Breviário da conjugação dos verbos da língua portuguesa em http://books.google.com.br/books/about/Brevi%C3%A1rio_da_conjuga%C3%A7%C3%A3o_dos_verbos_da.html?id=QsNQAAAAMAAJ&redir_esc=y e http://cirandadasletras.wordpress.com/category/verbos/

É um dicionário especializado de verbos- excelente - para esclarecimento de dúvidas na conjugação de verbos.

A minha edição da Francisco Alves é de 1990, p.158

Autor: Otelo Reis

Editora: VILLA RICA

Área(s): LINGUÍSTICA

ISBN: 8573445807 - Páginas:158

http://www.livrariaresposta.com.br/v2/produto.php?id=130678&origem=1

______________________

VEJA A CITAÇÃO DE OTELO REIS em http://cirandadasletras.wordpress.com/category/verbos/

HAVER OU A VER?

Mais frequente do que possa parecer é a dúvida na hora de escrever certas

expressões de uso corriqueiro.

Conhecer o significado das palavras é importante, pois só assim o falante

ou escritor será capaz de selecionar a palavra certa para construir a

sua mensagem.

“A ver” e “haver” são dois bons exemplos de homófonos, termos que

são pronunciados da mesma maneira e que, exatamente por isso,

geram muitas dúvidas de grafia. A expressão que equivale a

“ter vínculo, relação” é muito comum em nossa fala; o grande problema

surge na hora de escrevê-la.

Qual das duas seria a adequada?

Típica da linguagem falada, a expressão aparece escrita das duas

maneiras.

“Haver”, sem ter o sentido de “existir”, transmite a ideia de dívida,

de que alguém precisa reaver uma quantia ou algo perdido. Por isso,

não tem nada a ver com “a ver”, que, agora sim, significa “ter

vínculo com”. Esta expressão é a simplificação de outra utilizada

antigamente: “que ver”, possivelmente modificada para adquirir uma

sonoridade mais agradável.

Quando alguma coisa tem algum tipo de relação com outra, dizemos que

ela “tem que ver” com outra, ou seja, tem algo que ver com outra. Essa é a

construção original. Com o tempo, o pronome “que” passou a alternar-se

com a preposição “a”, surgindo a expressão, hoje tão comum, “ter a ver”.

O mesmo ocorreu com construção similar, em que o verbo é o “dizer”.

A construção “não tinha nada que dizer” (cujo sentido é “não tinha coisa

alguma que dizer”) passou a alternar-se com “não tinha nada a dizer”,

hoje mais frequente. Em ambos os casos, as duas construções são

consideradas corretas (“ter que dizer” e “ter a dizer”; “ter que ver”

e “ter a ver”).

A expressão “nada a ver” tem uma forma equivalente “nada que ver”,

ou seja, “não tem relação com”.

Observe que nesse tipo de expressão não ocorre o verbo haver e sim

o verbo ver precedido da preposição a.

Ter a ver= ter relação (com), dizer respeito (a).

Ter a haver= ter a receber.

O João não tem nada a ver com este problema – O problema não diz

respeito ao João, não está relacionado com ele.

O João não tem nada a haver - O João não tem nada para receber.

A Maria não tem nada a haver – A Maria não tem nenhuma dívida

para receber.

Esta roupa não tem nada a ver – Esta roupa não combina nada com

a ocasião.

Lembre-se:

Nada a ver é o modo correto de escrever e falar, e não nada haver.

Em seu tom brincalhão de criticar erros de Gramática, Arnaldo Niskier

diz que “nada haver é que não tem nada a ver com a norma

culta”.

Fontes:

Manual de Redação Profissional, de José Maria da Costa

http://educacao.uol.com.br/dicas-portugues

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Verbo intervir sábado, jul 21 2012

Cotidiano and Curiosidades and Verbos and Vocabulário interferir, interveio, intervier, intervir, interviu cirandadasletras 5:25 PM

Verbo intervir

Com frequência, ouvimos alguém falar “fulano” interviu.

Intervir significa interferir, interpor autoridade e é verbo que, como

“provir” e “advir”, deriva do verbo “vir”. Dessa maneira, fica fácil deduzir

que se conjuga exatamente como o verbo de origem, mantendo seu

comportamento irregular.

A ninguém ocorreria dizer “ele viu” no lugar de “ele veio”, pois cada forma

se refere a um verbo diferente: “viu” é a flexão de pretérito perfeito do

verbo “ver“, “veio” é a flexão de pretérito perfeito do verbo “vir“.

Se dizemos que alguém veio, também devemos dizer que alguém interveio.

É simples: basta conjugar primeiro o verbo “vir” (não “ver”) e, em seguida,

acrescentar o prefixo “inter-”. Assim:

ele veio - ele interveio,

se ele viesse – se ele interviesse,

se ele vier – se ele intervier e assim por diante.

Ocorre, porém, que o verbo”intervir”, assim como o “vir” – que é sua base – é

um verbo irregular, cujo particípio é idêntico ao gerúndio. Assim,

tanto o gerúndio como o particípio do “intervir” assumem a forma

“intervindo“. Como se distingue um do outro? Também é simples: pelo

contexto. Assim:

Numa frase como “Ele continua intervindo fora de hora na discussão”,

“intervindo” está no gerúndio, pois indica uma ação em curso (ele continua

fazendo alguma coisa).

