PONTUAÇÃO (*)



I - Introdução: sinais pausais e sinais melódicos


A língua escrita não dispõe dos inumeráveis recursos rítmicos e melódicos da língua falada. Para suprir esta carência, ou melhor, para reconstituir aproximadamente o movimento vivo da elocução oral, serve-se da PONTUAÇÃO.

Os sinais de pontuação podem ser classificados em dois grupos:

>>>O primeiro grupo compreende os sinais que, fundamentalmente, se destinam a marcar as PAUSAS:


a) a VÍRGULA (,)

b) o PONTO (.)

c) o PONTO-E-VÍRGULA (;)


>>>O segundo grupo abarca os sinais cuja função essencial é marcar a MELODIA, a ENTONAÇÃO:


a) os DOIS PONTOS (:)

b) o PONTO DE INTERROGAÇÃO (?)

c) o PONTO DE EXCLAMAÇÃO (!)

d) as RETICÊNCIAS (...)

e) as ASPAS (" ")

f) os PARÊNTESES ( ( ) )

g) os COLCHETES ( [ ] )

h) o TRAVESSÃO (--)



II - Sinais pausais


1. a VÍRGULA (,)


A VÍRGULA marca uma pausa de pequena duração. Emprega-se não só para separar elementos de uma oração, mas também orações de um só período.


1.1. Emprego da vírgula no interior da oração


No INTERIOR DA ORAÇÃO a vírgula serve


1º) Para separar elementos que exercem a mesma função sintática (sujeito composto, complementos, adjuntos), quando não vêm unidos pelas conjunções e, ou e nem.


Exemplos:

As nuvens, as folhas, os ventos não são deste mundo. (A. MAYER)

Ela tem sua claridade, seus caminhos, suas escadas, seus andaimes.(C. MEIRELES)


2º) Para separar elementos que exercem funções sintáticas diversas, geralmente com a finalidade de realçá-los. Em particular, a VÍRGULA é usada:


a) para isolar o aposto, ou qualquer elemento de valor meramente explicativo:

Ele, o pai, é um mágico. ( ADONIAS FILHO)

b) para isolar o vocativo:

Moço, sertanejo não se doma no brejo.(J. A. DE ALMEIDA)

c) para isolar o adjunto adverbial antecipado:

Depois de algumas horas de sono, voltei ao colégio. (R. POMPÉIA)

d) para isolar os elementos pleonástico ou repetidos:

Ficou branquinha, branquinha.

Com os desgostos humanos. (O. BILAC)


3º) Emprega-se ainda a vírgula no interior da oração:


a) para separar, na datação de um escrito, o nome do lugar:

Teófilo Otoni, 10 de maio de 1917.


b) para indicar a supressão de uma palavra (geralmente o verbo) ou de um grupo de palavras:

Veio a velhice; com ela, a aposentadoria. (H. SALES)



1.2. Emprego da vírgula entre orações



ENTRE ORAÇÕES, emprega-se a vírgula:


1º) Para separar as orações coordenadas assindéticas:

Levantava-me, passeava, tamborilava nos vidros das janelas, assobiava.(M. DE ASSIS)

2º) Para separar as orações coordenadas sindéticas, salvo as introduzidas pela conjunção e:

Cessaram as buzinas, mas prosseguia o alarido nas ruas. (A. M. MACHADO)


Observação:


1ª) Separam-se por VÍRGULA as orações coordenadas unidas pela conjunção e, quando têm sujeito diferente. Exemplo:

O silêncio comeu o eco, e a escuridão abraçou o silêncio. (G. FIGUEIREDO)


Costuma-se também separar por VÍRGULA as orações introduzidas por essa conjunção quando ela vem reiterada:

Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!(O. BILAC)


2ª) Das CONJUNÇÕES ADVERSATIVAS, mas emprega-se sempre no começo da oração; porém, todavia, contudo, entretanto e no entanto, podem vir ora no início da oração, ora após um dos seus termos. No primeiro caso, põe-se uma VÍRGULA antes da conjunção; no segundo, vem ela isolada por vírgulas. Compare-se este período de Machado de Assis:


-- Vá aonde quiser, mas fique morando conosco.

aos seguintes:

-- Vá aonde quiser, porém fique morando conosco...

