1- A língua portuguesa é maravilhosa e merece nossos mais profundos aplausos.
 
Costumo ouvir as pessoas dizendo que aprender português é difícil, que nossa língua é muito complicada, que o inglês é mais fácil.
 
Asneira, asnice, baboseira, dislate,
necedade, sandice, toleima, tolice!
 
Usei oito sinônimos para definir como avalio a opinião de quem contesta a superioridade do encanto que nossa adorável língua provoca nas almas!
 
Quanta elegância nossas palavras possuem!
 
2- Oh! Que doce melodia foi conhecer os nossos fonemas!
 
Como não recordar saudoso a Morfologia me paquerando?
Nunca esqueci o noivado com a Sintaxe!
Queria tanto repetir a viagem que fiz ao lado da Estilística!
Não consegui disfarçar o deslumbramento quando me apresentaram os sinônimos e me fizeram mergulhar ao lado dos simpáticos antônimos.
 
Ah! Que língua me faria chorar tanto?
Que língua me faria sorrir tão emocionado?
 
3- Dizem que estudar nossa gramática é uma tarefa árdua.
São muitas as regras e sempre surgem estranhas exceções.
 
Vou tentar provar que esse discurso não faz sentido.
 
Na escola aprendemos a decorar um monte de regras sobre acentuação gráfica.
Paroxítonas terminadas em determinadas letras são acentuadas, oxítonas com uma respectiva terminação não serão acentuadas, mas, se terminar com as letras tais...
 
Esqueçam esse blá, blá, blá desnecessário!
 
4- Aprendam a definir, durante três segundos, se a palavra é paroxítona ou oxítona.
 
Eis algumas oxítonas: Didi, tatu, acara, Pa, batom, especial etc.
 
Podemos dizer que as oxítonas são as palavras preguiçosas.
Nós pronunciamos cada sílaba com bastante nitidez.

Escolhendo a palavra camaleão, eu separo as sílabas e pronuncio ca ma le ão (Atenção! A separação de sílabas é mental).
O ritmo da palavra segue sem sofrer mudança.
 
Se a palavra escolhida é emocionar, pronunciamos e mo ci o nar.
Cada sílaba é pronunciada sem pressa, lentamente.
 
Assim escutamos as oxítonas, as palavras que possuem a última sílaba tônica (sílaba tônica é a sílaba mais forte).
 
5- A maioria das nossas palavras é paroxítona (tapa, bola, corrente, pressa, dinheiro, felicidade, cinema, namoro, sexo, sapo, excelente, sereno, curtindo, maravilhoso etc.).
 
Escolhendo a palavra abacate, pronunciamos a ba cate.
Quando dizemos a sílaba ca, surge uma espécie de pressa que antecipa a sílaba seguinte (a pronúncia não acontece com a serenidade das oxítonas).
 
Por que, quando eu separei as sílabas de abacate, eu uni ca com te?
Eu fiz assim, pois, quando pronuncio ca, imediatamente eu digo a sílaba seguinte.
Isso não ocorre com as oxítonas quando cada sílaba é pronunciada devagar.
Com as oxítonas dá tempo de parar.
 
Com as paroxítonas, quando eu pronuncio a penúltima sílaba, eu não posso parar.
Por isso juntei a sílaba ca com a sílaba seguinte (te).
Além disso, a última sílaba é te, mas, quando pronunciamos a palavra, ela vira ti.
(Atenção! A sílaba mais forte é a penúltima, ca)
 
Se a palavra é emocionado, pronunciamos e mo ci o nado.
Perceberam?
Quando dizemos o na, aceleramos o ritmo.
O do vira du.
(Atenção! A sílaba mais forte é na)
 
Nesse caso, a sílaba mais forte, sílaba tônica, é a penúltima, aquela que dá uma aceleradinha.
Podemos dizer que a sílaba tônica, a penúltima, é a apressadinha.
 
Primeiro vocês devem definir rápido, num piscar de olhos, se a palavra é oxítona ou paroxítona.
Não faz sentido memorizar qualquer regra de acentuação caso eu sinta dificuldade de definir se a palavra é paroxítona ou oxítona.
 
Não pode vacilar!
Tem que ser vapt e vupt.
É paroxítona ou oxítona?
 
6- Após isso, vocês precisam guardar o seguinte:
Se a palavra for oxítona, se terminar em a, e, o, as, es, os, em, ens, a palavra será acentuada.
Percebam que as, es, os, é a, e, o seguido de s.
 
E as terminações das paroxítonas?
Não precisa memorizar, pois basta comparar oxítonas com paroxítonas.
 
Exemplos:
 
Didi não possui acento.
Por quê?
Didi é uma oxítona que termina em i (não termina em a, e, o, as, es, os, em, ens), portanto não leva acento.
 
Táxi leva acento.
Por quê?
xi é uma paroxítona que termina em i.
Se a oxítona que termina em i não leva acento, a paroxítona que termina em i levará acento.
É só comparar.
 
Babá leva acento.
Por quê?
Ba é uma oxítona que termina em a, logo leva acento.
 
Tapa não leva acento.
Por quê?
Tapa é uma paroxítona que termina em a.
Se a oxítona terminada em a levou acento, a paroxítona terminada em a não levará acento.
Basta comparar!
 
