Salve, Batista! Salve,Jorge!
Abrimos os dicionários e lemos: "Salve, interjeição...." No verbete "Vivam as férias" (Dic.de Questões Vernáculas,pág.340 -Ed.Caminho Suave, 1981) o dr.Napoleão nos afirma: "... salve é interjeição em português...."
Entre outras definições (consulte o Caldas 5ª edição, o Melhoramentos, o Michaelis, o Torrinha ...), na Gramática Latina (20ª edição,1985) pág. 316, o dr.Napoleão nos oferece esta: "Ave: saudação dos encontros (=Salve, viva)."
Já em sua Gramática Metódica (34ª ed. -Ed.Saraiva, 1986 ),pág. 365 (2) [dr. Napoleão]: " Esta interjeição, que entra facultativamente no vocativo, não admite depois de si o ponto de exclamação: 'ó menino,não faça isso' - O o de apelo não deve ser confundido com o oh! de admiração; este, sim, admite e sempre requer o ponto de exclamação: 'Oh! que maravilha!' ..."
...dr.Napoleão, Gramática Metódica [1986], pág. 366, notas:1ª.... 2ª.... 3ª :
-"Com exceção do ó de apelo, as interjeições requerem o ponto de exclamação, mas oxalá, tomara e olá só o exigem quando isolados ou em fim de oração ou de frase."
Exemplos (observe a presença constante do ponto de exclamação tendo sempre em mente as preciosíssimas lições do dr.Napoleão):
Camilo Castelo Branco: Salve, Rei! (Poesia)
Júlio Ribeiro: "Salve, região selvática, em que correu veloz a minha infância! Salve, montanhas agrestes, que muito galguei com a fronte rorejada de suor e o coração cheio de crenças! Salve, florestas virgens confidentes de meus primeiros afetos! Salve, cascatas ruidosas, que me desalterastes tanta vez os lábios pulverulentos da jornada! Salve, linfa do riacho, vencida por mim a braço, domada por mim a remo! Salve, céu puríssimo, alentador, de minhas esperanças de menino! Salve, ecos que repetistes as primeiras queixas, salve, terra que bebeste as minhas primeiras lágrimas! Daqui destas plagas de indústria e trabalho, onde o vapor tem trono e a eletricidade um altar, gasto pelo atrito do mundo, sem ter mais no peito uma fibra que possa ressoar em doce acorde – eu ainda te envio uma saudação: Salve, Pouso Alto, Salve!" ( Padre Belchior de Pontes [romance histórico de Júlio Ribeiro].)
Machado de Assis (Esaú e Jacó): "... — 'Salve, Batista, ex-presidente de província!' — 'Salve, Batista, próximo presidente de província!'— 'Salve, Batista, tu serás ministro um dia!' A linguagem dessas profecias era liberal, sem sombra de solecismo. Verdade é que ele se arrependia de as escutar, e forcejava por traduzi-las no velho idioma conservador, mas já lhe iam faltando dicionários. A primeira palavra ainda trazia o sotaque antigo:
'Salve, Batista, ex-presidente de província!'"
Não há o que inventar, independente de novelas, políticas, religiões etc; independente de cargos ou de hinos ou de qualquer outra coisa, tal interjeição significa: "como vai?" (dr.Napoleão.) // (-"Saúde!" "Bom dia!" -Francisco Torrinha, Dic.Latino Português, o qual ainda nos oferece: "salve = adeus" [referindo-se a um morto]. Mas a obs. em "vale" se contradiz.) Como adeus, em latim, o dr.Napoleão nos oferece "vale", Gr.Latina. Idem o Caldas,5ª edição.
"Salve,Jorge!" -"Salve,Batista!" ( ".... Salve, Princípio d'alma, etéreo lume!...." Soneto: Bocage.) "Salve" é interjeição, na língua portuguesa, e ainda encerra a ideia de -"Deus te abençoe!" Conforme o Caldas,5ª edição; o Michaelis 2000 etc.
Dr.Napoleão (Gramática Latina, pág.316, 20ª edição -1985):
"Ave: saudação dos encontros (=Salve, viva).
Salve: saudação de boas vindas (=Como vai?).
Vale: saudação de despedida ou de fim de carta (=Adeus)."