“CORRER ATRÁS DO PREJUÍZO” NÃO FAZ SENTIDO

O colega David Fares, em um comentário a um texto meu, no dia 20/09/2013, às 17h36min., disse:

Caro Domingos Ivan: Concordamos, em parte, com a exposição acima. É que, para nós, as expressões idiomáticas na Língua Portuguesa, além de não observarem os rígidos critérios gramaticais, quase sempre fogem da lógica. Isso se dá, por exemplo, com as expressões "correr atrás do prejuízo" e "correr atrás de algo", expressões, salvo melhor juízo, há muito cristalizadas na língua. São os chamados fatos da linguagem. Como muito bem observou o linguista britânico DAVID CRYSTAL: "Muita gente acha que o uso da língua deve ser avaliado na medida em que segue os princípios da lógica. Desse ponto de vista, a matemática é o uso ideal da língua." (The Cambridge Encyclopaedia of Language, Cambridge University Press, 1987, p. 3). Parabéns pela oportuna explanação e um forte abraço. David Fares.'.

Para o texto: CORRER ATRÁS DO PREJUÍZO? NUNCA!!! (T4490027)

Eu, Domingos Ivan Barbosa, no dia 22/09/2013, às 09h24min., respondi:

Caro colega David Fares, obrigado por discordar. No entanto, devo dizer: "correr atrás do prejuízo" é uma expressão sem sentido. Lembre-se de que não está sendo discutida a legitimidade da expressão "correr atrás de algo". Sabemos que, além de ter muitos outros significados, viver "atrás de" significa viver "tentando obter ou alcançar" alguma coisa. Sendo assim, "correr atrás de" tem o significado de "tentar obter alguma coisa". Quem é que vive tentando uma desvantagem? Ninguém! O certo é "correr atrás da vitória; correr atrás da felicidade; correr atrás de bons resultados". Entendeu?

Para o texto: CORRER ATRÁS DO PREJUÍZO? NUNCA!!! (T4490027)

Agora, eu completo:

Dad Squarisi, no livro “Mais Dicas da Dad: português com humor”, 2ª edição, ano 2003, na página 119, registra: “Correr atrás do prejuízo? Cruz-credo! A gente corre atrás do lucro. Foge do prejuízo”.

Eduardo Martins, no livro “Os 300 Erros Mais Comuns da Língua Portuguesa”, ano 2009, uma obra póstuma, também na página 119, registra: “O time ‘correu atrás’ do prejuízo. Ninguém deve correr atrás de uma coisa negativa. Por isso, um time que está em desvantagem no marcador pode correr atrás do empate, da vitória, da vantagem”.

Confirma-se, então: "correr atrás do prejuízo" não faz sentido. Somente quem não quer bons resultados é quem o faz. Eu, pois, corro atrás daquilo que é bom. Podemos correr atrás de alguma coisa, mas devemos correr atrás do que nos faz bem. O prejuízo não é desejado por quem esteja em sã consciência. A polícia pode e deve "correr atrás" (no encalço) dos bandidos. Isso é um dever. Mas, a polícia não corre atrás do prejuízo. Quando a polícia corre atrás (no encalço) de bandidos, ela deseja evitar o prejuízo, os crimes, os assaltos, os roubos.

Respeito quem pensa diferente. No entanto, devo dizer que não devemos banalizar a língua portuguesa, assim como não devemos ter uma postura rígida, intransigente. Também não é bom sentir-se o melhor, nem o mais conhecedor. Não é bom sentir-se o parâmetro do certo e do errado. Não é bom julgar-se melhor, nem pior. O importante é ser justo e realizar dignamente a própria profissão ou missão.

Um abraço cordial!

Domingos Ivan Barbosa
Enviado por Domingos Ivan Barbosa em 22/09/2013
Reeditado em 22/09/2013
Código do texto: T4492752
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