Maldade ou Maudade

Diz certo adágio que o hábito faz o monge. Entretanto, podemos nos habituar a algo errado, por mero comodismo, falta de curiosidade.

Muitos “erros consagrados” na arte da comunicação foram revistos por uma melhor lupa, e abandonados aos poucos; outros persistem, dada a facilidade de repetir a frase feita, em oposição ao duro trabalho de pensar.

Um exemplo clássico de erro que foi corrigido: Antes se dizia que alguém corria risco de vida; agora, revisto, afirmamos com acerto, que se corre risco de morte estando vivo, e não o contrário.

Sobre erros consagrados, um parêntesis: Certa vez ouvi a entrevista de um engenheiro num programa de jornalismo, e o tema era a inclinação necessária que as curvas devem ter para o lado interno, para compensar a força centrífuga dos carros em velocidade. O entrevistador citou outro profissional que defendia uma empresa construtora que não observava isso, e disse que tal prática era um erro consagrado. O entrevistado respondeu: “Erro consagrado é o diploma dele.”

Voltando, outro erro de comunicação que se usa bastante é dizer, nível, quando se deveria falar, âmbito. Por exemplo: “Cresceu o número de empregos a nível de Brasil.” Ora, nível é uma equivalência horizontal perfeita, entre dois ou mais pontos; num sentido figurado, se usa para aquilatar qualidade, valor, quando se diz que duas coisas ou pessoas, atletas, são do mesmo nível; mas, jamais, nível significa âmbito, área, circunscrição.

Outra coisa comum entre os repórteres televisivos, sobretudo, é usar, “por conta”, quando deveriam mencionar, por causa. Dizem que um atleta chegou atrasado ao treino por conta do engarrafamento, mas a droga do bloqueio no trânsito não pagou conta alguma, antes, foi o causador de alguma coisa. Então, o atraso foi “por causa” disso.

Porém, o tema que originou esse texto foi o comentário de um Recantista que foi extremamente gentil analisando um texto meu; ele assinou embaixo de tudo com seu valioso incentivo mas, observou que seria “Maudade” onde escrevi maldade.

Sempre usei dessa forma, como se fosse normal, mas, aquela observação me fez pensar, afinal, não sou dono da verdade, e sempre cresço quando criticado por pessoas inteligentes. De posse dessa insegurança pesquisei e num blog especializado, encontrei o que segue:

“O substantivo ou advérbio MAL é o oposto de BEM e se escreve com L

Já o adjetivo MAU é o oposto de BOM e se escreve com U.

Mas não podemos deduzir a partir disso que a palavra MALDADE (a qualidade daquilo que é MAU) deva ser escrita com U.

Ocorre que a palavra MALDADE veio para o português diretamente da palavra latina malitas, malitatis, que significava "ruindade", "mal", "dano". Pela evolução normal, segundo as leis fonéticas, o "malitate" do latim acabou dando MALDADE em português, mantendo o L, que já existia em latim.

Historicamente, portanto, não aconteceu que primeiro tenha aparecido em português o adjetivo MAU, ao qual se teria anexado o sufixo –dade para formar MALDADE. Se fosse assim, com certeza, teríamos a grafia "maudade".”

Fonte= gramaticaelinguagem.blogspot.com.br

Não estou escrevendo isso para provar que eu estava certo; antes, sou agradecido ao amigo que aventou essa possibilidade e me fez correr atrás.

Eu poderia estar, e, certamente estou errado em muitas coisas, afinal, estou na escola ainda. Não sou professor de português, portanto, daqui a pouco um aparece e me ensina melhor.

Mas, quero dividir isso, como quem busca edificação mútua; afinal, se eu souber de algo e tiver a possibilidade de compartilhar sem custo algum, seria maldade de minha parte deixar de fazê-lo.

Para finalizar, gosto de pessoas que têm coragem de dizer quando discordam, pois, isso empresta sabor de verdade às palavras de incentivo quando dizem estar de acordo.

Então, não sejamos omissos a ponto de consagrar erros, antes, consagremos nossos cérebros ao saudável hábito de questionar e entender o porquê, das coisas, como disse o dramaturgo George Bernard Shaw: “Quando penso nas coisas como elas são me pergunto, por quê? E quando as considero como não são, questiono: Por que não?”