-- Vá aonde quiser, fique, porém, morando conosco.

Em virtude da acentuada pausa que existe entre as orações acima, podem ser elas separadas, na escrita, por PONTO-E-VÍRGULA. Ao último período é mesmo a pontuação que melhor lhe convém:

-- Vá aonde quiser; fique, porém, morando conosco.


3ª ) Quando conjunção conclusiva, pois vem sempre posposto a um termo da oração a que pertence e, portanto, isolado por vírgulas:

Não pacteia com a ordem; é, pois, uma rebelde. (J. RIBEIRO)

As demais conjunções conclusivas (logo, portanto, por conseguinte, etc.) podem encabeçar a oração ou pospor-se a um dos seus termos. À semelhança das adversativas, escrevem-se, conforme o caso, com uma vírgula anteposta, ou entre vírgulas.


3º) Para isolar as orações intercaladas:

-- Se o alienista tem razão, disse eu comigo, não haverá muito que lastimar o Quincas Borba. (M. DE ASSIS)


4º) Para isolar as orações subordinadas adjetivas explicativas:

Pastor, que sobes o monte,

Que queres galgando-o assim?(O. MARIANO)


5º) Para separar as orações subordinadas adverbiais, principalmente quando antepostas à principal:

Quando tio Severino voltou da fazenda, trouxe para Luciana um periquito.(G. RAMOS)

6º) Para separar as orações reduzidas de gerúndio, de particípio e de infinitivo, quando equivalentes a orações adverbiais:

Não obtendo resultado, indignou-se.(G. RAMOS)

Acocorado a um canto, contemplava-nos impassível.(E. DA CUNHA)

Ao falar, já sabia da resposta. (J.AMADO)

Observações:

1º) Toda oração ou todo termo de oração de valor meramente explicativo pronunciam-se entre pausas; por isso, são isolados por vírgula, na escrita;

2º) Os termos essenciais e integrantes da oração ligam-se uns com os outros sem pausa; não podem, assim, ser separados por vírgula. Esta a razão por que não é admissível o uso da vírgula entre uma oração subordinada substantiva e a sua principal;

3º) Há uns poucos casos em que o emprego da vírgula não corresponde a uma pausa real na fala; é o que se observa, por exemplo, em respostas rápidas do tipo: Sim, senhor. Não, senhor.



2. O PONTO (.)


1. O PONTO assinala a pausa máxima da voz depois de um grupo fônico de final descendente. Emprega-se, pois, fundamentalmente, para indicar o término de uma oração declarativa, seja ela absoluta, seja a derradeira de um período composto:

Nada pode contra o poeta. Nada pode contra esse incorrigível que tão bem vive e se arranja em meio aos destroços do palácio imaginário que lhe caiu em cima.(A. M. MACHADO)


2. Quando os períodos (simples ou compostos) se encadeiam pelos pensamentos que expressam, sucedem-se uns aos outros na mesma linha. Diz-se, neste caso, que estão separados por um PONTO SIMPLES.



Observação

O PONTO tem sido utilizado pelos escritores modernos onde os antigos poriam PONTO-E-VÍRGULA ou mesmo VÍRGULA.


A música toca uma valsa lenta. O desânimo aumenta. Os minutos passam. A orquestra se cala. O vento está mais forte.(E. VERÍSSIMO).


3. Quando se passa de um grupo a outro grupo de idéias, costuma-se marcar a transposição com um maior repouso da voz, o que, na escrita, se representa pelo PONTO-PARÁGRAFO. Deixa-se, então, em branco o resto da linha em que termina um dado grupo ideológico, e inicia-se o seguinte na linha abaixo, com o recuo de algumas letras.

Assim:

Lá embaixo era um mar que crescia.

Começara a chuviscar um pouco. E o carro subia mais para o alto, com destino à casa de Amâncio, que era a melhor da redondeza. (J. L. DO REGO)


4. Ao PONTO que encerra um enunciado escrito dá-se o nome de PONTO-FINAL.



3. O PONTO-E-VÍRGULA (;)


1. Como o nome indica, este sinal serve de intermediário entre o PONTO e a VÍRGULA, podendo aproximar-se ora mais daquele, ora mais desta, segundo os valores pausais e melódicos que representa no texto. No primeiro caso, equivale a uma espécie de PONTO reduzido; no segundo, assemelha-se a uma VÍRGULA alongada.


