DICAS PARA SE EVITAR O ” APAGÃO” NO MOMENTO DE SE FAZER UMA DISSERTAÇÃO (ENEM, VESTIBULAR E CONCURSOS PÚBLICOS). ERROS QUE DEVEM SER EVITADOS

Chega a hora da redação. As mãos suam. O tempo passa. Você quer escrever. As ideias não chegam ou chegam mas você não sabe começar a escrever. Tem que fazer a introdução. Não sabe exatamente o que é uma introdução, o desenvolvimento e a conclusão. Calma, amigo! Tentaremos ajudar...

Como a maioria das redações nos concursos e do ENEM é dissertação, é desta que vamos discorrer. Antes de tudo, você, se quiser, leia: “Esquema Básico Para Uma Redação. Dicas Importantes. Uma Redação Sobre O Aborto Como Exemplo, Passo a Passo”. Texto postado aqui no Recanto das Letras. Código do texto: T343979.

Começamos dizendo que não há fórmulas mágicas para escrever. Existem dicas práticas para evitar o bloqueio, o famoso e temido “branco” .

Mas, por mais que se saiba o caminho que se deve percorrer para fazer uma redação, nada se consegue fazer se não se tiver conhecimentos sobre o tema. Sem as ideias, não há o que se colocar no papel. Nem adianta tentar enrolar, escrevendo-se frases soltas, sem nexo, sem relação de causa e efeito, sem conexões lógicas nem coerência entre si. Tais ideias só teremos se nos mantivermos informados, seja através de leituras (o mais recomendado) seja por outras fontes. É mister que nos mantenhamos atualizados dos acontecimentos do Brasil e do mundo, sempre tentando fazer as devidas relações entre esses fatos.

Na introdução, delimita-se o aspecto do assunto que se deseja abordar, sem limitá-lo demais, para se evitar o risco da falta de ideias, nem abordá-lo de um modo geral, pois isso implica superficialidade. É nesse momento que o leitor vai saber sobre o que vamos escrever. E é nesse momento que emitimos a opinião (a tese), a qual será fundamentada por argumentos (as explicações). Estes argumentos devem ser distribuídos em parágrafos, cada um com uma ideia nuclear ligada ao tema.

Antes de começar a redação, se dominarmos o assunto, um turbilhão de ideias nos vêm à cabeça. O primeiro que temos de fazer é anotar no rascunho, da forma que elas vierem. Depois as organizamos na redação.

A redação deve ser clara e direta, sem ambiguidades (evitemos a voz passiva, as inversões na oração, e fiquemos alertas para o uso do “seu”, "sua", "seus", "suas"), concisa (evitar os circunlóquios), objetiva (evitar o “achismo” e os rodeios) e coerente (evitar dizer algo e depois desdizer). Deve ser evitada a redundância (dizer a mesma coisa com outras palavras no mesmo texto), os detalhes e explicações desnecessárias, e os clichês (exemplos: “precioso líquido”, “vil metal”, “é dando que se recebe”, “água que passarinho não bebe”). Os lugares-comuns podem comprometer, por exemplo, a originalidade, que é muito valorizada em dissertações.

Outro elemento de suma importância é a coesão, feitas por elementos que ligam as diversas frases e ideias entre si.

Algumas elementos de coesão:

A) Então, dessa forma, assim: Complementam algo que se falou antes: Caí da moto e quebrei as duas pernas. Assim, não pude me levantar;

B) "Ainda" serve para introduzir novas explicações: Ronaldo Cunha Lima foi poeta, político, advogado, e, ainda, grande orador. Por isso foi tão admirado;

C) Além disso (e equivalentes): Introduz um argumento decisivo (dá o golpe argumentativo final): Uma pessoa deve ser bem tratada por questão de educação, de reciprocidade, de respeito, de cidadania e, além disso, por ser uma pessoa humana.

