O PARALELISMO NA LINGUAGEM: ALGO TÃO IMPORTANTE QUANTO DESPREZADO. SACRIFÍCIO DA CRASE EM NOME DA SIMETRIA FRASAL
Quando estudamos CRASE, temos a impressão de que frases como "VOU À PARAÍBA", escrita com crase, só é certa se escrevermos com crase.
Não é bem assim. "VOU A PARAÍBA" também está correta. Apenas não estamos usando o artigo A, nesta caso.
Já esta frase "VOU À CAMPINA GRANDE" está incorreta porque o nome desta cidade repele o artigo "A". O certo é: "VOU A CAMPINA GRANDE".
Em nome do paralelismo, da simetria no uso de certos vocábulos, chega a ser conveniente a supressão da crase.
VOU A CAMPINA GRANDE E A PARAÍBA, por exemplo, fica melhor do que escrever VOU A CAMPINA GRANDE E À PARAÍBA. Na primeira oração há simetria: Não há artigo nem antes do nome da cidade nem antes do nome do estado. Na segunda, percebe-se a falta de paralelismo. Nesse exemplo, é claro, só vale para escrita, pois o ouvido não percebe a crase.
Na frase "unir o útil ao agradável", percebe-se claramente a simetria frasal. Já em "unir o útil a agradável", notamos que a frase fica "capenga".
Por esse mesmo motivo, numa série de substantivos citados, se antepomos artigo ao primeiro, devemos fazer o mesmo com os demais.
Neste exemplo: "A melancia, laranja, abacaxi e banana é bom para a saúde" carece de simetria. Já neste: "A melancia, a laranja, o abacaxi e a banana é bom para a saúde" há paralelismo.
Não é conveniente dizer: O BRASIL e ARGENTINA ( ou BRASIL e A ARGENTINA) jogam no próximo domingo. O jogo será bem melhor se dissermos: O BRASIL e A ARGENTINA... (espero uma goleada do Brasil!).
Sempre: Gosto de café e de chá. Gosto do café e do chá. Prefiro chá a café. Prefiro o chá ao café.
Nunca: Gosto do café e de chá. Gosto de café e do chá. Prefiro o chá a café. Prefiro café ao chá (é evidente que as orações com os artigos são semanticamente diferentes).
Sempre: Vou a cinemas e a teatros. Vou aos cinemas e aos teatros. Nunca: Vou aos cinemas e a teatros. Vou a cinemas e aos teatros.
Sempre: Aqui temos a fórmula que une preço e qualidade. Aqui temos a fórmula que une o preço à qualidade. Aqui temos a fórmula que une a qualidade ao preço.
Sempre: De terça a quarta. Da terça à quarta. De 10h a 20h. Das 10h às 20h.
Nunca: Da terça a quarta. De terça á quarta. De 10h às 20h. Das 10h a 20h.
Assim, por questão de simetria frasal, a crase, muitas vezes, é sacrificada sem prejuízo algum.