1- No ato de escrever, o fenômeno da Concordância, conforme sabemos, vai determinar a harmonia das frases, combinando os adjetivos com os substantivos (concordância nominal) ou os verbos com os sujeitos (concordância verbal).
Eu sou um poeta empolgado quando escrevo.
Imagino que vocês são poetas empolgados quando escrevem.
2- A prática da concordãncia não é um bicho de sete cabeças.
Quem cria textos realiza as concordâncias instintivamente.
É igual a dirigir.
Independente de estar familiarizado ou não com a querida gramática, dificilmente alguém escreverá “Nós vai” e “Mulheres bela”.
3- Sobre o tema, é importante não esquecer os “casos especiais”.
Por exemplo, devemos dizer que “Os EUA são”, evitando "O EUA é".
Podemos dizer sem qualquer medo: “É proibido entrada de crianças.” e “É necessário atenção quando atravessamos a rua.”.
Não confundamos, no entanto, com “É proibida a entrada de crianças.” e “É necessária a atenção quando atravessamos a rua.”.
4- Um tipo de concordância bastante interessante acontece quando nós informamos a data,
Podemos dizer:
“Hoje são vinte e sete de agosto.” ou “Hoje é vinte e sete de agosto.”.
Escrevendo a segunda frase, admitimos a presença da palavra “dia”.
Na mente de quem faz a concordância, a frase seria “Hoje é (dia) vinte e sete de agosto”.
5- Uma concordância, já repetida mil vezes, que nunca abandona as questões de vestibulares e concursos, ressalta que o verbo “haver”, significando “existir”, nunca varia, ficando sempre no singular.
Diremos, então, “Há vários poetas sensacionais no Recanto.” ou “Daqui a mil anos haverá flores embelezando o planeta.”.
A famosa regra também diz que o verbo “transmite a impessoalidade” quando forma locuções verbais.
Nesse caso, digamos “Deve haver mulheres solteiras na festa.”, jamais dizendo “Devem haver mulheres solteiras na festa.”.
6- Apesar de ser uma regra clássica, citada o tempo todo, costumo ficar admirado quando vejo o “equívoco” ocorrer num noticiário televisivo.
Já escutei mais de uma vez dizerem “haver” (=existir) no plural.
Vale esclarecer que o verbo “existir” segue as regras básicas, logo diremos “Existiram brilhantes profetas na Terra.”, entretanto, usando o verbo “haver”, afirmaremos que “Houve brilhantes profetas na Terra.”.
7- Pretendo encerrar o meu texto apresentando alguns exemplos nos quais a concordância é desrespeitada sem causar problema.
Podemos confirmar essa situação ouvindo algumas canções.
O ritmo da canção permite que a frase ignore a concordância.
8- A maravilhosa música “Cidadão” começa assim:
“Tá vendo aquele edifício, moço?
Ajudei a levantar
Foi um tempo de aflição
Eram quatro condução
Duas pra ir, duas pra voltar”
Seguindo o rigor gramatical, diríamos “Eram quatro conduções”.
Além de "conduções" não rimar com “aflição”, a música deixaria de fluir legal (basta fazer a mudança para confirmar essa verdade).
9- A conhecida canção “Inútil”, do Ultraje a Rigor, diz no refrão:
“Inúteu!
A gente somos inúteu!”.
Ela destaca a palavra “inúteu” (substituindo “inútil”), sugerindo assim que devemos dar ênfase à pronúncia do “u”.
Sobre a concordância, será que faria sentido cantar “A gente é inútil!” ou “Nós somos inúteis!”?
Teste para perceber o desastre musical caso existisse a concordância.
10- Dorival Caymmi diz na música “O Bem do Mar”:
“O pescador tem dois amor
Um bem na terra, um bem no mar”
Provocaria algum incômodo dizer “tem dois amores”?
Talvez não, porém eis mais um exemplo mostrando que a sonoridade das canções pode tornar a concordância secundária.
Essa espécie de licença dos cantores não justifica escrever “haverão comentários inteligentes dedicados ao meu texto”.