D) Mas (e equivalentes): Indica enunciados opostos: Ele come que come, mas não engorda;

E) Embora (conjunção cncessiva): Embora seja bom de urna, ele não se elege por causa do alto índice de rejeição;

F) Termos anafóricos e catafóricos. Os pronomes demonstrativos podem cumprir essas funções: ESTE, ESSE, AQUELE são anafóricos, isto é, se referem a termos anteriores do texto sem precisar repetir os nomes; ESTE e ISTO se referem a trechos ainda a serem citados.

EX: Eis alguns órgãos dos sentidos: O olfato, o ouvido e os olhos: ESTES veem, ESSE escuta e AQUELE cheira. ESTES são os outros órgãos: O tato e o paladar. Faltou ISTO: Dizer para que serve o tato e o paladar. Digamos, então: ESTE serve sentir o gosto; AQUELE, para “sentirmos na pele” os objetos.

FALANDO MAIS UM POUCO SOBRE DISSETAÇÃO

O que é dissertação? Praticamos a dissertação diuturnamente, explicando e defendendo nossos atos, dando opiniões sobre assuntos diversos: O porquê de um time de futebol ou um político ter ganhado ou perdido um pleito, dos conflitos de gerações, da violência e da corrupção. Quando se emite uma opinião (uma tese, um ponto de vista), normalmente se usa explicações (argumentos) para defendê-la. Isso é uma dissertação. Quando pomos isso no papel, temos uma redação dissertativa. Ao escritor cabe organizá-la de forma coesa, lógica, coerente, clara e bem estruturada em parágrafos, com início, meio e fim (introdução, desenvolvimento e conclusão). Uma dissertação é isso. É claro que uma pessoa que não entende de futebol e política, tais temas ele não vai saber dissertar. Normalmente, em concursos como o ENEM, os temas são conhecidos. Quem for atualizado e gosta de ler, com poucas dicas de redação, ou mesmo sem elas, pode construir um bom texto.

Leiamos esta afirmação: O político brasileiro, por várias razões, é corrupto e, por isso, o Brasil não se desenvolve.

Com essa frase você tem tudo, se for atualizado, para fazer uma excelente dissertação. A redação será o desenvolvimento dessa opinião (ou tese). Você pode, por exemplo, começar explicando o que é a corrupção e como ela é praticada. Depois, no desenvolvimento, aponta as razões de ela existir no Brasil, por exemplo, a impunidade, a falta de ética, as instituições frágeis, o egoísmo, o fato de a política ser exercida no Brasil como negócio, que deve ter retorno imediato , e não por um devotamento cívico. Você pode colocar cada motivo desses em um parágrafo. Terminada essa etapa, vai mostrar como a corrupção traz graves problemas para o povo e para a nação brasileira, impedindo o desenvolvimento desta. Por exemplo: Como o político precisa mostrar resultados imediatos, ele perde a visão do país como um todo e só se preocupa em realizar algumas obras onde é votado; essas obras, por sua vez, é a grande fonte de rendas para a reeleição daquele político (desvio de verbas, superfaturamentos, etc.); o país, na realidade, é uma colcha de retalhos, em que cada político tenta puxar um pedaço

maior dela para seu reduto eleitoral. Assim, o Brasil fica um país todo esgarçado e feudalizado, sem um projeto bem planejado de médio ou longo prazos, que contemple a nação em sua totalidade. A

conseqüência de tudo, é ser o Brasil um país subdesenvolvido, com um povo muito pobre.

Claro, você pode pensar diferente, e até dizer tudo ao contrário do que eu afirmamos aí em cima, mas, desde que haja coerência no que afirma, sua redação ficará boa. Quem examina e avalia as redações não leva em conta sua tese, sua opinião, desde que esta tenha coerência interna, seja coesa e bem fundamentada, e não agrida ou

desrespeite os direitos humanos (igualdade, liberdade, etc.) sua redação não será prejudicada por causa de seu ponto de vista.

Um exemplo: Há uma grande polêmica em torno da decriminalização da maconha, uma droga, por muitos, considerada leve. Há fortes agurmentos contra a decriminalização e a favor dela. Numa dissertação

sobre esse tema, não tema emitir sua opinião. Desde que seja bem argumentada, coerente, coesa e concisa (numa dissertação não é bom esses choques consonontais; esse co, co, co, na prosa, se chama

eco; isso só é bom em poesia), que respeite a norma padrão de se escrever e não incorra em vícios de linguagem, sua dissertação será bem avaliada.

