FIGURAS DE SINTAXE - MATERIAL PESQUISADO PELO 3º ANO "C"

ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO MÉDIO “JULIÃO BERTOLDO DE CASTRO”

DISCIPLINA: LÍNGUA PORTUGUESA I

PROFESSOR: MOREIRA

TURMA: 3º ANO “C”

TRABALHO DE PESQUISA REALIZADO PELOS ALUNOS DA TURMA

ASSUNTO: FIGURAS DE SINTAXE

As figuras de sintaxe ou de construção dizem respeito a desvios em relação à concordância entre os termos da oração, sua ordem, possíveis repetições ou omissões.

Elas podem ser construídas por:

a) OMISSÃO: assíndeto, elipse e zeugma;

b) REPETIÇÃO: anáfora, pleonasmo e polissíndeto;

c) INVERSÃO: anástrofe, hipérbato, sínquise e hipálage;

d) RUPTURA: anacoluto;

e) CONCORDÂNCIA IDEOLÓGICA: silepse

ASSÍNDETO: serve para dar mais rapidez ao discurso.

É uma figura de estilo que consiste na omissão das conjunções ou conectivos (Em geral conjunções copulativas.)

Exemplo:

“Fazia riscos, bordados, mandava vir rendas de Grã-Mogol, cosia com amor, aprendia a arte do bilro”.

Observe que as orações se dispõem em sequência, separadas por vírgulas. Poderiam vir ligadas pelo conectivo “e”: “cosia com amor [e] aprendia a arte do bilro”; em vez disso, vêm justapostas.

Veja outros exemplos de assíndeto:

“Vim, vi, venci”.

“A tua raça quer partir,

guerrear, sofrer, vencer, voltar”.

(Cecília Meireles)

Nos dois exemplos, podemos observar o mesmo recurso expressivo: as orações estão separadas por vírgulas, omitindo-se o conectivo que ligaria as duas últimas orações de cada exemplo: “vi [E] venci”, no primeiro e “vencer [E] voltar”, do segundo verso do poema de Cecília Meireles. (SAVIOLI: 2007, 408)

A chuva caia, a noite aproximava-se.

ELIPSE: ocorre elipse quando omitimos um termo ou uma oração que facilmente podemos identificar ou subentender no contexto. Pode ocorrer na supressão de pronomes, conjunções, preposições ou verbos. É um poderoso recurso de concisão e dinamismo.

Exemplos

"No mar, tanta tormenta e tanto dano."

(Em "Os Lusíadas" de Camões) – em que se omite o verbo "haver", ainda que seja óbvia a intenção do autor.

"Na sala, apenas quatro ou cinco convidados"

(Machado de Assis)

Quanta maldade na Terra.

Esse enunciado sem a elisão ficaria assim: Quanta maldade há na Terra.

Na oralidade, quando alguém serve chá pode perguntar "com ou sem açúcar?" - ainda que a frase não explicite que se está a referir ao chá, o próprio contexto serve para esclarecer o seu sentido.

"Risco de vida" expressão comumente usada para se referir ao "risco de perder a vida".

Estávamos aflitos à espera dos resultados.

ZEUGMA: designação (dispensada pela NGB) do caso da elipse em que subentende um termo ou termos já anteriormente enunciados nas frases: “Nem ele nos entende. Nem nós (entendemos) a ele”.

É uma figura de estilo ou figura de linguagem que consiste na omissão de um ou mais elementos de uma oração já expressos anteriormente. O zeugma é uma forma de elipse.

"O colégio compareceu fardado; a diretoria, de casaca."

(Raul Pompéia)

João estava com pressa. Preferiu não entrar.

(Ele, JOÃO, preferiu não entrar).

Todos compareceram ás solenidades de formatura, somente Márcia e Patrícia que não.

ANÁFORA: repetição do mesmo termo no início de cada um dos membros da frase.

Leia estes versos de Manuel Bandeira:

“Vi uma estrela tão alta,

Vi uma estrela tão fria!

