A (mais uma) FALTA DE ANALOGIA entre estes dois exemplos de CONCORDÂNCIA VERBAL
Observe, com olhar comparativo, o formato
destas duas frases e, em especial, A CON-
CORDÂNCIA VERBAL nelas utilizada :
Frase 1 :
"MORREU o pai e o filho no desabamento do imóvel".
Aqui, segundo a gramática, a concordância (VER-
BO NO SINGULAR) está correta, sob a fundamentação de que tal ocorre
(verbo no singular) PORQUE O VERBO ESTÁ CONCORDANDO COM O TER-
MO POSPOSTO MAIS PRÓXIMO ("o pai"), QUE ESTÁ NO SINGULAR.
(Para nós, a REAL razão de tal concordância é
porque, nesta frase, está presente a FIGURA DE LINGUAGEM chamada
ZEUGMA, que consiste na não repetição do verbo antes do segundo
termo posposto ao verbo. Utilizando o mesmo exemplo, é como se a
frase estivesse assim formada : "morreu o pai e (MORREU) o filho no
desabamento do imóvel", com cuja estrutura se pode observar que a
forma verbal "morreu" ESTÁ SUBENTENDIDA ANTES DE "O FILHO").
Agora, vamos à FRASE 2 :
"VENDEM-SE um apartamento e um veículo Blazer"
Aqui, como se pode notar, mesmo a frase tendo
basicamente a mesma estrutura da FRASE 1 -, mas, A CONCORDÂNCIA
NESTA FRASE 2 SÓ ESTARÁ CORRETA SE O VERBO ("vendem-se") es-
tiver no plural. Justificativa gramatical : Nesta frase 2, há o emprego
da VOZ PASSIVA SINTÉTICA, face ao quê, o verbo TERÁ DE ESTAR NO
PLURAL, considerando-se a possibilidade da conversão dessa frase 2
da voz passiva sintética para a passiva analítica (mais para o final ex-
plicaremos a diferença entre estes dois tipos de VOZES VERBAIS).
Sob tal fundamentação gramatical, teríamos para
a FRASE 2 :
NA VOZ PASSIVA SINTÉTICA :
"VENDEM-se um apartamento e um veículo Blazer".
NA VOZ PASSIVA ANALÍTICA :
"Um apartamento e um veículo Blazer SÃO VENDIDOS".
Mas (ao que nos parece), a gramática "se es-
queceu" de que, a exemplo da FRASE 1, nesta FRASE 2 - com o emprego da voz passiva sintética - T A M B É M H Á P O S S I B I -
L I D A D E D E E M P R E G O D E Z E U G M A, em cuja hipó-tese O VERBO TAMBÉM PODERIA ESTAR NO SINGULAR CONCORDANDO COM O TERMO MAIS PRÓXIMO ("um apartamento") QUE ESTÁ NO SIN-
GULAR.
Veja :
"VENDE-se um apartamento e (VENDE-SE) um veículo
Blazer".
(Este mesmo assunto - concordância com
o verbo na passiva sintética - será objeto de uma nova abordagem).
Agora, conforme acima prometido, a (s) diferen-
ça (s) entre a VOZ PASSIVA ANALÍTICA e a VOZ PASSIVA SINTÉTICA :
Na voz PASSIVA ANALÍTICA, a forma verbal
é representada por uma locução, composta do verbo (auxiliar) "SER" conjugado, seguido do verbo principal no particípio (ex.: Um apartamen-
to e um veículo Blazer FORAM VENDIDOS pelo morador deste prédio).
Na voz PASSIVA SINTÉTICA, a forma verbal
é representada pelo próprio verbo principal NA 3A. PESSOA DO SINGU-
LAR OU DO PLURAL, O B R I G A T O R I A M E N T E seguido de "se",
que representa o "apassivador" (ex.: VENDE-SE um apartamento...)
Na voz PASSIVA ANALÍTICA, HÁ NECESSIDA-
DE DO EMPREGO DO "AGENTE DA PASSIVA", representado pela prepo-
sição POR (e suas variantes "pelo", "pela", "pelos", "pelas") seguido
praticante da ação (no exemplo "um apartamento e um veículo Blazer
foram vendidos pelo morador deste prédio, observe que imediatamen-
te após a locução verbal "foram vendidos" está presente o AGENTE
PRATICANTE DA AÇÃO, no caso, "morador deste prédio").
Basicamente são estas as diferenças mais
expressivas entre os dois tipos de vozes verbais. Mas, voltaremos a
este assunto noutra publicação futura.