“É bom separar as situações” ou “É boa a separação das situações”.
Um abraço!
Eu sou um poeta empolgado quando escrevo.
Imagino que vocês são poetas empolgados quando escrevem.
2- A prática da concordãncia não é um bicho de sete cabeças.
Quem cria textos realiza as concordâncias instintivamente.
É igual a dirigir.
Independente de estar familiarizado ou não com a querida gramática, dificilmente alguém escreverá “Nós vai” e “Mulheres bela”.
3- Sobre o tema, é importante não esquecer os “casos especiais”.
Por exemplo, devemos dizer que “Os EUA são”, evitando "O EUA é".
Podemos dizer sem qualquer medo: “É proibido entrada de crianças.” e “É necessário atenção quando atravessamos a rua.”.
Não confundamos, no entanto, com “É proibida a entrada de crianças.” e “É necessária a atenção quando atravessamos a rua.”.
4- Um tipo de concordância bastante interessante acontece quando nós informamos a data,
Podemos dizer:
“Hoje são vinte e sete de agosto.” ou “Hoje é vinte e sete de agosto.”.
Escrevendo a segunda frase, admitimos a presença da palavra “dia”.
Na mente de quem faz a concordância, a frase seria “Hoje é (dia) vinte e sete de agosto”.
5- Uma concordância, já repetida mil vezes, que nunca abandona as questões de vestibulares e concursos, ressalta que o verbo “haver”, significando “existir”, nunca varia, ficando sempre no singular.
Diremos, então, “Há vários poetas sensacionais no Recanto.” ou “Daqui a mil anos haverá flores embelezando o planeta.”.
A famosa regra também diz que o verbo “transmite a impessoalidade” quando forma locuções verbais.
Nesse caso, digamos “Deve haver mulheres solteiras na festa.”, jamais dizendo “Devem haver mulheres solteiras na festa.”.
6- Apesar de ser uma regra clássica, citada o tempo todo, costumo ficar admirado quando vejo o “equívoco” ocorrer num noticiário televisivo.
Já escutei mais de uma vez dizerem “haver” (=existir) no plural.
Vale esclarecer que o verbo “existir” segue as regras básicas, logo diremos “Existiram brilhantes profetas na Terra.”, entretanto, usando o verbo “haver”, afirmaremos que “Houve brilhantes profetas na Terra.”.
7- Pretendo encerrar o meu texto apresentando alguns exemplos nos quais a concordância é desrespeitada sem causar problema.
Podemos confirmar essa situação ouvindo algumas canções.
O ritmo da canção permite que a frase ignore a concordância.
8- A maravilhosa música “Cidadão” começa assim:
“Tá vendo aquele edifício, moço?
Ajudei a levantar
Foi um tempo de aflição
Eram quatro condução
Duas pra ir, duas pra voltar”
Seguindo o rigor gramatical, diríamos “Eram quatro conduções”.
Além de "conduções" não rimar com “aflição”, a música deixaria de fluir legal (basta fazer a mudança para confirmar essa verdade).
9- A conhecida canção “Inútil”, do Ultraje a Rigor, diz no refrão:
“Inúteu!
A gente somos inúteu!”.
Ela destaca a palavra “inúteu” (substituindo “inútil”), sugerindo assim que devemos dar ênfase à pronúncia do “u”.
Sobre a concordância, será que faria sentido cantar “A gente é inútil!” ou “Nós somos inúteis!”?
Teste para perceber o desastre musical caso existisse a concordância.
10- Dorival Caymmi diz na música “O Bem do Mar”:
“O pescador tem dois amor
Um bem na terra, um bem no mar”
Provocaria algum incômodo dizer “tem dois amores”?
Talvez não, porém eis mais um exemplo mostrando que a sonoridade das canções pode tornar a concordância secundária.
Essa espécie de licença dos cantores não justifica escrever “haverão comentários inteligentes dedicados ao meu texto”.
“É bom separar as situações” ou “É boa a separação das situações”.
Um abraço!