O não tema é tema.

O não tema é tema.

Escrever sem tema, causa incômodo. O texto fica solto, a palavra tem ampla liberdade, a ideia passeia na subjetividade; as frases caminham para o inefável e a caneta responde, desobediente; as conjunções saltam à revelia e o verbo pode pedir qualquer concordância. O tema livre é perigoso, deveras, perigoso.

Putz! Falei uma interjeição! Cadê a ideia? A minha ideia perdeu o acento, todavia, continua para mim, com o mesmo sentido. Estou livre para compor orações e... - Cadê Maria? Fogo! O sujeito sou eu; subjectus.

O papel está pedindo coerência, mas não responsabilidade. O tema, não tema, propõe divagações e, sendo assim, deblatera com a lucidez. My God! Estrangeirismo me retirando do mundo apedeuta. Estou apelando, em gerúndio, para a sintaxe perfeita. Mas, o que é a perfeição? “Nóis não sabe explicarmos”.

O tema livre é uma pilhéria. Eu brinco, falo sério, mas, levo porradas da proposta, todavia, não me vergo diante do abstrato. Sou inexpugnável, sujeito determinado, oculto no momento, em ideias, mas composto para o coletivo. Esse vazio criativo cria dentro do caos as suas teorias e a caneta vai registrando o não tema, que teima em não ser tema. É o conteúdo gritando contra e a caneta murmurando com o papel; frases nascendo e brotando sem a permissão da ideia.

Salve! O não tema teimou, mas brotou. A língua é viva e sempre vai nascer e renascer, assim como, o tema que não é dado, mas não deixa de ser tema.

Mário Paternostro