Numa frase como “Ele tinha intervindo na discussão antes de ela chegar”,

“intervindo” está no particípio, pois indica uma ação terminada, situação que

se constrói com os auxiliares “ter” ou “haver” (ele tinha/havia feito alguma

coisa).

Não existe a forma “vido”, portanto, não existe a forma “intervido”.

Observe o presente do indicativo:

eu venho (intervenho)

ele vem (intervém)

nós vimos (intervimos)

eles vêm (intervêm).

Reparou? Na terceira pessoa do singular, há uma pequena diferença. Vem

não recebe acento. Mas intervém ganha o acento. Sabe por quê? Porque

seguem as regras de acentuação gráfica. Ambos terminam em em, mas não

são iguais.

Vem é monossilábico como bem e não se acentua.

Intervém tem mais de uma sílaba como alguém, ninguém, armazém

e recebe acento.

Dica 1: Os verbos ter e vir levam acento circunflexo na terceira pessoa do

plural do presente do indicativo. Os verbos derivados de ter e vir (deter,

conter, manter, intervir, convir etc.) recebem acento agudo na terceira

pessoa do singular do presente do indicativo e acento circunflexo

na terceira pessoa do plural. As duas formas são acentuadas porque

ambas são oxítonas terminadas em “-em”.

O pretérito e os tempos dele derivados também merecem atenção.

Pretérito perfeito:

eu vim (intervim),

ele veio (interveio),

nós viemos (interviemos),

eles vieram (intervieram).

Imperfeito do subjuntivo:

se eu viesse (interviesse),

se ele viesse (interviesse),

se nós viéssemos (interviéssemos),

se eles viessem (interviessem).

Futuro do subjuntivo:

se eu vier (intervier),

se ele vier (intervier),

se nós viermos (interviermos),

se eles vierem (intervierem).

Sendo assim, as frases abaixo estão corretas:

O pai interveio nos negócios do filho.

Será que os acionistas intervieram na administração da empresa?

O Banco Central intervém nos bancos que não cumprem as determinações.

Se o Banco Central interviesse antes de as instituições falirem, a população

teria menos prejuízos.

Percebeu o quanto “interferir” ou “interpor autoridade” é uma situação

delicada?

Dica 2: Acredito que a única ocasião em que a palavra “interviu” não está

errada é quando se fala “entrevista” em inglês: Interview.

Fontes:

http://educacao.uol.com.br/dicas-portugues

Gramática completa para concursos e vestibulares, de Nilson Teixeira de Almeida

1001 dúvidas de português, de José de Nicola e Ernani Terra

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“É nóis”, preconceito linguístico quinta-feira, jul 5 2012

Cotidiano and Curiosidades and Verbos and Vocabulário é nóis, nóis na fita, periferia, rap cirandadasletras 12:51 AM

O que o rap tem a ver com a Copa Santander Libertadores?

O rap, de origem norte-americana, chegou ao Brasil no final da década de 70,

na periferia de São Paulo. Conquistou adeptos e foi assimilado pela realidade

brasileira como força de expressão dos jovens das periferias. O termo rap

vem das palavras “rhythm and poetry” (ritmo e poesia) e une arte e discurso

político; constitui-se como estilo musical de protesto, como um atividade

cultural de massa, denunciando a injustiça social. As letras do rap chamam a

atenção pelo conteúdo sempre forte. Na verdade, elas denunciam a exclusão,

pois contêm termos como “classes dominante”, “capitalismo”, “opressão” e

“injustiça” que aparecem como os grandes males que assolam os

desfavorecidos. Além do conteúdo, a estrutura das letras também gera

polêmica por ignorar a norma culta da linguagem e reproduzir o estilo das

ruas: cheia de gírias e regras próprias de concordância e plural. “É nóis na

fita, tá ligado?”

Todos nós sabemos que o correto é “somos nós na fita”, mas esta expressão

não teria sentido nem graça nenhuma, até pelo fato de ela ser usada em

situações completamente informais e também para chocar um pouco.

É claro que, normativamente, “É nóis na fita” não é adequado, já que não há

concordância verbal e a grafia “nóis“, que espelha a pronúncia de vários

brasileiros, não se encontra dicionarizada. Aliás, esse i de apoio, bem comum

antes das letras s ou z, como em arro(i)z, fa(i)z, fe(i)z, pu(i)s, etc., chama-se

epêntese e é um fenômeno linguístico que atinge quase todo o Brasil.

Epêntese é o desenvolvimento de fonema(s) no meio de uma palavra.

“É nóis na fita” é o reflexo direto de uma maneira de falar popular, que se

identifica com o ambiente dos estádios de futebol, paixão de multidões.

Quando um grupo de fanáticos por futebol apresenta faixas com frases

escritas em português errado, não devemos interpretá-las como um sintoma

de decadência linguística, mas sim como um sinal de coesão de grupo,

afirmando lealdade a um clube e hostilidade a um adversário. Chamamos de

preconceito lingüístico a resistência exercida por parte dos supostos

dominadores da norma culta, que insistem em repudiar a linguagem

coloquial.

Na informalidade, a expressão “É nóis na fita” significa “estar em todas, estar

no lugar certo na hora certa, aceitar para ir a algum lugar.” É uma forma de

valorização de uma cultura para reforçar os laços dentro da própria

comunidade. No caso da torcida, é uma identificação entre os torcedores que

ultrapassou os limites da periferia.

