PONTUAÇÃO
Pontuação é a divisão da escrita através da colocação dos sinais gráficos. Os principais são:
I. Vírgula — é a pausa breve, que é usada:
1. Para separar as orações coordenadas assindéticas.
Maria da Penha saiu, Sílvia chegou em seguida.
2. Para separar termos independentes entre si, não ligados por conjunção.
A paz, a saúde, a alegria e o entusiasmo são os bens mais valiosos.
Observação — não se separam termos que mantêm estreita ligação lógica, como sujeito e verbo, verbo e seu complemento, substantivo e seu adjunto adnominal:
As crianças brincavam no parque.
Nós compraremos alguns livros.
Esta caixa verde é linda.
3. Nas intercalações.
Não contarei isto, pensei comigo, a ninguém.
4. Com expressões corretivas, explicativas, etc.
Você, por exemplo, é um ótimo amigo.
Eram oito, isto é, seis adultos e duas crianças.
5. Com o aposto.
Brasília, capital do Brasil, foi fundada em 1960.
6. Com o vocativo.
Antônio Carlos, venha cá.
7. Com as orações apositivas.
A grande aspiração de teu irmão, que consiga o cargo de diretor, realizar-se-á.
Observação — as outras orações substantivas serão seguidas de vírgula quando aparecerem em ordem inversa:
Se Gilda virá, não sabemos.
8. Com as orações adjetivas explicativas.
Os homens, que são seres racionais, são sensatos?
9. Geralmente com as orações adverbiais, principalmente quando aparecerem em ordem inversa.
À proporção que se aproximava da estranha casa, Silvano empalidecia.
10. Com os adjuntos adverbiais, quando aparecerem em ordem inversa.
Da porta da escola, o inspetor observava os alunos.
11. Para separar os termos aos quais queremos dar realce.
As cartas, abri-as e li.
12. Para indicar a elipse do verbo.
Os meninos sentaram-se sobre a grama e as meninas, em bancos de madeira.
13. Nas datas, separando os topônimos.
Rio de Janeiro, 27 de junho de 1990
14. Nos endereços, separando o numeral.
Rua Uruguai, 272
15. Antes da conjunção e quando ela é seguidamente repetida ou quando se deseja enfatizar uma ideia.
A Natureza oferece-nos a energia escondida na terra, e a suavidade da água, e a doçura do vento, e o calor do sol.
Amei sempre as palavras, e amo.
II. Ponto e Vírgula — é pausa mais longa do que a vírgula e menos longa do que o ponto, que é usado:
1. Em trechos longos, onde já existem vírgulas.
Há homens que são tempestade, rochedo e mar; outros há que são cor, música e luar.
2. Antes das conjunções coordenativas adversativas e conclusivas, quando se deseja acentuar seu sentido.
Ninguém disse nada; mas retiraram-se pensativos.
Nossa intenção é ajudá-los; por isso estamos aqui.
3. Separando os itens de leis, decretos, sentenças, regulamentos, etc.
Art. 1º. A educação nacional, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por fim:
a) a compreensão dos direitos e deveres da pessoa humana, do cidadão, do Estado, da família e dos demais grupos que compõem a comunidade;
b) o respeito à dignidade e às liberdades fundamentais do homem.
(Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional)
III. Ponto — é a pausa mais longa, que é usado:
1. Para encerrar o período, podendo ser:
a. ponto continuativo: empregado em períodos que expressam pensamentos que sucedem-se uns aos outros na mesma linha.
Carlos Alberto saiu com a filha. Só voltaram à noite.
b. Ponto parágrafo: assinala a passagem de um a outro grupo de ideias e o texto continua na linha abaixo.
Era linda a situação da fazenda de Nossa Senhora do Boqueirão.
As águas majestosas do Paraíba regavam aquelas terras fertilíssimas, cobertas de abundantes lavouras e extensas ma¬tas virgens.
(José de Alencar, O Tronco do Ipê)
c. Ponto final: marca o final do texto.
Relanceou a vista pela paisagem do trabalho organizado. Só a terra era dócil e fiel. Só ela se afeiçoara ao seu cunho de bem-estar e de beleza. Só havia ordem nessa nova face da natureza educada por sua sensibilidade construtiva.
E recolheu-se com um travo de criador desiludido:
— Eu criei o meu mundo; mas nem Deus pôde fazer o homem à sua imagem e semelhança...
(José Américo de Almeida, A Bagaceira)
2. Nas abreviações.
V. Exa. falou muito bem.
IV. Dois Pontos — são principalmente usados:
1. Nos esclarecimentos ou explicações.
"Não és bom nem mau: és triste e humano..."
(Olavo Bilac, apud Celso Cunha)
2. Nas citações.
João Jorge olhou-os e disse: "Sou seu novo professor de Química".
3. Nas enumerações.
Conservou apenas o essencial: seus livros, seus discos, suas plantinhas.
4. Após palavras como: exemplo, nota, observação.
Nota: é importante pontuar corretamente.
5. Anunciando um aposto ou uma oração apositiva.
O que tens de mais belo é isto: teu amor ao próximo.
Tenho um grande sonho: encontrar a paz.
V. Ponto de Interrogação — é usado:
1. Nas interrogações diretas.
Quem quer nos ajudar?
2. Nos diálogos, indicando expectativa (pode ser repetido ou não).
— Creio que também você ouviu este estranho ruído.
— ??