Vi uma estrela luzindo

Na minha vida vazia”

Observe que o poeta inicia os três primeiros versos com a mesma expressão “Vi uma estrela”, com o objetivo de enfatizar essa ideia. Esse recurso usado tão frequentemente na poesia é uma figura de linguagem chamada anáfora.

Veja outro exemplo, agora nos versos de Vinícius de Moraes:

“Tende piedade, Senhor, de todas as mulheres

Que ninguém mais merece tanto amor e amizade

Que ninguém mais deseja tanta poesia e sinceridade

Que ninguém mais precisa tanto da alegria e serenidade”

A anáfora consiste em repetir uma palavra ou expressão a espaços regulares durante o texto. É muito comum nas trovas populares, cordéis e poemas.

“Noite – montanha. Noite vazia. Noite indecisa. Confusa noite. Noite à procura, mesmo sem alvo.” (Carlos Drummond de Andrade)

“Acorda, Maria, é dia

de matar formiga

de matar cascavel

de matar estrangeiro

de matar irmão

de matar impulso

de se matar”.

(Carlos Drummond de Andrade)

O poema “O último andar”, de Cecília Meireles, apresenta dois casos de anáfora: a repetição se dá nas expressões “último andar” e em “é lá que eu quero morar”, enfatizando o anseio do eu lírico em viver no último andar.

“No último andar é mais bonito:

do último andar se vê o mar.

É lá que eu quero morar.

O último andar é muito longe:

custa-se muito a chegar.

Mas é lá que eu quero morar.

Todo o céu fica a noite inteira

sobre o último andar.

É lá que eu quero morar.

Quando faz lua, no terraço

fica todo o luar.

É lá que eu quero morar.

Os passarinhos lá se escondem,

para ninguém os maltratar:

no último andar.

De lá se avista o mundo inteiro:

Tudo parece perto, no ar.

É lá que eu quero morar:

no último andar.”

(LITERATURA EM MINHA CASA: 2001; SAVIOLI: 2007; & TUFANO: 2007)

Nada me encanta,

nada me faz sair deste.

PLEONASMO: é uma figura de linguagem usada para intensificar o significado de um termo através da repetição da própria palavra ou da ideia contida nela. A palavra pleonasmo tem origem do latim “pleonasmu” e significa redundância.

Exemplos

Lista de pleonasmos comuns no nosso cotidiano:

• “Subir para cima”.

• “Hemorragia de sangue”.

• “Entrar para dentro”.

• “Suicidou-se a si mesmo”.

• “Panorama geral”.

• “Adiar para depois”.

• “Encarar de frente”.

• “Fogo que arde”.

• “Descer para Baixo”.

PLEONASMOS LITERÁRIOS

"Iam vinte anos desde aquele dia

Quando com os olhos eu quis ver de perto

Quanto em visão com os da saudade via."

(Alberto de Oliveira)

"Morrerás morte vil na mão de um forte."

(Gonçalves Dias)

"Ó mar salgado, quanto do teu sal

São lágrimas de Portugal"

(Fernando Pessoa)

"O cadáver de um defunto morto que já faleceu"

(Roberto Gómez Bolaños)

"E rir meu riso"

(Vinícius de Moraes)

PLEONASMOS MUSICAIS

"Vamos fugir para outro lugar"

(Gilberto Gil)

"Eu vivo na espera de poder viver a vida com você."

(Charlie Brown Jr.)

Vivia uma vida medíocre.

POLISSÍNDETO: é o emprego relativo de conjunção entre as orações de um período ou entre os termos de oração. Geralmente é a conjunção “E” ou “NEM”.

Observe esses exemplos:

“Se era noivo, se era virgem,

Se era alegre, se era bom,

Não sei.

É tarde para saber”.

