VÍTIMA FATAL: É POSSÍVEL?
Muitas vezes, ouço a expressão: “O acidente teve duas vítimas fatais”. Diante disso, eu pergunto: é possível? Não. Por que, Domingos? Ora, a vítima é quem sofre o acidente, que pode ser fatal ou não.
FATAL significa mortífero, aquilo que causa a morte, funesto. A vítima, na verdade, sofre a morte. É isso!
No lugar de dizer: duas vítimas fatais, deve-se afirmar “duas mortes”.
FATAL significa, ainda, “aquilo que é inevitável; que ocorre como se fora determinado pelo destino”. Posso dizer, portanto, sem receio: não havia saída, aquele acontecimento era fatal. Significa que o acontecimento era inevitável.
FATAL tem outros significados. Vejamos:
Aquilo que leva à infelicidade, à ruína. Neste caso, há mulheres fatais, ou seja, que causam a ruína do homem. Entrementes, há mulheres que eu tenho o imenso prazer de conhecer. Há mulher que eu tenho o prazer de reverenciar.
FATAL é algo “que prenuncia ou faz prever desfecho trágico ou funesto”, como destaca o HOUAISS. Há, por exemplo, “paixão fatal; decisão fatal”.
Posso dizer, ademais, que certo olhar é fatal; que certo sorriso é fatal, significando algo que atrai inevitavelmente, que seduz. Observa-se, pois, que a língua é flexível, mas deve ser obedecida.
Não obstante, como já foi dito, “vítima fatal” é uma expressão errada. De acordo com a variedade considerada culta, “vítima fatal” é uma expressão a ser evitada. Portanto, é bom obedecermos, se pretendemos acatar o que registram a gramática normativa e os dicionários.
Quem quiser e puder pode observar: há uma TV, no Maranhão, em que jornalistas usam a expressão “vítima fatal”. Isso, no entanto, não a torna correta, conforme a norma-padrão da língua portuguesa. No lugar de “vítima fatal”, “morte”. A Globo, todavia, é rigorosa. Seus jornalistas usam a palavra "morte" no lugar de "vítima fatal". A Globo, neste caso, está corretíssima! Pode observar.
Deus nos livre da morte no tempo impróprio. Ela deve vir e vem, mas devemos procurar viver.
Ah! Não uso as letras em caixa alta para significar grito, mas ênfase, destaque.
Um forte abraço!