E por falar em clube, em paixão futebolística e em linguagem de periferia,

quero parabenizar a nação corintiana pela conquista da Copa Santander

Libertadores. Certamente é o primeiro de muitos títulos de campeão das

Américas. “É nóis!”

Perdoe-me, norma culta, mas é muita emoção!

Fontes:

http://ciberduvidas.pt

www.sescsp.org.br/revistas

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Verbo torcer, torcida sábado, jun 30 2012

Preposições and Regência verbal and Substantivos and Verbos torcer para, torcer pelo, torcer por, verbo transitivo direto, verbo transitivo indireto cirandadasletras 10:46 PM

Verbo torcer

É um verbo com muitos significados, dependendo do que se quer dizer, ou seja, da oração.

Dentre os vários usos dele, como transitivo indireto e como intransitivo, temos o do meio esportivo, que é o assunto de hoje.

a. Torcer pelo (a): manifestar sua predileção (pela vitória de uma equipe desportiva, uma agremiação), que pode ser incentivando os jogadores de um clube, gesticulando, gritando, pulando, cantando, etc. Encerra uma oração, portanto, não exige complemento. Pode-se dizer que torcer pelo (a) é sempre a favor.

Torço pelo (Corinthians, ou Palmeiras, ou Grêmio, ou Atlético, ou qualquer outro time).

Sempre torceu pela Portuguesa.

b. Torcer para (que): somente como verbo intransitivo. A preposição para indica finalidade. Exige complemento, que é uma oração (com verbo).

“Vamos torcer para que tudo dê certo.”

“Eu torço para que a seleção de vôlei vença o campeonato mundial.”

c. Torcer por: com o sentido de fazer torcida, desejar vivamente, acompanhar iniciativas ou ações de alguém com desejo de que tenha sucesso; desejar vitória. Exige complemento, que é a preposição por.

Ficamos aqui torcendo por você.

Veja que belo exemplo; por favor, desconsidere a brincadeira:

“Romário diz que torce por Romarinho e pelo Corinthians, mas avisa: ‘o cara’ sou eu.”

Dica:

Para ficar mais fácil, memorize assim:

Torcer por + substantivo ou pronome.

“Romário diz que torce por Romarinho. ” (substantivo próprio)

Estamos torcendo por você. (pronome)

Torcer para + oração (com verbo).

Estamos torcendo para você conseguir seu intento.

Romário torce para o Corinthians vencer o jogo.

Por falar em futebol, é comum ouvirmos:

“O torneio será decidido no saldo de gols”. O correto é decidir o torneio pelo saldo de gols.

É importante lembrar também que se vence, perde ou empata “por” qualquer placar. O correto, portanto, é dizer que “venceu por três a zero”, “perdeu por dois a um” e “empataram por zero a zero”.

Fontes:

Dicionário Prático de Regência Verbal, de Celso Pedro Luft

blog do Professor Sérgio Nogueira

http://www.gramaticaonline.com.br/texto/892/Verbos_transitivos_indiretos

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Concordância verbal domingo, jun 10 2012

Hífen and Nova Ortografia and Pronome and Regência verbal and Verbos existir, fazer, haver, mim, ser, ter cirandadasletras 3:02 PM

“Haviam” coisas

Crônica de Fernanda Torres, publicada na “Veja Rio”, junho de 2012.

Felipe Pinheiro, meu saudoso amigo, costumava fazer uma brincadeira que

adoro repetir sobre a epidemia do “pra mim fazer”. Quando um “pra mim

andar” ou “pra mim comer” lhe feria os ouvidos, meu compadre franzia as

sobrancelhas e repetia, entre o irritado e o desesperado: “Mim não faz nada!

Mim não anda! Mim não come! Mim não faz coisa nenhuma!”.

Existem infindáveis “mins” realizando façanhas por aí, com o risco,

inclusive, de ser aceitos pela norma culta. Se os que defendem que a

linguagem já nasce com o homem estiverem corretos, e o neném berrar na

sala de parto seguindo a concordância, o “pra mim errar” deve ser um

defeito grave de fabricação.

Meu mim não age. É dos poucos orgulhos que eu tenho do meu português.

Tenho um conhecimento pífio de gramática, escrevo de ouvido, herança da

escola experimental. Passei anos com medo de desejar um bom-dia por

escrito ao João Ubaldo Ribeiro. “Será que tem hífen?”, eu pensava. Um

bloqueio assustador, como se estivesse prestando um exame. Só usava

frases curtas, quase bilhetes e, mesmo assim, no sufoco.

Recentemente, eu me correspondi com um conterrâneo do Ubaldo

igualmente culto e amante da última flor do Lácio. Fui bem, consegui

desenvolver um raciocínio aceitável, mas, lá no fim do último parágrafo da

caudalosa epístola, escrevi que “haviam incongruências”. As

incongruências não importam, já o haviam…

“No Brasil, usamos o verbo ter no lugar do haver. ‘Tem um buraco enorme

do lado esquerdo.’ Pois bem, mesmo que fossem dois (ou sete) buracos, o

verbo permaneceria no singular: ‘tem sete buracos enormes do lado

esquerdo’. Igual a ‘há sete buracos enormes do lado esquerdo’. Até aí, tudo

bem, ninguém erra se usar o verbo haver: ninguém diz ‘hão sete buracos

enormes’. Mas, se vai para o passado, neguinho fica com medo de não fazer a

concordância e flexiona o verbo: ‘haviam sete buracos’. O certo é ‘havia sete

buracos’. Nem ‘houveram sete assaltos’ (saí do buraco porque não dá para

fazer uma frase convincente com buracos e o verbo no pretérito perfeito:

houve, houveram; o imperfeito é havia, haviam).