O alicerce da dissertação, portanto, é a argumentação, que fundamenta a tese. Para que haja coesão, é mister que atentemos para certas palavras que estabelecem relação de causa (devido a, graças a, em vista de) e efeito (em decorrência, como resultado) ou locuções denotativas de divergência: Ele trabalha pouco, EM CONTRAPARTIDA (ou: em compensação) estuda muito. SE POR UM LADO, ele joga bem, POR OUTRO, é indisciplinado

Vejamos estas dicas "pescadas" do site GUIA DO ESTUDANTE (

http://guiadoestudante.abril.com.br/redacao/materias_280335.shtml):

"Trinta dicas 'infalíveis' para escrever bem

As barbaridades que circulam na internet sobre o mau uso do idioma

1. Deve-se evitar ao máx. a utiliz. de abrev. etc.

2. É desnecessário empregar estilo de escrita demasiadamente rebuscado. Tal prática advém de esmero excessivo que raia o exibicionismo narcisístico.

3. Anule aliterações altamente abusivas.

4. não esqueça as maiúsculas no início das frases.

5. Evite lugares-comuns como o diabo foge da cruz.

6. O uso de parênteses (mesmo quando for relevante) é desnecessário.

7. Estrangeirismos estão out; palavras de origem portuguesa estão in.

8. Evite o emprego de gíria, mesmo que pareça nice, sacou?? ...então valeu!

9. "Porra", palavras de baixo calão podem transformar seu texto numa "merda".

10. Nunca generalize: generalizar é um erro em todas as situações.

11. Evite repetir a mesma palavra, pois essa palavra vai ficar uma palavra repetitiva. A repetição da palavra vai fazer com que a palavra repetida desqualifique o texto em que a palavra se encontra repetida.

12. Não abuse das citações. Como costuma dizer um amigo meu: "Quem cita os outros não tem idéias próprias".

13. Frases incompletas podem causar

14. Não seja redundante, não é preciso dizer a mesma coisa de formas diferentes; isto é, basta mencionar cada argumento uma só vez, ou, por outras palavras, não repita a mesma idéia várias vezes.

15. Seja mais ou menos específico.

16. Frases com apenas uma palavra? Jamais!

17. A voz passiva deve ser evitada.

18. Utilize a pontuação corretamente especialmente o ponto e a vírgula pois a frase poderá ficar sem sentido será que ninguém mais sabe utilizar o ponto de interrogação

19. Quem precisa de perguntas retóricas?

20. Conforme recomenda a A.G.O.P, nunca use siglas desconhecidas.

21. Exagerar é cem milhões de vezes pior do que a moderação.

22. Evite mesóclises. Repita comigo: "mesóclises: evitá-las-ei!"

23. Analogias na escrita são tão úteis quanto chifres numa galinha.

24. Não abuse das exclamações! Nunca!!! O texto fica horrível!!!!!

25. Evite frases exageradamente longas pois estas dificultam a compreensão das idéias nelas contidas e, por conterem mais que uma idéia central, o que nem sempre torna o seu conteúdo acessível, forçam, dessa forma, o pobre leitor a separá-la nos seus diversos componentes de forma a torná-las compreensíveis, o que não deveria ser, afinal de contas, parte do processo da leitura, hábito que devemos estimular através do uso de frases mais curtas.

26. Cuidado com a hortografia, para não estrupar a língúa portuguêza.

27. Seja incisivo e coerente; ou não...

28. Não fique escrevendo (nem falando) no gerúndio. Você vai estar deixando seu texto pobre e estar causando ambigüidade, com certeza você vai estar deixando o conteúdo esquisito, vai estar ficando com a sensação de que as coisas ainda estão acontecendo. E como você vai estar lendo este texto, tenho certeza que você vai estar prestando atenção e vai estar repassando aos seus amigos, que vão estar entendendo e vão estar pensando em não estar falando dessa maneira irritante.

