PREPOSIÇÃO. DIFERENÇAS ENTRE PREPOSIÇÃO E CONJUNÇÃO

1) Conceito de Preposição: Palavra invariável que liga dois vocábulos numa oração, estabelecendo entre elas relações de sentido e de dependência. A primeira palavra é o antecedente; a segunda, o consequente. Este completa ou explica o sentido daquele. As preposições são conectivos; não cumprem funções sintáticas, mas seu uso adequado é essencial para a coesão textual.

2) Forma das preposições:

a) Simples: Expressa por uma única palavra: a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, perante, por (per), sem, sob, sobre, trás;

b) Composta (locuções): Formada por dois ou mais vocábulos, o último dos quais é preposição simples. Antes de, abaixo/acima de, além/aquém de, antes/depois de, ao invés de, ao lado de, apesar de, acerca de, ao redor de, para com, por baixo/cima de, por detrás/diante de, junto a, junto de, para baixo/cima de, por entre, em frente de, em frente a, defronte de, por causa de, a fim de, atrás de, através de, de acordo com, dentro de, embaixo de, em frente a, em vez de, junto de, perto/longe de, por entre.

3) Classificação das preposições:

A) Essenciais: Funcionam sempre como preposições: A, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, per, perante, por, sem sob, sobre;

B) Acidentais: Palavras de outras classes que, em determinados contextos, funcionam como preposição: Afora, como, conforme, consoante, durante, exceto, salvo, segundo, visto, não obstante, mediante, menos, senão, tirante.

4) Combinação, Contração e Crase. As preposições podem se unir a outras palavras por combinações, quando não há perda de fonemas (A+O=AO), ou por contrações, com perda de sons (DE+A=DA, EM+O=NO, PER+O=PELO, A+A= À, A+QUELA= ÀQUELA). Assim, a crase é um caso particular de contração, marcada na escrita pelo sinal grave.

É um erro falar em “acento grave”. O acento se refere à tonicidade de uma sílaba, que pode ou não ser graficamente marcada, porém nunca com o diacrítico grave (`). Este é resevado para marcar a crase (a+a).

Toda palavra de mais de uma sílaba tem necessariamente sua sílaba mais forte, a tônica (MEsa, por exemplo), porém, nem sempre tal acento é marcado com sinais gráficos. A rigor, não se “acentua uma palavra”; o que se faz é grafar ou não o acento da palavra.

5) Os Valores das Preposições. As preposições ao ligarem palavras exprimem movimento ou ausência de movimento (situação), em relação ao espaço (ele saiu DO salão), ao tempo( caminha DE seis às sete) e à noção ( gemi DE dor).

Vejamos os valores de algumas preposições:

A

I) Movimento (direção a um limite):

a) No espaço: Chegou rápido A casa;

b) No tempo: De hoje A um mês ocorrerá outro jogo (note a diferença: O primeiro jogo ocorreu HÁ um mês);

c) Na noção: O domingo é reservado Ao repouso). II) Situação (coincidência, concomitância): a) No espaço: Ela está Ao lado direito da casa;

b) No tempo: A dez de cada mês ela vem aqui; c) Na noção: Não ficou À vontade na festa.

APÓS

Situação:

a) No espaço: Ele ia após a mulher;

b) No tempo: Após duas horas de estudo, ela cansou.

ATÉ (aproximação de um limite)

a) No espaço: Só chegou até o sofá

b) No tempo: Até ontem choveu.

Importante: Não confundir a preposição ATÉ, que implica um limite, com ênfase e insistência neste, com a palavra denotativa ATÉ,

que indica inclusão. ATÉ, palavra denotativa: Até Nelson foi à festa. ATÉ, preposição: Nelson foi ATÉ a festa.

COM (adição, associação, companhia, modo, meio).

Situação: Ele vive COM ela. Ela partiu a melancia COM o facão. Gosto de café COM leite. Ele vive COM ele. Eu trabalho com ele.

CONTRA. Movimento: Direção contrária, ou a um limite próximo.

a) No espaço: Bati CONTRA a parede;

b) Na noção: Havia muitas provas CONTRA o acusado.

DESDE.

Movimento: Intensivo do DE, é afastamento de um limite, com ênfase no ponto de partida. É o aposto de ATÉ.

A) No espaço: DESDE João Pessoa ATÉ Campina Grande o asfalto está ótimo.

B) No tempo: Choveu muito DESDE o nascer do sol ATÉ o entardecer.

EM.