(Carlos Drummond de Andrade)

“Há dois dias meu telefone não fala, nem ouve, nem toca, nem tuge, nem muge”. (Rubem Braga)

Nos versos de Drummond, veja que houve a repetição da conjunção “SE”; na afirmação de Rubem Braga, o que se repete é a conjunção “NEM”, uma maneira bem criativa e cômica de se dizer que o telefone dele não funcionava de maneira alguma.

Para diferenciarmos bem polissíndeto de assíndeto, leia esta afirmação:

“Trejeita, e canta, e ri”.

Neste exemplo, houve a repetição do conectivo “E”: temos, portanto um caso de polissíndeto. O mesmo exemplo seria assíndeto se estivesse sem as conjunções, desta maneira:

“Trejeita, canta, ri”.

(SAVIOLI: 2007 & TUFANO: 2007)

“trabalha e treina, e lima, e sofre, e sua’’

ANÁSTROFE: figura de um estilo que se manifesta em uma inversão sintática de palavras ou sintagmas. Na anástrofe (do grego anastrophé, que significa “mudança de posição”, “inversão”:

Exemplo:

"Tão leve estou (estou tão leve) que nem sombra tenho."

(Mário Quintana)

HIPÉRBATO: (do grego hyperbaton, que ultrapassa) também conhecido como INVERSÃO, é uma figura de linguagem que consiste na troca de ordem direta dos termos da oração (sujeito, verbo, complementos, adjuntos) ou de nomes de seus determinantes. Ele ocorre quando há uma inversão completa de membros da frase

Exemplo:

"Passeiam à tarde, as belas na Avenida."

(Carlos Drummond de Andrade)

Na ordem direta essa oração ficaria assim:

As belas passeiam na Avenida à tarde.

SÍNQUISE: como diz a própria palavra, que provém do grego e significa “MISTURA”, “CONFUSÃO”, sínquise é uma figura de linguagem e consiste numa violenta inversão da ordem direta dos termos da oração de modo que, numa primeira leitura, torna-se difícil a compreensão do enunciado.

Exemplo:

"A grita se alevanta ao Céu, da gente."

(Camões)

Na ordem direta essa oração ficaria assim:

A grita da gente se alevanta ao Céu.

HIPÁLAGE: ocorre hipálage quando há uma inversão da posição do adjetivo: uma qualidade que pertence a um termo é atribuída a outro, na mesma frase.

Exemplos:

“... as lojas loquazes dos barbeiros."

(as lojas dos barbeiros loquazes.)

(Eça de Queiros).

A criança calçou as luvas nas mãos.

(ao invés de calçar as mãos na luva).

ANACOLUTO: é a figura de linguagem que, segundo a retórica clássica, consiste numa irregularidade gramatical na estrutura de uma frase, como se houvesse uma mudança de rumo no pensamento. Por exemplo, mediante o desrespeito das regras de concordância verbal ou da sintaxe.

Exemplos:

"Essas empregadas de hoje, não se pode confiar nelas."

(Alcântara Machado)

A maioria de hoje, não se pode confiar neles.

SILEPSE: é uma figura de construção que trata a concordância que acontece não com o que está explícito na frase, mas com o que está mentalmente subentendido, com o que está oculto.

a) SILEPSE DE GÊNERO:

Exemplo:

"Quando a gente é novo, gosta de fazer bonito."

(Guimarães Rosa)

b) SILEPSE DE NÚMERO:

Exemplo:

“Corria gente de todos os lados, e gritavam."

(Mário Barreto)

c) SILEPSE DE PESSOA:

Exemplo:

"Na noite seguinte estávamos reunidas algumas pessoas.”

(Machado de Assis)

BIBLIOGRAFIA

LITERATURA EM MINHA CASA: MEUS PRIMEIROS VERSOS. Vol. 4. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 2001.

SAVIOLI, Francisco Platão. Gramática em 44 lições. 15 ed. São Paulo, Ática, 2007.

TUFANO, Douglas. Estudos de Língua Portuguesa – Minigramática. São Paulo, Moderna, 2007.