VEJAMOS: A MINHA LINGUA
VEJAMOS: A MINHA LINGUA
Victor Jerônimo
Acordo Ortográfico?
Muito bem. Como cidadão luso-brasileiro acato a decisão dos meus governantes e dos cânones que o elaboraram, mas pessoalmente eu não o vou adoptar (leram bem? Adoptar com P)
Vejamos:
O Acordo Ortográfico é necessário à luz das instituições internacionais como por exemplo a ONU e a CE para que nos mais variados acordos e leis não se utilize a Língua Portuguesa de Portugal ou a do Brasil e isto para não falar dos outros países lusófonos.
Tem que se instituir a Língua Portuguesa como língua oficial internacional e esta ficar a par com a Inglesa, Francesa ou Espanhola, portanto sejamos coerentes o Acordo Ortográfico é um mal necessário e tenha a certeza que daqui a 20 anos vai ser a ortografia usado pela população mundial portuguesa.
Faz parte da nossa história portuguesa e da nossa evolução o adaptar a ortografia aos tempos que correm num determinado espaço temporal, só que agora há vários países de expressão portuguesa e cada um seguiu e adoptou a linguagem ao seu vocabulário natal e os respectivos governos de língua lusófona, mais não fizeram do que criar os seus dicionários com os seus vocabulários predominantes nos seus respectivos países.
Isto levou a que houvesse vários linguajares provenientes da língua portuguesa e portanto tornava-se inconcebível que até outras línguas usassem a tradução brasileira e portuguesa, a Angolana e a Cabo-Verdiana, etc.
Vejamos:
Tudo isto é “culpa” do povo o mesmo povo que agora está contra o acordo.
Se o povo não tivesse seguido o seu linguajar nativo nada disto aconteceria agora. Se o povo em cada canto, espaço ou quadrado português não tivesse criado certos linguajares nativos estaríamos agora todos descansados.
Mas vejamos linguagem não tem nada a ver com ortografia? Claro que tem e quando certos cânones da nossa língua dizem que não, eu rio-me, pensam que por serem doutores conseguem tapar o povo com a peneira?
Neste artigo aparece a palavra adoptar (leia-se Ado-p-tar com o P quase não se pronunciando mas ele está lá e o Adotar onde não existe a pronuncia do P) Então a linguagem tem a ver ou não com a ortografia?
E como vai ser no futuro? O português vai apanhar um ónibus com acento agudo ou o brasileiro vai tomar um autocarro? Se a ortografia muda, as expressões e significados também irão mudar? Como o povo comum vai conseguir alterar essas expressões? Ou como é que nos acordos internacionais vão aparecer expressões similares?
Nada ficou resolvido com o Acordo Ortográfico e muito ainda há a fazer para que tudo mude.
Entretanto eu vou falando e vou escrevendo na minha língua materna, aquela que aprendi nos anos 50 nos sebos das escolas e que por causa dela muita reguada apanhei.
Não vou mudar em nada o meu escrever e o meu expressar-me, nem o meu dicionário.
Essa tarefa vai pertencer aos professores de ensinarem às crianças que agora começam estas novas leis e como disse, daqui a 20 anos estará tudo mudado.
Ainda me lembro de nos meus tempos de criança ver letreiros em Lisboa que diziam Pharmácia, expressões que vinham do principio do Séc XX e que ainda não tinham sido emendadas à luz dos novos vocabulários.
É isso precisamente que se passa agora. Os que já cá estão vão continuar como estavam, os que hão-de vir irão aprender a nova linguagem.
Mas nada, mas mesmo nada, nem leis, nem acordos, consegue mudar o linguajar dos nossos povos. Em Portugal o linguajar, Beirão, bem diferente do Alentejano, no Brasil o linguajar Pernambucano bem diferente do linguajar Catarinense e em ambos os países o ônibus, versus autocarro, o trem versus comboio, etc.
Bem vamos tomar um chopinho ou uma imperial?
Escrito em Olinda/PE em 20.Jan.2009