O certo é ‘houve sete assaltos’. Ou ‘teve sete assaltos’. Claro que com o verbo

ter você vai encontrar situações de flexão correta: ‘Os bancos tiveram sete

assaltos este mês’. Porque aí o sujeito da frase é ‘os bancos’. É como dizer ‘os

bancos sofreram sete assaltos’. Mas dizer que meramente houve assaltos

não implica ‘assaltos’ ser o sujeito. Houve o que houve, há o que há, havia o

que havia; o verbo haver aí é impessoal. O verbo ter, quando o substitui em

casos iguais, também.”

Agradeci de joelhos a paciência e a aula, mas o lodaçal piorou. E existe?

Existem sete buracos? Ou existe sete buracos? Quem existe é o buraco,

então, deve ser existem. E os dias? “Hoje é 15 de setembro”? Ou “são 15”? As

horas eu sei que são. E faz? É impessoal ou não? “Fazem quinze anos” ou “faz

quinze anos”? É faz. A razão, segundo fui informada, beira a filosofia: é

porque o tempo é.

O pediatra do meu filho tinha 14 anos quando enfrentou uma sequência de

zeros distribuída democraticamente pelo professor belga de matemática do

Santo Inácio. O pai recorreu a aulas particulares com um conterrâneo do

mestre. O europeu mal-humorado explicou que só existem quatro

operações relevantes: soma, subtração, multiplicação e divisão, depois,

escreveu na lousa: 2+2, 2-2, 2×2 e 2:2 e pediu que o aluno resolvesse.

Quando o rapaz terminou, o professor aconselhou um reforço em

português. A dificuldade estava na leitura do enunciado dos problemas.

Todas as falhas de compreensão pertenciam à lógica.

Nesse quesito, português só perde para a física em matéria de dificuldade.

O pouco que fixei, hoje, só me serve para entregar a idade.

A última reforma ortográfica dizimou os acentos. O computador conserta,

mas eu redigito o agudo do “o” de “jóia” e “clarabóia”. Não aguento “joía” e

“claraboía”. Voo, também, não tem mais circunflexo, virou “voo”. E não se

distingue mais “história” de “estória”, uma sutileza que me agradava

imenso.

Depois de tanta ignorância confessa, só não peço demissão por medo de

redigir a carta.

Fonte:

vejario.abril.com.br/blog/fernanda-torres/cronica-da…/“haviam”-cois.

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Ortografia, parônimos, homônimos sábado, mai 26 2012

Cotidiano and Substantivos and Uncategorized and Verbos and Vocabulário dicas para concursos, homônimos, ortografia, parônimos cirandadasletras 1:34 PM

Ortografia – parte I

Você sabe que ortografia é a parte da gramática normativa que trata da

maneira de escrever corretamente as palavras. Sabe também que palavras

escritas de forma errada em um texto contaminam as informações e levantam

dúvidas sobre sua confiabilidade. Pior, o erro de grafia em palavras é fonte de

descrédito, discriminação e geralmente leva o indivíduo que comete

equívocos a julgamento negativo sobre o domínio da língua.

Em Português existem várias palavras parecidas na grafia ou na pronúncia,

mas com significados diferentes; existem também palavras que possuem a

mesma pronúncia, ou a mesma grafia, mas significados diferentes. Por

enquanto veremos os casos de parônimos e homônimos.

Parônimas são palavras parecidas na grafia ou na pronúncia, mas têm

significados diferentes.

absolver: perdoar, inocentar absorver: aspirar, sorver

apóstrofe: figura de linguagem apóstrofo: sinal gráfico

arrear: pôr arreio arriar: baixar, ceder

bebedor: aquele que bebe bebedouro: local onde se bebe

cavaleiro: que cavalga cavalheiro: homem cortês

comprimento: extensão cumprimento: saudação

delatar: denunciar dilatar: alargar

descriminar: tirar a culpa discriminar: distinguir

docente: relativo a professores discente: relativo a alunos

emigrar: deixar um país imigrar: entrar num país

Eminente: ilustre iminente: que está para acontecer

flagrante: evidente fragrante: perfumado

inflação: alta dos preços infração: violação

ratificar: confirmar retificar: corrigir

soar: produzir som suar: transpirar

tráfego: trânsito tráfico: comércio ilegal

vultoso: volumoso vultuoso: atacado de vultuosidade, congestão na face.

Recordando: homo (do grego) significa “igual”, “semelhante”.