Dessa forma conseguiremos acentuar ou não a maioria das palavras que existem.
Resumindo:
Memoriza as terminações a, e, o, as, es, os, em, ens.
Se a palavra tiver uma dessas terminações, só levará acento caso seja oxítona.
As paroxítonas com as terminações acima não levarão acento.
As paroxítonas, com outras terminações (terminação é a parte final da palavra), levarão acento.
 
Repetindo, para você nunca esquecer:
Se a terminação não estiver na lista acima, sendo oxítona, não leva acento.
Sendo paroxítona, com outra terminação, diferente das letras acima, leva acento.
 
É só comparar.
 
7- Eu não citei as palavras proparoxítonas, aquelas que apresentam a antepenúltima sílaba forte, porque todas as proparoxítonas devem ser acentuadas.
(lâmpada, pêssego, mido,pido, êxodo, gratica, último etc.)
 
Além disso, existem algumas regras complementares, porém quero apenas mostrar que não precisa fundir a cuca memorizando muitas regras de acentuação.
 
Espero que vocês tenham compreendido minha breve explicação e tenham aprovado o meu método!
Essa é a minha forma de interpretar e explicar o assunto.
 
Qualquer indivíduo pode conversar com Deus, porém diz a frase popular que Quem não sabe rezar xinga Deus.

Enfim, não precisa memorizar regras.
Não é necessário cansar a mente.
 
8- O inglês é mais fácil, pois, além de ter menos regras, revela mais objetividade, as pessoas dizem.
 
Eu considero a polissemia, tão peculiar à língua portuguesa, fascinante.
A polissemia ocorre quando uma palavra possui mais de um significado.
 
“A manga doce melou a manga da camisa.”
 
Há, nessa frase, a palavra “manga” duas vezes, porém uma manga significa a fruta e a outra uma parte da camisa.
 
“Zoraide coloca vinte pontos numa folha em branco. Quando ela termina de apagar os vinte pontos, sabe que o chá está no ponto, olha para o ponto e confere se o filho já pegou o ônibus.”
 
Os vintes pontos surgem quando Zoraide encosta a ponta do lápis numa folha. Zoraide apaga os vinte pontos que colocou no papel.
Esse é o tempo suficiente para que o chá esteja preparado (no ponto), momento em que Zoraide olha para o local onde os ônibus param (o ponto de ônibus).
Fantástico, não?
 
9- Recentemente escrevi o acróstico “RC Maduro”.
 
Comentando o poema, criei um texto que cita algumas músicas de Roberto Carlos.
Nesse texto eu imagino Roberto Carlos apressado querendo falar com o advogado dele.

Nessa suposta saída desesperada, há a seguinte parte:
“No caminho encontrou várias fãs, incluindo Rosita, a garota do baile, e uma mulher pequena.”
 
Nessa frase a garota do baile se refere a Rosita, ou seja, Rosita é a garota do baile.
A parte “a garota do baile” é um aposto, pois explica o substantivo citado (Rosita) e pode substituí-lo.
Caso todos soubessem que Rosita é a garota do baile, poderíamos escrever “No caminho encontrou várias fãs, incluindo Rosita e uma mulher pequena.”.
O aposto pode ser retirado numa boa.
 
Imaginemos agora uma outra hipótese!
“No caminho encontrou várias fãs, incluindo Rosita, a garota do baile e uma mulher pequena.”
 
Comparando os textos, o que mudou?
Notem que a vírgula, depois da palavra “baile”, sumiu.
Isso altera a compreensão da frase, pois significa que o cantor encontrou três pessoas: Rosita, a garota do baile e uma mulher pequena.
 
Nesse exemplo, Rosita não é a garota do baile.
São duas pessoas diferentes.
A parte a garota do baile não é mais aposto, pois nada tem a ver com o substantivo anterior.
A interpretação muda somente com a retirada da vírgula.
 
É ou não é maravilhoso?
Justifica ou não justifica os nossos aplausos?
 
10- Eu sugiro que deixemos o inglês para os ingleses e passemos a valorizar a atraente, cativante, deslumbrante, encantadora, fascinante e sedutora língua portuguesa.
 
Se a língua portuguesa fosse uma mulher sensual, parecida com a gata da foto, caso ela passasse por mim, o que eu faria?
Eu não resistiria, quebraria a minha timidez e falaria com ela.
 
Quando ela olhasse para trás, eu a convidaria para dançar comigo a madrugada toda.
Depois do amanhecer, nós desfrutaríamos um delicioso café da manhã.
Meio-dia eu ofertaria um almoço inesquecível.
No finalzinho da tarde,  com as mãos unidas, veríamos o pôr do sol.
Após isso, bastaria repetir o ciclo: dança, café, almoço, pôr do sol.
 
Com a língua portuguesa é a mesma coisa.
Nós sempre estamos juntos.
É o maior grude.
 
O tempo todo...
Ela me abraça e beija dengosinha...
Eu cada vez mais apaixonado e seduzido...
 
Nós dois felizes para sempre!
 
Um abraço!
Ilmar
Enviado por Ilmar em 16/05/2013
Reeditado em 16/05/2013
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