2. Esta imprecisão do PONTO-E-VÍRGULA faz que o seu emprego dependa substancialmente de contexto. Entretanto, podemos estabelecer que, em princípio, ele é usado:


1º) Para separar num período as orações da mesma natureza que tenham certa extensão:

Todas as obras de Deus são maravilhosas; porém a maior de todas as maravilhas é a existência do mesmo Deus.(M. DE MARICÁ)


2º) Para separar partes de um período, das quais uma pelo menos esteja subdividida por VÍRGULA:

Chamo-me Inácio; ele, Benedito. (M. DE ASSIS)


3º) Para separar os diversos itens de enunciados enumerativos (em leis, decretos, portarias, regulamentos, etc.), como estes que iniciam o Artigo 1º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional:


Art. 1º A educação nacional, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por fim:


a) a compreensão dos direitos e deveres da pessoa humana, do cidadão, do Estado, da família e dos demais grupos que compõem a comunidade;

b) o respeito à dignidade e às liberdades fundamentais do homem;

c) o fortalecimento da unidade nacional e da solidariedade internacional;

d) o desenvolvimento integral da personalidade humana e a sua participação na obra do bem comum

(...)

4. Valor melódico dos sinais pausais


Dissemos que a VÍRGULA, o PONTO e o PONTO-E-VÍRGULA, marcam sobretudo -- e não exclusivamente -- a pausa. No correr do nosso estudo, ressaltamos até algumas das suas características melódicas. É o momento de sintetizá-las:


a) o PONTO corresponde sempre à final descendente de um grupo fônico;


b) a VÍRGULA assinala que a voz fica em suspenso, à espera de que o período se complete;


c) o PONTO-E-VÍRGULA denota em geral uma débil inflexão suspensiva, suficiente, no entanto, para indicar que o período não está concluído.





III - Sinais melódicos (entonação)



1. Os DOIS PONTOS (:)



Os DOIS PONTOS servem para marcar, na escrita, uma sensível suspensão da voz na melodia de uma frase não concluída. Empregam-se, pois, para anunciar:


1º) uma citação (geralmente depois de verbo ou expressão que signifique dizer, responder, perguntar e sinônimos):

Eu lhe responderia: a vida é ilusão...(A. PEIXOTO)


2º) uma enumeração explicativa:

Viajo entre todas as coisas do mundo:

homem, flores, animais, água... (C. MEIRELES)


3º) um esclarecimento, uma síntese ou um conseqüência do que foi enunciado:

Ternura teve uma inspiração: atirar a corda, laçá-la. (A. M. MACHADO)

Não sou alegre nem sou triste:

sou poeta. (C. MEIRELES)


Observação:


Depois do vocativo que encabeça cartas, requerimentos, ofícios, etc. costuma-se colocar DOIS-PONTOS, VÍRGULA, ou PONTO, havendo escritores que, no caso, dispensam qualquer pontuação. Assim:

Prezado senhor: Prezado senhor.

Prezado senhor, Prezado senhor


Sendo o vocativo inicial emitido com entoação suspensiva, deve ser acompanhado, preferentemente, de DOIS-PONTOS ou de VÍRGULA, sinais denotadores daquele tipo de inflexão.



2. O PONTO DE INTERROGAÇÃO (?)


1. É o sinal que se usa no fim de qualquer interrogação direta, ainda que a pergunta não exija resposta:

Sabe você de uma novidade? (A. PEIXOTO)


2. Nos casos em que a pergunta envolve dúvida, costuma-se fazer seguir de RETICÊNCIAS o PONTO-DE-INTERROGAÇÃO:

_ Então?...que foi isso?...a comadre?...(ARTUR AZEVEDO)


3. Nas perguntas que denotam surpresa, ou naquelas que não têm endereço nem resposta, empregam-se por vezes combinados o PONTO-DE-INTERROGAÇÃO E O PONTO-DE-EXCLAMAÇÃO:

Que negócio é esse: cabra falando?! (C. D. DE ANDRADE)


Observação:


O PONTO-DE-INTERROGAÇÃO nunca se usa no fim de uma interrogação indireta, uma vez que esta termina com entoação descendente, exigindo, por isso, um PONTO.