29. Outra barbaridade que tu deves evitar chê, é usar muitas expressões que acabem por denunciar a região onde tu moras... nada de mandar esse trem... vixi... entendeu, bichinho?

30. Não permita que seu texto acabe por rimar, porque senão ninguém irá agüentar, já que é insuportável o mesmo final escutar, o tempo todo sem parar".

E estas, tiradas do E-blog:

1. "Anule aliterações altamente abusivas.

A aliteração em excesso, ou seja, a repetição de sons consonantais idênticos ou semelhantes, produz um efeito musical que coloca o conteúdo num plano secundário.

2. Evite expressões e analogias como o diabo evita a cruz.

Nem todos sabem o significado de determinadas expressões e analogias, devido ao significado regional que elas normalmente têm.

3. Nunca generalize. Generalizar é sempre um erro. Não exagere, também. Exagerar é cem trilhões de vezes pior que moderar.

Mesmo que seja para indicar uma frequência muito alta ou muito baixa, generalizações e exageros podem comprometer o conteúdo do texto, aproximando-o do senso comum.

4. Estrangeirismos estão 'out', palavras brasileiras estão 'in'.

Use palavras estrangeiras somente quando não houver equivalente na língua nativa.

5. Não abuse das citações. Como diz Confúcio: 'Quem cita os outros não tem ideias'.

Baseie-se na opinião de autores, mas articule o texto de forma original.

6. Não seja redundante. Não é preciso dizer uma coisa mais de uma vez de formas diferentes, isto é, basta mencionar isso uma vez. Logo, em outras palavras, não repita o mesmo argumento muitas vezes.

Seja sucinto e apenas retome ideias realmente importantes do texto.

7. A voz passiva deve ser evitada.

Priorize a voz ativa ou a passiva sintética. A frase acima é um exemplo de voz passiva analítica; para manter a impessoalidade, utilize a voz passiva sintética na terceira pessoa no singular (entende-se, recomenda-se).

8. Quem precisa de perguntas retóricas?

Em vez de perguntas retóricas, prefira afirmações, que agradam mais ao leitor.

9. Nunca! Não abuse das exclamações! Sério! O texto fica muito ruim!

Exclamações em excesso irritam o leitor. A maioria das frases pontuadas com exclamação podem ser finalizadas com um ponto simples.

10. Seja coerente e coeso. Ou talvez melhor que seja não… Entendeu?

O que você escreve deve fazer sentido para quem lê. Isso implica uso adequado de pontuação, conjunções e de informações que se complementam ao longo do texto de forma lógica".

(E-blog:http://secjr.blogspot.com.br/2011_10_01_archive.html).

AS DICAS DO MEC:

Problemas comuns

Erros comuns:

- Falta de concordância do verbo com o sujeito

- Falta de concordância do adjetivo com o substantivo

- Regência nominal e verbal inadequada

- Ausência de crase ou seu uso inadequado

- Desvios em palavras de grafia complexa

- Separação de sujeito, verbo, objeto direto e indireto por vírgula; e marcas da oralidade

- Graves problemas de pontuação

- Desvios graves de grafia e de acentuação (letra minúscula iniciando frases e nomes de pessoas e lugares);

- presença de gíria

- Períodos incompletos, truncados, que comprometem a compreensão;

NOTA ZERO (0):

- Fuga total ao tema

- Não obediência ao gênero dissertativo (há quem narre ou faça versos)

- Texto com até 7 (sete) linhas

- Desrespeito aos direitos humanos

- Folha de redação em branco, mesmo que tenha sido escrita no rascunho

OBSERVAÇÃO FINAL

Para se ter competência para se fazer uma boa dissertação, é indispensável conhecer a norma padrão de se expressar. E isso só se consegue estudando Gramática.

Então, mais uma vez reforçamos: Estude Gramática. Ela deve ser considerada como dinheiro. Em si mesmo tem pouco valor, mas como meio de conseguir uma vida condigna ou fazer uma boa redação, eles são indispensáveis.

Pedro Cordeiro
Enviado por Pedro Cordeiro em 12/10/2012
Reeditado em 04/11/2012
Código do texto: T3929218
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