"Ao persistirem os sintomas o médico (ou um médico?) deverá ser consultado", onde está o equívoco?
Assistindo a uma propaganda de “Biofenac Analgésico e Anti-inflamatório” (http://www.youtube.com/watch?v=xKEkzqHzcK4), percebi, ao final da propaganda (como em muitas outras) a famosa frase já tão batida e “parodiada”: “Ao persistirem os sintomas o médico deverá ser consultado”.
Mas o que é interessante é que, nessa frase (ao persistirem...), uma palavra foi empregada não de modo errado, mas, no mínimo, estranho. Embora ela esteja completamente entendível, há algo que, se bem observado, pode nos causar dúvida. Essa dúvida estaria no artigo “o”, que antecede o substantivo “médico”.
Os manuais de gramática da língua portuguesa, como o de Celso Cunha e Lindley Cintra – Nova Gramática do Português Contemporâneo –, nos trazem a definição de artigos definidos e indefinidos. Os artigos definidos são as palavras “o”, “a”, “os” e “as”; os indefinidos, “um”, “uma”, “uns” e “umas”.
No que diz respeito ao artigo definido, os gramáticos dizem que “Na língua de nossos dias, o ARTIGO DEFINIDO é, em geral, um mero designativo. Anteposto a um substantivo comum, serve para DETERMINÁ-LO, ou seja, para apresentá-lo ISOLADO dos outros indivíduos ou objetos da espécie”.
O que podemos dizer, então? É simples, na frase “Ao persistirem os sintomas um médico deverá ser consultado”, nós devemos trocar o “o” - que antecede a palavra “médico” - pela palavra “um”. Por quê? Porque o artigo definido “o” serve, como defendem os gramáticos, para designar um ser dentro de uma espécie. Assim, salvo uma vez ou outra, a gente não sabe qual médico que encontraremos, de modo que consultar “o” médico ficará difícil, até porque somos pobres, usamos o SUS e não temos direito à escolha. Por isso, o melhor mesmo é procurar “um médico”. Simples assim!
Walan Gomes