Comparem-se:

-- Quem chegou? [= INTERROGAÇÃO DIRETA]

-- Diga-me quem chegou. [= INTERROGAÇÃO INDIRETA]



3. O PONTO DE EXCLAMAÇÃO (!)


É o sinal que se pospõe a qualquer enunciado de entoação exclamativa. Emprega-se, pois, normalmente:


a) depois de interjeições ou de termos equivalentes, como os vocativos intensivos, as apóstrofes:

Oh! dias de minha infância! (C. DE ABREU)

Deus! ó Deus! onde estás que não respondes?(C. ALVES)


b) depois de um imperativo:

Coração, pára! ou refreia, ou morre!(A. DE OLIVEIRA)

Observação:


A interjeição oh! (escrita com h), que denota geralmente surpresa, alegria ou desejo, vem seguida de PONTO-DE-EXCLAMAÇÃO. Já à interjeição de apelo ó, quando acompanhada de vocativo, não se pospõe PONTO-DE-EXCLAMAÇÃO; este se coloca, no caso, depois do vocativo. Comparem-se os exemplos do item a.



4. As RETICÊNCIAS (...)


1. As RETICÊNCIAS marcam uma interrupção da frase e, conseqüentemente, a suspensão da sua melodia. Empregam-se em casos muito variados. Assim:


a) para indicar que o narrador ou o personagem interrompe uma idéia que começou a exprimir, e passa a considerações acessórias:

-- A tal rapariguinha... Não digam que foi a Pôncia que contou. Menos essa, que não quero enredos comigo! (J. DE ALENCAR)


b) para marcar suspensões provocadas por hesitação, surpresa, dúvida, timidez, ou para assinalar certas inflexões de natureza emocional de quem fala:

Fiador... para o senhor?! Ora!...(G. AMADO)

Falaram todos. Quis falar... Não pude...

Baixei os olhos... e empalideci... (A. TAVARES)


c) para indicar que a idéia que se pretende exprimir não se completa com o término gramatical da frase, e que deve ser suprida com a imaginação do leitor:

Agora é que entendo tudo: as atitudes do pai, o recato da filha... Eu caí numa cilada... (J. MONTELLO)


2. Empregam-se também as RETICÊNCIAS para reproduzir, nos diálogos, não uma suspensão do tom da voz, mas o corte da frase de um personagem pela interferência da fala de outro. Se a fala do personagem continua normalmente depois dessa interferência, costuma-se preceder o seguimento de reticências:


-- Mas não me disse que acha...

-- Acho.

--...Que posso aceitar uma presidência, se me ofereceram?

-- Pode; uma presidência aceita-se. (M. DE ASSIS)


3. Usam-se ainda as RETICÊNCIAS antes de uma palavra ou de uma expressão que se quer realçar:

E teve um fim que nunca se soube... Pobrezinho... Andaria nos doze anos. Filho único. (S. LOPES NETO)



5. As ASPAS (" ")


1. Empregam-se principalmente:

a) no início e no fim de uma citação para distingui-la do resto do contexto:

O poeta espera a hora da morte e só aspira a que ela "não seja vil, manchada de medo, submissão ou cálculo". (MANUEL BANDEIRA)

b) para fazer sobressair termos ou expressões, geralmente não peculiares à linguagem normal de quem escreve (estrangeirismos, arcaísmos, neologismos, vulgarismos, etc.):

Era melhor que fosse "clown". (E. VERÍSSIMO)


c) para acentuar o valor significativo de uma palavra ou expressão:

A palavra "nordeste" é hoje uma palavra desfigurada pela expressão "obras do Nordeste" que quer dizer: "obras contra as secas". E quase não sugere senão as secas. (G. FREYRE) 


Observação:

No emprego das ASPAS, cumpre atender a estes preceitos do Formulário Ortográfico: "Quando a pausa coincide com o final da expressão ou sentença que se acha entre ASPAS, coloca-se o competente sinal de pontuação depois delas, se encerram apenas uma parte da proposição; quando, porém, as ASPAS abrangem todo o período, sentença, frase ou expressão, a respectiva notação fica abrangida por elas:

"Aí temos a lei", dizia o Florentino. "Mas quem as há de segurar? Ninguém." (R. BARBOSA.)