Homônimas são palavras que possuem a mesma pronúncia ou a

mesma grafia, mas significados diferentes. Subdividem-se em:

Homófonas – têm a mesma pronúncia, mas grafias diferentes.

cela: pequeno quarto sela: arreio, forma do verbo selar

censo: recenseamento, contagem senso: entendimento, juízo, tino

cerração: nevoeiro denso serração: ato de serrar

cito: forma do verbo citar sito: situado

concerto: sessão musical conserto: reparo

empoçar: formar poça empossar: dar posse a

esperto: atento, vigilante experto: experiente, perito

esterno: osso do peito externo: exterior

incerto: não certo, impreciso inserto: inserido, introduzido

ruço: meio pardo, gasto russo: relativo à Rússia

tachar: atribuir defeito a taxar: fixar taxa, tributar

Abaixo: embaixo, sob: sua classificação foi abaixoda minha.A baixo: para baixo, até embaixo: “Eles puseram o apartamento a baixo. Ele me olhava de alto a baixo”.

____________________________________________________________________

Acerca de: sobre, a respeito de: “Discutimos acerca deuma melhor saída para o caso”.

A cerca de: a uma distância aproximada de (ideia de distância): “Estamos a cerca de dez quilômetros do estádio”. “Estamos a cerca de um mês ou (ano) das eleições”.

Há cerca de: faz aproximadamente (tempo transcorrido): “Há cerca de um ano, tratamos de caso idêntico”. Também no sentido de existir, de aproximadamente: “Há cerca de mil títulos no catálogo. Há cerca de 20 pessoas na sala”.

____________________________________________________________________

A fim de: para, com a finalidade de, com o propósito de: “Estuda a fim de vencer a barreira do vestibular.” “Veio a fim de trabalhar”.

Afim: semelhante, que apresenta afinidade: “As duas têm pensamentos afins”.

____________________________________________________________________

Sessão: qualquer tipo de reunião: sessão na Câmara, sessão de cinema.

* Dica: é uma “reunião de esses”. São três: um no início e dois no meio)

Seção: departamento, setor, área, divisão, repartição: seção de vendas, seção de importados.

* Dica: é derivado do verbo seccionar que é cortar, dividir. Ainda é usada no sentido de “corte”, ato de seccionar. Fazer uma secção significa fazer um corte.

Cessão: ato de ceder: Ele fez a cessão de seus direitos autorais.

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Sesta: descanso após o almoço: gosta de uma sesta aos sábados.

Sexta: numeral ordinal de seis; ela foi a sexta colocada.

Cesta: objeto para guarda ou transporte: jogou o lixo na cesta.

Homógrafas – têm a mesma grafia, mas pronúncias diferentes.

Governo (substantivo) governo (forma do verbo governar)

Colher (substantivo) colher (verbo)

Homógrafas homófonas que são os homônimos perfeitos, pois

possuem a mesma grafia e a mesma pronúncia.

cedo (advérbio) cedo (do verbo ceder)

cabo (corda, extremidade) cabo (patente militar)

canto (esquina) canto (som musical) canto (forma do verbo cantar)

mato (substantivo) mato (forma do verbo matar)

manga (fruta) manga (parte da camisa)

quarto (aposento) quarto (ordinal)

banco (local ou depósito para armazenagem) banco (assento) banco (do verbo bancar) banco (instituição financeira)

Quando usar uma ou outra? O sentido define. Tudo depende do que você quer

dizer. Na dúvida, não confie nos ouvidos, consulte um dicionário; aliás,

sempre consulte um dicionário.

Para reflexão:

Habilidades como ler, escrever, nadar, correr, digitar e tantas outras exigem

treino para se desenvolverem. Leitura e escrita têm uma relação íntima.

Quanto mais se lê, mais se enriquece o vocabulário e melhor se escreve.

Fontes:

Curso Prático de Gramática – Ernani Terra

Manual de Redação Profissional – José Maria da Costa

Dicas do Professor Sérgio Nogueira

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Ocorrência da crase sábado, abr 28 2012

Artigo and Cotidiano and Crase and Preposições and Pronome and Verbos acento grave, crase, feminino, impossível, matemática cirandadasletras 11:37 PM

CRASE SEM SUSTOS

A palavra crase provém do grego krasis e significa “fusão”, “junção”,

“mistura”. Em Português, ocorre a crase com as vogais idênticas a + a = à.

E o acento grave tem hoje por função única em Português representar a

ocorrência da crase. É uma situação quase igual a do trema que depois da

reforma ortográfica só aparece em palavras estrangeiras; praticamente

caiu no esquecimento.

Observe que a ocorrência da crase é uma expressão matemática.

a + a = à

50% + 50% = 100%

Veja que, embora idênticas, as vogais pertencem a categorias

gramaticais deferentes. O primeiro a é sempre uma preposição;

aí já temos 50%. O segundo a – os outros 50% – pode ser:

O artigo feminino a ou as:

Preposição artigo

Fui a + a feira.

50% + 50% =

\ /

Fui à feira.

100%

Preposição artigos

Retornamos a + as praias.

50% + 50% =

Retornamos às praias.

100%

O a que inicia os pronomes demonstrativos aquele(s),

aquela(s), aquilo:

Preposição pronome

Fui a + aquele restaurante

50% + 50% =

Fui àquele restaurante

100%

O a dos pronomes relativos a qual ou as quais:

Preposição pronome

A cidade a + qual nos referimos fica longe.

50% + 50% =

A cidade à qual nos referimos fica longe.

100%

O pronome demonstrativo a ou as:

Preposição pronome

Esta caneta é semelhante a + que me deste.

50% + 50% =

Esta caneta é semelhante à que me deste.

