FIGURAS DE LINGUAGEM
As Figuras de Linguagem dividem-se em:
• FIGURAS DE PALAVRAS
# Metáfora - emprego de termo cujo significado é de ordem subjetiva; trata-se de comparação sem o termo comparativo:
O poeta é um operário
Que é perito no ofício
E é no campo literário
Que constrói seu edifício.
(Orpheu Luz leal)
A vida é uma cartola de mágico.
(Érico Veríssimo)
# Metonímia - substituição de um termo por outro, com o qual se relaciona. Existe metonímia quando empregamos:
1. a parte pelo todo:
Quantas bocas alimentas?
2. a causa pelo efeito:
Vivo do meu trabalho.
3. o autor pela obra:
Cecília está lendo Omar Khayyam.
4. o inventor pelo invento:
Valéria teve um Ford azul.
5. a matéria pelo objeto:
Vamos polir os metais.
6. o lugar pela coisa:
Leonardo foi ao Correio.
7. a espécie pelo gênero:
A primavera é a estação das rosas.
8. o gênero pela espécie:
Estas são características dos mortais.
9. o continente pelo conteúdo:
Igor comeu dois pratos de batatas fritas.
10. o concreto pelo abstrato:
Tens bom coração.
11. o lugar pelo produto:
O diretor fumava um havana.
12. o instrumento pela pessoa que o utiliza:
Ricardo é um bom copo.
# Sinédoque - emprego de um termo por outro, existindo entre eles relação de extensão em que um se inclui no outro:
Já viveste mais de vinte primaveras?
É pintando que ele ganha o pão.
Observação - a sinédoque é uma variedade de metonímia.
# Antonomásia ou Perífrase - é a substituição de um nome, próprio ou comum, por uma expressão que o identifique:
O Divino Mestre ( = Jesus Cristo) vive em ti.
O astro-rei ( = sol) brilha sobre nós e aquece-nos.
# Catacrese - emprego de termos que têm relação contraditória, por esquecimento do significado original:
Allan embarcou no trem das dez.
Fábio enterrou o rosto no travesseiro.
# Comparação - confronto de ideias ligadas por conjunção comparativa:
Os cabelos cacheados
Nos teus ombros caídos,
São como raios dourados,
Oh, menina sonhadora...
(Elzio Luz Leal)
Teu irmão é forte qual um touro.
# Sinestesia - emprego de expressões em que se cruzam sensações distintas:
Avista-se o grito das araras.
(Guimarães Rosa)
Ouvimos, lá dentro, uma tosse áspera.
• FIGURAS DE PENSAMENTO
# Antítese - emprego de palavras ou expressões que possuem sentidos opostos:
Uns querem o mal e fazem-nos o bem. Outros nos almejam o bem, e trazem o mal.
(Rui Barbosa, apud Hildebrando A. de André)
Sou meu inferno e meu paraíso.
# Apóstrofe - interpelação a pessoas ou coisas presentes ou ausentes:
Não entenderam então, amigos, que estamos todos condenados a vida?
Leva-me em direção à felicidade, ó destino meu!
# Interrogação - é uma pergunta estilística para a qual não se espera resposta:
Desde quando e até quando?
cair, levantar, cair, levantar,
ralar o joelho, as mãos, a cara
o corpo todo por inteiro...
(Margarida Maria)
Homem, não vês que destróis o ar, a terra, o mar?
# Exclamação - expressão de surpresa que realça a emoção através de interjeições:
Oh! quanto humano sangue derramado!
Que de prantos e lágrimas vertidas!
(Gonçalves Dias)
Quão funda é esta noite em companhia de nossos fantasmas!
# Hipérbole - exagero intencional que tem por objetivo realçar o pensamento:
Ele chegou morto de cansado.
Tua mãe pediu milhões de vezes que não saísses.
# Eufemismo - emprego de palavras ou expressões suaves que substituem outras, de sentido desagradável:
Ele entregou a alma a Deus ( = morreu).
Você faltou com a verdade ( = mentiu).
# Ironia - expressão que sugere o oposto do que se desejaria dizer:
Esta criança é mesmo muito educadinha...
Que prova maravilhosa a sua!
# Litotes - consiste em afirmar através da negação do contrário:
O pai dela já não é tão moço ( = é velho).
Ele não é nem um pouco honesto ( = é desonesto).
# Oxímoro ou Paradoxo - reunião de palavras contrastantes:
Ouça as vozes do silêncio.
