”
Basta dizer “A viúva de Fulano me visitou”.
 
“É preciso encarar de frente a situação”
Se nós vamos encarar a situação, só poderá ser “de frente”.
 
* É importante não confundir o pleonasmo literário (a redundãncia que gera uma excelente figura de linguagem) com a redundância a qual é um vício de linguagem.
 
No poema I Juca Pirama, nós lemos:
 
 “Morrerás morte vil da mão de um forte”.
 
A redundância oferece vida e encanto ao pensamento expresso.
Sensacional!
 
* Isso nada tem ver com “surpresa inesperada”, “sussurrar baixo”, "elo de ligação", “hemorragia de sangue” ou “conclusão final”.
 
Vale a pena ficar esperto!
 
Peço que comentem gentilmente o meu texto!
 
Um abraço!
 
Esclarecimento
 
No texto de ontem concluí dessa maneira:
 
** Vou encerrar o texto, pois preciso dar um telefonema.
 
“Caramba! Esse mendigo chato ainda não saiu da calçada!” **
 
A frase derradeira, citando o mendigo, objetiva fazer uma forte ironia. Sintonizando com os profanos e religiosos, que ficaram incomodados com a presença do mendigo na calçada, insensíveis, eu simulei dar um telefonema para a prefeitura fazendo a mesma reclamação. Foi só isso. Não me interpretem mal!
A frase combina com a crítica do texto.
 
Obrigado!
Ilmar
Enviado por Ilmar em 26/09/2013
Reeditado em 27/09/2013
Código do texto: T4498630
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