"Mísera! tivesse eu aquela enorme, aquela

Claridade imortal, que toda a luz resume!" (M. DE ASSIS)



6. Os PARÊNTESES ( ( ) )


1. Empregam-se os PARÊNTESES para intercalar num texto qualquer indicação acessória. Seja, por exemplo:

a) uma explicação dada, uma reflexão, um comentário à margem do que se afirma:

Os outros (éramos uma dúzia) andavam também por essa idade, que é o doce-amargo subúrbio da adolescência. (P. MENDES CAMPOS)

b) uma nota emocional, expressa geralmente em forma exclamativa, ou interrogativa:

Havia a escola, que era azul e tinha

Um mestre mau, de assustador pigarro...

(Meu Deus! que é isto? que emoção a minha

Quando estas coisas tão singelas narro?)(B. LOPES)


Observação:

Entre as explicações e as circunstâncias acessórias que costumam ser escritas entre PARÊNTESES, incluem-se as referências a data, a indicações bibliográficas, etc.:

"Boa noite, Maria! Eu vou-me embora."

(CASTRO ALVES. Espumas Flutuantes, Bahia, 1870, p. 71)


2. Usam-se também os PARÊNTESES para isolar orações intercaladas com verbos declarativos:

Uma vez (contavam) a polícia tinha conseguido deitar a mão nele. (A. DOURADO)

O que se faz mais freqüentemente por meio de vírgulas ou de travessões.



7. Os COLCHETES ( [ ] )


Os COLCHETES são uma variedade de PARÊNTESES, mas de uso restrito. Empregam-se:


a) quando numa transcrição de texto alheio, o autor intercala observações próprias, como nesta nota de SOUSA DA SILVEIRA a um passo de CASIMIRO DE ABREU:

Entenda-se, pois: "Obrigado! obrigado [pelo teu canto em que] tu respondes [à minha pergunta sobre o porvir (versos 11-12) e me acenas para o futuro (versos 14 e 85), embora o que eu percebo no horizonte me pareça apenas uma nuvem (verso 15)]."


b) quando se deseja incluir, numa referência bibliográfica, indicação que não conste da obra citada, como neste exemplo:

ALENCAR, José de. O Guarani, 2 ed. Rio de Janeiro, B. L. Garnier Editor [1864].



8. O TRAVESSÃO (--)


Emprega-se principalmente em dois casos:


a) Para indicar, nos diálogos, a mudança de interlocutor:

-- Muito bom dia, meu compadre.

-- Por que não apeia, compadre Vitorino?

-- Estou com pressa.(J. LINS DO REGO)


b) Para isolar, num contexto, palavras ou frases. Neste caso, usa-se geralmente o TRAVESSÃO DUPLO:

Duas horas depois -- a tempestade ainda dominava a cidade e o mar -- o "Canavieiras" ia encostando no cais. (J. AMADO)


Mas não é raro o emprego de um só TRAVESSÃO para destacar, enfaticamente, a parte final de um enunciado:

Um povo é tanto mais elevado quanto mais se interessa pelas coisas inúteis -- a filosofia e a arte.(J. AMADO)


Observação:

Emprega-se o travessão, e não o hífen, para ligar palavras ou grupo de palavras que formam, pelo assim dizer, uma cadeia na frase:
o trajeto Mauá-Cascadura; 
a estrada de ferro Rio-Petrópolis; 
a linha aérea Brasil-Argentina; 
o percurso Barcas-Tijuca.


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Fontes:

Nova Gramática do Português Contemporâneo (Celso Cunha)
pOr trÁs dAs LeTraS (Hélio Consolaro)

Metodologia do Ensino de Redação ( Hermínio Sargentim)