100%

Dica:

O, a, os, as são pronomes demonstrativos quando equivalem a

aquele(s) aquela(s), antecedendo o pronome relativo que.

Ficou claro por que a ocorrência da crase é uma conta matemática,

uma adição? Você começa com uma parcela de 50% que sempre

é a preposição, ou seja, com a metade da expressão

identificada. Depois, é só identificar a categoria gramatical da

palavra que vem a seguir para resolver a conta.

Simples demais, não?

As categorias gramaticais têm tamanha importância que cada uma

delas receberá um post especial.

Mas, antes das peculiaridades das categorias gramaticais, você já resolve

outro problema muito importante: os casos em que a ocorrência de

crase é impossível. O motivo? A expressão matemática

não se completa simplesmente porque não existe o outro a para fazer

a junção, a mistura.

São eles:

1. Antes de masculino:

Gostava de andar a cavalo.

Viajou a serviço.

Vendeu tudo a prazo.

Comprou um fogão a gás.

2. Antes de verbo:

Começou a redigir.

Estamos dispostos a colaborar.

A lei entra em vigor a partir de hoje.

3. A(singular) + palavra no plural:

Referia-se a cidades do interior.

Não me refiro a mulheres, e sim a crianças.

Presto favores a pessoas dignas.

O capital da empresa pertence a entidades governamentais.

4. Antes de artigo indefinido (=uma):

O infrator ficará sujeito a uma multa a ser definida.

Ofereceu o prêmio a uma funcionária dedicada.

5. Antes de nome feminino tomado em sentido genérico ou indeterminado:

O infrator ficará sujeito a multa.

Ela é candidata a rainha do carnaval.

6. Antes de pronome indefinido ou palavra por ele modificada:

Entregou o livro a alguém.

Isto é útil a qualquer pessoa.

Não irei a festa alguma.

7. Antes de pronome demonstrativo (=esta, essa, isto, isso):

Estamos atentos a essa tendência.

Ofereceu o prêmio a esta aluna.

8. Antes de pronome pessoal:

Dedicou a canção a mim.

Entregou a ela tudo que pediu.

Elas feriram a si mesmas.

9. Antes de pronomes de tratamento:

Dei a carta a Sua Excelência.

Ele disse a Vossa Senhoria que não viria.

Contei tudo a D. Francisca.

Exceções: Senhora, Senhorita, Doutora e Madame.

Transmiti o recado à Senhora Eva.

Entreguei o livro à Dra. Márcia.

10. Antes de quem e cujo(s), cuja(s):

Isto convém a quem trai.

É a autora a cuja peça me referi.

11. Entre palavras repetidas:

Ficaram cara a cara.

O líquido cai gota a gota.

Venceu de ponta a ponta.

12. Antes de terra antônimo de bordo:

Mandou o marinheiro a terra.

Depois de tantos dias no mar, chegamos a terra.

Observação: qualquer outra terra (inclusive o planeta Terra) admite crase.

Depois de tantos dias no mar, chegamos à terra procurada.

Vou à terra dos meus avós.

O astronauta voltou à Terra.

13. Antes de casa = lar, sua própria casa:

Vou a casa.

Ele ainda não retornou a casa desde aquele dia.

Observação: qualquer outra casa admite crase.

Vou à casa dos meus pais.

Ele ainda não retornou à casa dele.

Fontes:

Curso Prático de Gramática, de Ernani Terra

Blog do Professor Sérgio Nogueira

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Verbo moscar terça-feira, abr 10 2012

Cotidiano and Curiosidades and Verbos and Vocabulário moscando, moscar, verbos irregulares cirandadasletras 12:27 AM

VERBO MOSCAR

Esse verbo é interessante quanto ao sentido. Quem nunca falou ou

ouviu falar que “alguém estava ou esteve moscando” ou que

“alguém moscou”?

Na linguagem popular o verbo moscar é interpretado como ficar

desatento, não prestar atenção no que acontece à sua volta, pessoa que não

está entendendo nada ou que fica vacilando. Toma emprestado o

sentido de mosca-morta que é pessoa sem animação, molenga, acomodado,

apatetado, ou o sentido de comer mosca que é ser enganado, não perceber,

não compreender algo.

Entretanto, sua significação ou seu significado de acordo com

os dicionários é o contrário disso; quer dizer “fugir das moscas,

como faz o gado”, “desaparecer da presença de alguém”,

“fugir apressadamente”.

Ele é mais usado como verbo pronominal moscar-se no sentido de

sumir-se, eclipsar-se, safar-se, escapulir-se, escafeder-se.

Outro detalhe interessante: por ser um verbo irregular, sua conjugação no

presente e no pretérito perfeito do modo indicativo e no presente do

subjuntivo fica assim:

Presente do indicativo: eu musco, tu muscas, ele musca, nós

moscamos, vós moscais, eles muscam.

Pretérito perfeito do Indicativo: eu mosquei, moscaste, moscou,

moscamos, moscastes, moscaram.

Pres. do subjuntivo: que eu musque, musques, musque,

mosquemos, mosqueis, musquem.

Portanto, o presente do indicativo não é eu mosco, tu moscas, ele

mosca!