Movimento:

A) No espaço: O boato correu de casa EM casa;

B) No tempo: De quando EM quando ela vem aqui;

C) Minha dor transbordou EM lágrimas.

Situação ( posição dentro, em contato ou em cima de):

A) No espaço: Ele dormia Na rede;

B) No tempo: Ruy Barbosa nasceu em 1849;

C) Na noção: A cidade ficou EM polvorosa com a ameaça de guerra.

ENTRE.

Situação (situação de interioridade, entre dois limites):

a) No espaço: “Fiquei ENTRE a cruz e a espada”.

B) No tempo: A Civilização Helenística existiu ENTRE o apogeu da grega e o da romana.

C) De noção:

ENTRE o intenso desejo e a dor intensa vivi momentos de júbilo.

PARA (direção para um limite, enfatiza mais o ponto de partida e a direção do que a preposição A)

A) No espaço: Ele foi Ao Rio (foi mas se espera que volte logo). Ele foi PARA o Rio ( foi para ficar, ou demorar muito);

B) No tempo. PARA o ano, vou me mudar daqui;

C) Na noção. Não fales mais PARA não me aborrecer.

PERANTE (presença, confronto: intensivo de ANTE).

Situação:

a) No espaço: Ficou paralisado PERANTE o inimigo.

b) Na noção: PERANTE o imutável, só a resignação.

POR (PER).

Movimento.

A) No espaço: Saiu PELas ruas, andando POR toda parta;

B) No tempo: POR meses, ele não dormiu sossegado. Na noção: Ele contou o episódio tintim POR tintim.

SITUAÇÃO:

a) Espaço: Vi toda a paisagem por CIMA.

b) Na noção: PELo que vi, ele voltou POR acaso. No espaço: PELa tarde tudo se acalmou.

SOB (posição inferior, figurada ou concretamente).

Situação:

A) No espaço: O bigode, sob o nariz, se inundava de muco catarral. B) No tempo: SOB a ditadura Vargas, a opressão chegou ao paroxismo. C) Na noção: SOB certos aspectos, a Ditadura Militar fez grandes realização.

SOBRE (posição superior, com ou sem contato).

Situação.

A) No espaço: O prato está SOBRE a mesa.

B) No tempo: SOBRE uma manhã chuvosa, ela deu seu último estertor. C) Na noção: Conversaram muito SOBRE assuntos diversos.

TRÁS. Significava “além de”, que subsiste em TRÁS-OS-MONTES e TRANSATEONTEM.

Usa-se hoje ATRÁS DE, DEPOIS DE, ou, mais raramente, APÓS.

6)Diferenças entre preposição e conjunção. Ambos são conectivos invariáveis; não cumprem funções sintáticas específicas nas orações.

As conjunções podem ser subordinativas ou coordenativas; as preposições são sempre subordinativas. A preposição liga palavras da mesma oração entre si, de modo que o primeiro (o regente ou antecedente) subordina o segundo (regido ou consequente). O termo regido é complemento (adjunto) do termo regente: Foste A São Paulo? Chegaste A tempo? Quando saíste de lá? Termor regentes (antecedentes): Foste, chegaste, saíste. Termos regidos (consequentes): São Paulo, tempo, lá. O sentido do regente é explicado pelo regido; este é, portanto, termo dependente. A preposição não une ou liga orações, que é função das conjunções .

As conjunções ligam também elementos de mesma função sintática da oração: Ela toca E canta. Ela bebe cerveja E vinho. O “E” da primeira oração liga orações. O “E” da segunda, une elementos (cerveja, vinho) de mesma função sintática, no caso, objetos diretos.

7) Diferenças entre locução prepositiva e locução conjuntiva.

As locuções são expressões fixas, com significados também invariáveis.

Das tais expressões, com duas ou mais palavras, a última é sempre uma preposição, se a locução for prepositiva: acima de, a fim de, apesar de, ao invés de, além de, depois de, acerca de , a par de, antes de, diante de. Elas equivalem a preposições simples e podem ser trocadas por estas com o mesmo valor e uso.

Já nas locuções conjuntivas, a última palavra é uma conjunção, normalmente a conjunção QUE: à medida que, visto que, desde que, ainda que, por mais que, logo que, a fim de que, à proporção que.

FONTE:

Cunha, Celso. Cintra, Lindley. Nova Gramática do Poruguês Contemporâneo.

Pedro Cordeiro
Enviado por Pedro Cordeiro em 17/10/2012
Reeditado em 26/12/2014
Código do texto: T3938063
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