1- Neste texto quero destacar duas ocorrências do BBB 13.
 
Houve uma “prova da comida” na qual os conhecimentos ortográficos dos brothers foram testados.
Cada participante deveria escolher as letras correspondentes a três palavras ditadas pelo repórter o qual estava conduzindo a prova.
 
Não pretendo analisar quem se saiu bem ou realçar as dificuldades apresentadas.
Nada disso!
Apenas quero enfatizar o seguinte:
No último dia útil do ano passado, 28 de janeiro de 2012, a presidenta Dilma, através de um decreto, prorrogou a obrigatoriedade do Acordo Ortográfico assinado em 2008.
 
Dizia o Acordo que, a partir de 2013, a reforma ortográfica obedeceria rigorosamente às regras propostas.
As regras antigas não seriam mais toleradas.
Sendo assim, o trema sumiria, a palavra idéia perderia o acento agudo e o vocábulo vôo deixaria de ter o acento circunflexo.
Não haveria mais o “plano B”.
As novas regras prevaleceriam a partir de 2013. Ponto final!
 
O decreto anunciado, entretanto, adiou a obrigatoriedade da Reforma.
Até 2016, as novas regras ortográficas conviverão com as regras antigas.
 
E daí, Ilmar?
Eu ofereço essa explicação, pois o “gabarito da prova do BBB” foi fiel às mudanças que o Acordo estabelece.
 
< Ilmar, o programa demonstrou estar atualizado, pois, cedo ou tarde, a velha ortografia desaparecerá.
É compreensível e sábia a atitude dos organizadores do BBB.>>
 
Meus caros amigos, eu não estou convencido de que os organizadores do BBB estão informados sobre o decreto citado acima.
 
Além disso, é importante esclarecer que, caso não existisse esse decreto, vários brasileiros não estariam “ligando” para as novas regras.
Há um número significativo de pessoas inconformadas com essa bendita reforma ortográfica.
As regras que os inconformados defendem, após o último decreto, ganharam uma espécie de sobrevida.
Permaneceremos (eu me incluo no grupo dos inconformados) usando o trema, acentuando a palavra idéia e utilizando o acento circunflexo da palavra vôo.
O decreto foi bem satisfatório porque, desprezando o Acordo, não estaremos cometendo, até 2016, nenhuma infração ortográfica.
 
Quando iniciar 2015, talvez seja o instante de começar a perceber que a “boa vida” está acabando.
 
Resumindo:
 
* Sugiro que abandonemos essa paranóia referente às novas regras ortográficas.
* Os incorformados só tentarão esquecer as regras denominadas antigas nos minutos derradeiros da partida.
 
E os brothers?
Será que eles ouviram falar sobre o decreto?
Ou será que eles não estão interessados nesse tipo de “discussão”?
 
Provavelmente eles, somente quando estão brigando, valorizam as “discussões”.
 
2- A segunda ocorrência diz respeito ao nome de uma das integrantes.
 
A brother Fani, na sétima edição do reality, era Fani, que rimava com saci (o personagem folclórico que possui uma perna só) ou com Didi (o engraçado componente de Os Trapalhões).
 
Agora, na edição atual, ela voltou rimando com pane (quando o motor pifa repentinamente), rimando também com Dâni, forma carinhosa de Daniela.
 
Ela deve ter solicitado que preferia ser Fâni e não desejava mais ser Fani.
 
Há um grande problema ortográfico, porém, nessa preferência.
 
Os nomes próprios, conforme foram registrados, definem, com precisão, como devemos pronunciá-los.
 
O nome dela foi registrado Fani Miranda Pacheco, portanto ela é a Fani, que rima com saci e Didi.
 
Não existe, no BBB 13, essa tal Fâni, que rima com pane e Dâni.
 
As paroxítonas terminadas em I são acentuadas (táxi, Dâni), mas as oxítonas terminadas em I não são acentuadas (saci, Fani).
 
Essa inovação oral está incoerente com a forma escrita da palavra.
 
Será que os brothers sabem disso?
O que sabem os brothers?
 
O filósofo Bial percebeu tal detalhe?
 
3- O telespectador é uma grande vítima nessa triste história.
 
O programa nada soma, coisa alguma enriquece, é uma enorme bobagem que já alcançou treze edições.
 
A nossa ortografia, com ou sem reformas, vem sofrendo há muito tempo, pois a educação brasileira está um caos.
 
Os alunos da rede privada aprendem a passar nos vestibulares, depois, quando não perdem muito tempo dando cutucadas no Facebook ou reivindicando a legalização da maconha, pegam seus canudos e vão buscar, salvo as exceções, apenas ganhar dinheiro.
Contribuir com a sociedade usando o que aprenderam geralmente é secundário.
 
Os alunos da rede pública encontram imensas dificuldades tentando seguir em frente, mutilados por um sistema muito cruel.
Eles também são desrespeitados por vários professores os quais reclamam bastante dos salários, justificando a “enrolação” na hora de dar aula, no entanto, com o péssimo salário que recebem, paradoxalmente conseguem pagar a escola particular dos filhos.
 
Ah! A situação está feia!
 
4- Discutir o famoso reality global nunca foi a minha intenção, contudo verificar a desinformação governando um contexto tão tosco merece nossa total crítica e preocupação.
 
Afinal de contas, a nossa ortografia é um brinquedo que deve se submeter aos caprichos das Fanis que tanto povoam o país?
 
O que será do amanhã?
Como será o porvir?
Há alguma luz no fim do túnel ou a língua portuguesa corre o risco de ir parar no paredão?
Será que um dia decidirão eliminá-la através de uma votação popular?
 
Pobres demais nós avançaremos se não ficarmos espertos!
 
Pobre de mim! Encontrei a inspiração no BBB para escrever este texto!
 
Um abraço!,>
Ilmar
Enviado por Ilmar em 18/01/2013
Reeditado em 19/01/2013
Código do texto: T4091078
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