Muitas vezes a saudade deixa-nos uma dor gostosa.
# Gradação - sucessão de ideias em progressão ascendente ou descendente:
Encantam-nos a semente, a folha, a flor, o fruto.
És uma estrela, uma lâmpada ou um fósforo apagado?
# Prosopopeia ou Personificação - consiste em atribuir qualidades humanas a seres não humanos:
As águas do rio sussurram segredos.
A joaninha era muito ingênua e faladeira.
• FIGURAS DE CONSTRUÇÃO
# Elipse - omissão de um termo que se subentende facilmente:
Em todo o céu estrelas, em todo o campo flores.
(Castro Alves)
Cláudia avançou sorrindo, os cabelos ao vento.
# Zeugma - omissão de termo já expresso anteriormente:
Rogério entregou o presente a Fernando; Juliana entregou a Gabriel.
Tu não acreditas nela, nem ela em ti.
Observação - zeugma é uma variedade de elipse.
# Polissíndeto - é a repetição enfática da conjunção:
E brinquei, e dancei, e fui vestido de rei...
(Chico Buarque)
Mas não és fogo, mas não és água, mas não és ar?
# Assíndeto - é a omissão da conjunção:
Cantam as cotovias; cintilam as águas; desabrocham os lilases; amadurecem os pêssegos.
Jan chegou, jantou, deitou, dormiu.
# Anástrofe ou Inversão - é a inversão da ordem dos termos na oração ou das orações no período:
Recolhe em suas mãos o menino a poeira do sol.
Quando o tempo passar, voltarás a sorrir.
# Hipérbato - é a inversão com intercalação de termo, cortando-se elementos que estariam, normalmente, ligados:
Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
De um povo heroico o brado retumbante.
(Osório Duque Estrada)
Nem tão alta cortesia
Vi eu jamais praticada
Entre os Tupis, e mais foram
Senhores em gentileza.
(Gonçalves Dias)
# Sínquise - inversão violenta dos termos da oração, tornando a frase obscura:
Entre vinhedo e sebe
Corre uma linfa, e ele no seu de faia
De ao pé do Alfeu tarro escultado bebe.
(Alberto de Oliveira)
A grita se alevanta ao Céu, da gente.
(Camões)
# Silepse - é a concordância ideológica, que é feita com o sentido e não com a palavra expressa. A silepse pode ser:
1. de gênero:
Vivemos na bela Recife.
Vossa Excelência é bondoso.
2. de número:
O povo gritava zangado, furiosos.
A maior parte dos alunos permaneciam em silêncio.
3. de pessoa:
Quando Maria Aparecida surgiu, todos quisemos falar-lhe.
Os brasileiros amamos a música.
# Pleonasmo - repetição de palavras ou expressões, que real-çam o pensamento:
Ele pinta-se a si mesmo belo e honrado.
Os livros, entreguei-os a Caíque.
# Anacoluto - quebra abrupta da construção da frase, que continua de outra maneira:
O forte, o cobarde
Seus feitos inveja.
(Gonçalves Dias)
As meninas da família, creio ser Marina a mais nova.
# Anáfora - é a repetição de palavra ou expressão no início cada frase:
Quem mostra a trilha ao viajor das sombras?
Quem ergue o morto que esfriou o pó?
Quem diz à pedra que não desça o pego?
Quem segue a estrela desgraçada e só?
(Castro Alves)
Sempre finda a treva, sempre nasce o dia, sempre brilha o sol.
# Epístrofe - é a repetição de palavra ou expressão no fim de cada frase:
Alegria é amor, gentileza é amor, ternura é amor.
Toca a dureza da pedra, a frialdade da pedra, a eternidade da pedra.
# Anadiplose - é a repetição da palavra ou expressão que finaliza uma frase no início da frase seguinte:
Meu destino é luz, luz no fim da estrada.
São belas as matas, as matas com seu mistério.
# Epizeuxe ou Repetição - é a seguida repetição de palavra ou expressão:
O telefone chamava, chamava e ninguém atendia.
A fé, sempre a fé, nada é importante como a fé.
# Aliteração - é a repetição de fonema no início, meio ou fim de vocábulos:
Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpias dos violões, vozes veladas.
(Cruz e Sousa)
Suor santificado; sumo, seio, suavidade...
Sonhos, sinos e silêncios.
(Ciça Dutra)