Fontes:

Breviário da conjugação de verbos, Otelo Reis, 2011

Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa – Nova edição revista e ampliada, 1986

1001 Dúvidas de Português, José de Nicola e Ernani Terra, 2009

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Botar, Colocar, Pôr domingo, mar 18 2012

Cotidiano and Nova Ortografia and Preposições and Verbos botar, colocar, pôr, substituição, verbos cirandadasletras 1:54 PM

Verbos botar, colocar e pôr

O verbo botar tem vários significados, entre os quais:

abrir: começar, montar (botou um negócio);

atear: pôr, tocar (botou fogo no mato);

atribuir: colocar, conferir, pôr (botar defeito em tudo);

deixar: colocar, deixar (botou alguém em má situação);

desovar: pôr (botar ovos);

expelir: jorrar, lançar (botou sangue pelo nariz);

expulsar: enxotar (botou-o de casa );

inscrever: matricular (botou a filha na escola);

pendurar(de): colocar, estender (botou a roupa no varal);

pôr: colocar (botou o livro na estante).

O verbo colocar também tem vários significados, como:

assentar: arrumar, dispor, fixar (colocou tijolos);

deixar : pôr (colocou alguém em alguma situação);

dispor: acomodar, arrumar, botar, pôr (colocou os hóspedes no quarto);

pôr: em algum lugar (colocou o pé no estribo);

usar: aplicar, utilizar (sabe colocar bem as vírgulas).

Notou que os verbos botar, colocar e pôr têm quase os mesmos

significados? O uso de um ou de outro varia de acordo com a região do país;

porém, isso não significa que se pode sempre substituir o botar e o pôr

pelo verbo colocar. Deve-se evitar o uso excessivo do verbo colocar, não só

substituindo os verbos acima, mas, principalmente para não evidenciar

pobreza de vocabulário. Lembre-se de que sempre há outro verbo que se

encaixa melhor no contexto.

Fiquei boquiaberta, ontem, ao ler a chamada de uma notícia num site. Assisti

ao vídeo e o uso errado da palavra se repetiu na matéria. Pensei em como e

onde a galinha poderia ter colocado o ovo! Como conseguiu colocá-lo?

Carregando-o com as asas? Chutando-o? Colocou-o sobre um móvel ou numa

bandeja, num prato? “Na Colômbia”?

Galinha fica famosa por colocar ovo gigante na Colômbia

Para demonstrar o uso exagerado do verbo colocar, recorro aos exemplos

e sugestões citados no blog do Professor Sérgio Nogueira:

O soldado não quis colocar a farda.

O soldado não quis vestir a farda.

É preciso colocar mais sal no feijão.

É preciso acrescentar mais sal no feijão.

O médico foi obrigado a colocar uma sonda.

O médico foi obrigado a introduzir uma sonda.

Ele decidiu colocar o anúncio no jornal.

Ele decidiu publicar o anúncio no jornal.

Eles não querem colocar os quadros nesta parede.

Eles não querem pendurar os quadros nesta parede.

Para não cair, precisou colocar as mãos nos ombros do colega.

Para não cair, precisou apoiar (ou pousar) as mãos nos ombros do colega.

Os ladrões pretendiam colocar o dinheiro roubado numa lixeira.

Os ladrões pretendiam esconder o dinheiro roubado numa lixeira.

Os noivos vão colocar o convite no quadro de avisos.

Os noivos vão fixar o convite no quadro de avisos.

É necessário colocar em prática todas as suas ideias.

É necessário pôr em prática todas as suas ideias.

É bom não colocar essa palavra no texto.

É bom não escrever (ou empregar ou usar) essa palavra no texto.

Resolveu colocar todo o dinheiro no banco.

Resolveu depositar todo o dinheiro no banco.

É preciso colocar os relatórios nas pastas de cada fornecedor.

É preciso guardar os relatórios nas pastas de cada fornecedor.

Esta obra vai colocar o poeta na Academia Brasileira Letras.

Esta obra vai levar (ou conduzir) o poeta à Academia Brasileira Letras.

O fanático pretendia colocar fogo nas vestes.

O fanático pretendia atear fogo nas vestes.

O diretor pediu a palavra para colocar suas ideias.

O diretor pediu a palavra para apresentar (ou expor ou defender) suas ideias.

E no caso da galinha:

Galinha fica famosa por botar ovo gigante na Colômbia.

Fica bem melhor, não fica?

Se você estiver estranhando o vocábulo pôr acentuado, lembre-se que a nova

ortografia só aboliu o uso do acento diferencial em algumas palavras.

Deixou-o obrigatório em duas: no verbo pôr, no infinitivo, para não

confundir com a preposição por e no verbo poder, pretérito perfeito,

pôde, para diferenciar de pode, do presente do indicativo. Mas esse é

assunto para outro post.

Fontes:

Blog do Professor Sérgio Nogueira – G1;

Dicionário Houaiss de sinônimos e antônimos;

1001 dúvidas de português – José de Nicola e Ernani Terra;

http://globotv.globo.com/globo-news/pelo-mundo/v/galinha-fica-famosa-por-colocar-ovo-gigante-na-colombia/1861152/

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Namorar domingo, fev 26 2012

Cotidiano and Preposições and Verbos casar, Namorar, noivar, objeto direto, preposição, verbo transitivo direto cirandadasletras 1:22 AM

Namorar

Muitos dos encontros e paqueras que ocorrem durante o Carnaval

convertem-se em namoro.

