VERBOS “CINEMÁTICOS”
Temos observado, em diversos textos que lemos e que nos chegam, certa confusão no emprego dos denominados verbos “cinemáticos”, os quais dificilmente são empregados da forma recomendada pela norma culta.
Verbos como CHEGAR, IR, DIRIGIR-SE, considerados verbos “cinemáticos”, ou seja, que designam movimento, direção, exigem a preposição “A”, e não a preposição “EM”. São verbos normalmente intransitivos [verbos que, por sua significação ou de alguma de suas acepções, não aceitam complemento verbal] regendo a preposição “A” e não “EM” quando indicam lugar.
Aparentemente eles têm complemento, já que, por exemplo, quem vai, vai a algum lugar e quem chega, chega a algum lugar ou de algum lugar. Entretanto, essa indicação de lugar é mera circunstância (adjunto adverbial de lugar), e NÃO complementação verbal.
Os verbos CHEGAR e IR exigem a preposição “A”, na indicação de destino, direção, e “DE”, na indicação de procedência. Quando houver a necessidade da preposição “A”, seguida de um substantivo feminino (que exija o artigo a), ocorrerá o fenômeno da crase (vou à Bahia, iremos à Argentina, dirigimo-nos à Bélgica).
Esses verbos exigem igualmente o advérbio de lugar AONDE.
Exemplos:
Filisbina foi AO enterro do belo e atraente Tibúrcio.
Ludêncio e Craquilda se dirigiram AO cemitério para o enterro do amado tio.
AONDE vais, Malvina?
Queres chegar AONDE com tanta empáfia, Oriosvaldo?
Para reflexão: “O objetivo do argumento, ou da discussão, não deve ser vitória, mas progresso.” — Joseph Joubert