Observações:
a. havendo dúvida a respeito daquilo que se indaga, pode-se usar reticências após o ponto de interrogação:
Ela não veio ainda?...
b. pode-se usar o ponto de interrogação seguido de ponto exclamativo, para indicar surpresa:
Você não sabia disso?!
VI. Ponto de Exclamação — é usado:
1. Nas frases exclamativas.
O meu país é Deus!
(Ciça Dutra)
2. Com interjeições e locuções interjetivas.
Silêncio! O bebê está dormindo.
Muito bem! Sua prova foi excelente.
3. Substituindo a vírgula após o vocativo.
Crianças! Venham jantar.
4. Repetido, para acentuar a entonação exclamativa.
Quero ser paz, como as nuvens são!!
Observações:
a. pode-se também acentuar a entonação exclamativa, usando-se reticências após o ponto de exclamação:
Absorve a pujança do mar!...
b. pode-se usar o ponto de exclamação seguido de ponto interrogativo, para indicar admiração:
Como ele pode comportar-se desta maneira!?
VII. Reticências — são principalmente usadas:
1. Indicando interrupção da frase.
De vez em quando...
2. Indicando hesitação.
Não sei... vou pensar.
3. Indicando que a ideia não se completa com a conclusão da frase.
Amo tocar os seixos, as algas, as conchas...
4. Realçando uma palavra ou expressão.
Ela é... maravilhosa.
Teu olhar me lembra... a luz da manhã.
5. Nos diálogos, indicando silêncio.
— Você não soube o que aconteceu?
— ...
6. Nas citações, indicando parte não mencionada, no início, no meio ou no fim do período.
"... lá estava Dante Alighieri de perfil, rosto magro, uma coroa de louros a circundar-lhe a cabeça, nariz reto e pontiagudo, queixo comprido também."
(Zélia Gattai)
VIII. Parênteses — são usados:
1. Para separar palavras ou frases que indicam explicação, reflexão ou comentário pronunciadas em tom de aparte.
Íamos todas as noites (como é bom lembrar!) sentar na areia da praia.
2. Nas indicações bibliográficas.
(João Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas. Rio de Janeiro, 1980)
3. Nas indicações cênicas.
Joaquim: (Violento) Ainda somos o que fomos!
(Jorge Andrade)
4. Nos números e letras que indicam itens.
(1)
(a)
Observação — se o número ou letra iniciam o período, pode-se usar apenas o segundo parêntese ou substituí-lo por ponto:
1)
a)
IX. Colchetes — são uma variante dos parênteses, com emprego mais restrito; são usados:
1. Para isolar uma construção internamente já separada por parênteses.
(José de Alencar, O Guarani, 2ª Edição. Rio de Janeiro, B. L. Garnier Editor [1864])
2. Nas transcrições fonéticas.
[sõbr’a]
X. Chave — é usada para enfeixar as divisões de um determinado assunto.
Complamentos Verbais { objeto direto e objeto indireto
XI. Aspas — são principalmente usadas:
1. No princípio e no fim de uma citação.
"Há um mínimo de dignidade que o homem não pode negociar, nem mesmo em troca da liberdade. Nem mesmo em troca do sol."
(Dias Gomes, O Santo Inquérito)
Observação — se a citação não abrange todo o período, o ponto deve ficar após as aspas:
Ouça isto: "Amo contemplar-te nos cardumes das medusas que vão para os mares boreais". É de um poema de Jorge de Lima.
2. Ressaltando o valor de uma palavra ou expressão.
O paraíso é "aqui".
Peça "uma só" coisa de cada vez.
3. Em títulos de obras de arte.
Este é o "'São Francisco" de Portinari.
4. Em estrangeirismos ou gírias.
Ficaram esperando no "hall".
Que carro "bacana"!
5. Indicando que a palavra foi escrita de modo incorreto.
Quem é "ocê"?
XII. Asterisco — é usado com a finalidade de chamar a atenção do leitor para nota explicativa.
Diz Arnaldo Niskier no livro "A Nova Escola": "Em alguns Estados, a situação tornou-se realmente grave, com mulheres semi-analfabetas transformadas em professoras”.*
* Numa conferência na Faculdade de Educação da Universidade da Guanabara, o Professor Carlos Flexa Ribeiro contou um caso curioso, ocorrido no Pará: a professora e o aluno concluíram juntos o 1º ano primário.
XIII. Travessão — é usado principalmente:
1. Para indicar as falas no diálogo.
Stella continuou a falar:
— Só há um caminho para todos os seres: é o amor. Fora do amor não há salvação.
2. Para separar a oração intercalada, substituindo a vírgula.
Amanha à noite — Deus me ajude — resolverei tudo.
3. Para colocar em evidência palavra ou expressão.
Com exceção de tua amiga — Ana — todos compareceram.
Apenas um item — o número oito — é relevante.
4. Ligando palavras que formam uma cadeia na frase.
Ponte Rio—Niterói
Estrada de Ferro Santos—Jundiaí
XIV. Barra — é usada:
1. Para abreviar datas.
24/6/1989
Observação — podemos também usar o ponto:
10.02.1999
2. Para separar as orações no período.
Todos ficaram contentes / porque Regina chegara.
3. Para separar as sílabas métricas.
De / tan / to o / lhar / pa / ra / lon / ge
não / ve / jo o / que / pas / sa / per / to.
(Cecília Meireles)