Namorar é um verbo transitivo direto, ou seja, é um verbo que exprime

ação e pede complemento verbal sem preposição.

Lembrou-se do objeto direto, não? Pois é ele mesmo, o próprio, o

complemento sem preposição.

Praticamente conhecemos o verbo transitivo direto perguntando-lhe quê?

ou quem?

Se a resposta depois do verbo for direta, então ele é transitivo direto.

Ex.: Mário consertou. Perguntaremos: Consertou o quê? E responderemos:

uma máquina, um aparelho, alguma coisa que estava quebrada ou

necessitando de reparo.

Pedro ama. Ele ama quem? Quem é o objeto desse amor?

Fácil, não?

Com o verbo namorar acontece de forma semelhante.

Paulo namora. Quem ele namora? Paulo namora Ana há cinco anos.

Aquele jogador de futebol namorava várias mulheres ao mesmo tempo.

Daí,

Ninguém namora com ninguém. Alguém namora alguém.

Da mesma forma é errôneo o uso dos pronomes comigo, contigo e consigo

que trazem implícita a preposição com. A frase “Você quer namorar

comigo?” deve ser corrigida para: “Você quer me namorar?”.

Namorar também é cobiçar, desejar ardentemente algo. Esse algo pode

ser uma roupa da vitrine, um par de sapatos, uma bolsa lindíssima, um

carro novo. É diferente do verbo casar que requer o complemento da

preposição com. Esse é um laço afetivo bem mais apertado; praticamente

um nó!

O namorar é direto; o casar necessita de complemento. A

regência, inclusive a verbal, é outra.

Alguns autores e dicionaristas abonam o emprego do verbo namorar como

transitivo indireto, ou seja, que exige complemento regido pela preposição

com. Mas, já que o assunto é delicado e prazeroso, é melhor seguir a

norma culta e não usar a preposição. Deixe-a reservada para quando

conjugar os verbos noivar e casar!

Fontes:

BREVIÁRIO DA CONJUGAÇÃO DE VERBOS – OTELO REIS

DICIONÁRIO PRÁTICO DE REGÊNCIA VERBAL – CELSO PEDRO LUFT

MANUAL DE REDAÇÃO PROFISSIONAL – JOSÉ MARIA DA COSTA

1001 DÚVIDAS DE PORTUGUÊS – JOSÉ DE NICOLA e ERNANI TERRA

http://cirandadasletras.wordpress.com/category/verbos/

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Incluído ou Incluso?

1) A questão que se põe é saber quando empregar incluso e incluído.

2) Observe-se que não é tão difícil encontrar verbos que têm dois particípios passados. São eles denominados verbos abundantes.

3) Nesses casos, o particípio normal, que segue as regras de derivação, é mais longo e chama-se regular; o outro, irregular. Assim, entregado, benzido e extinguido são particípios passados regulares; já entregue, bento e extinto são particípios passados irregulares.

4) Com os verbos ter ou haver (formando tempos compostos na voz ativa), usa-se normalmente o particípio passado regular. Exs.: a) "Ele tinha acendido o fogo"; b) "Ele havia acendido o fogo".

5) Com o verbo ser (formando voz passiva) e com o verbo estar, usa-se normalmente o particípio passado irregular. Exs.: a) "O fogo fora aceso por ele"; b) "O fogo estava aceso".

6) Atente-se, adicionalmente, a que chegar não faz chego no particípio passado. Ex.: a) "O réu tinha chegado com atraso à audiência" (correto); b) "O réu tinha chego com atraso à audiência" (errado).

7) Acrescente-se, por fim, que incluído e incluso não são formas abundantes de particípio do verbo incluir, e sim apenas incluído, uma vez que, como adverte com propriedade Otelo Reis1, em lição para diversos verbos (dentre os quais incluir), "as formas dadas como seus particípios [irregulares] são hoje meros adjetivos".

8) Com essa lição em mente, confiram-se, assim, os seguintes exemplos, com a indicação de sua correção ou erronia: a) "O garçom tinha incluído o serviço na conta" (correto); b) "O garçom tinha incluso o serviço na conta" (errado); c) "O serviço já fora incluído na conta" (correto); d) "O serviço já fora incluso na conta" (errado); e) "O incluso tíquete de desconto não foi levado em consideração" (correto).

__________________

1 Cf. REIS, Otelo. Breviário da Conjugação dos Verbos da Língua Portuguesa. 34. ed. Rio de Janeiro, Livraria Francisco Alves, 1971, p. 150.

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Dúvida do leitor

A leitora J. M. (que prefere permanecer anônima) envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"Prezado Professor, gostaria de saber quando utilizamos 'inclusos' e 'incluídos' ou 'revisados' e 'revistos'. Qual é o uso correto ? Muito obrigada!"

Envie a sua dúvida.

* José Maria da Costa Graduado em Direito, Letras e Pedagogia. Primeiro colocado no concurso de ingresso da Magistratura paulista. Advogado. Doutorando e Mestre em Direito Civil pela PUC/SP. Ex-Professor de Língua Latina, de Português do Curso Anglo-Latino de São Paulo, de Linguagem Forense na Escola Paulista de Magistratura, de Direito Civil na Universidade de Ribeirão Preto e na ESA da OAB/SP. Membro da Academia Ribeirãopretana de Letras Jurídicas.

http://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI127983,41046-Incluido+ou+Incluso