1- O meu texto pode ser dividido em duas partes:
* Destacarei um exemplo que realça o quanto gostamos de utilizar frases complicadas, reforçando assim a fama equivocada de que nossa querida língua portuguesa é difícil.
* Apresentarei também algumas possibilidades semânticas que a palavra voar suscita.
2- Quando assistimos uma propaganda referente a algum remédio, sempre no final aparece escrito uma advertência.
No final da propaganda surge uma mensagem que diz mais ou menos o seguinte:
Persistindo os sintomas, consultar o médico.
Se os sintomas persistirem, o médico deverá ser consultado.
Caso os sintomas persistam, favor consultar o médico.
Se persistir os sintomas, consulte imediatamente o médico.
...
Não registrei apenas uma frase porque não existe uma concordância quanto à frase utilizada.
Talvez os senhores esperem que o professor Ilmar esclareça a oração ideal segundo as nossas orientações gramaticais, no entanto ficarão frustrados em relação a tal expectativa.
Qualquer pessoa curiosa pode verificar o assunto infinitivo e eliminar quaisquer dúvidas, descobrindo a frase mais adequada.
Isso não me interessa, pois acredito que é irrelevante.
3- A mensagem quer recomendar que o médico seja consultado imediatamente se o remédio divulgado não provar sua eficiência combatendo o problema orgânico assinalado.
Sabemos que a automedicação é um erro, porém, se sentimos um simples resfriado ou uma eventual dor de cabeça, existem remédios que podem aliviar logo o problema.
Comete uma ação estúpida a pessoa que, desfrutando o alívio proporcionado por determinado remédio, não vai depois ao médico.
Devemos verificar a causa do "mal" o qual foi aliviado pelo remédio sugerido.
A propaganda, na verdade, deveria dizer que, mesmo sendo bem sucedido no uso da medicação, a pessoa deve procurar o profissional adequado, ou seja, o médico.
Ela não diz isso, mas adverte que, o remédio não gerando o efeito esperado, a pessoa deve ir com brevidade ao médico.
A frase escolhida para apresentar tal alerta, entretanto, costuma ser a mais rebuscada e inconveniente possível.
Quem será que teve a criativa idéia de utilizar o verbo persistir?
Na linguagem coloquial quem usa o verbo persistir?
Se nós nem sequer estamos habituados a falar esse verbo, que importância efetiva justificaria o grande interesse de definir se devemos dizer persistindo, persistirem, persistam ou persistir?
Imaginando uma comunicação ágil e objetiva, bastante oportuna na produção de uma propaganda, que relevância há nessa espécie de discussão?
4- Penso que podemos facilitar a questão dizendo, por exemplo, Se a dor de cabeça não sumir, consulte um médico! caso a propaganda se refira a um remédio que promete eliminar uma indesejada dor de cabeça.
O recado não perderia a essência do conteúdo e alcançaria o telespectador sem o estranho impacto que o verbo persistir causa.
Dessa forma a frase soaria mais leve, compreenderíamos bem o recado, pois ele perderia toda a complicação desnecessária.
Responda:
Vale a pena insistir com o verbo persistir nesse tipo de propaganda ou devemos sumir com o uso das palavras as quais confundem as mensagens que pretendemos expressar?
5- Considero o verbo voar um verbo muito simpático e interessante.
É impossível, numa reflexão sobre o seu primeiro significado, deslocar-se pelo ar, não pensarmos na liberdade.
Quando vemos uma ave voando, se estamos calmos e serenos, provavelmente associaremos nossa visão ao desejo de ser livre.
Quem não gostaria de voar?
Quero agora destacar outros significados que o verbo voar pode apresentar.
6- Numa prova aparentemente difícil, os estudantes podem voar no momento em que estão realizando a avaliação.
Nesse caso, o aluno poderá dizer “Deu branco!” ou poderá escutar o professor indagar “Você estava no mundo da Lua?”, ou seja, alguém poderá ironizar o fato dele não conseguir interpretar o conteúdo da prova e ter dificuldade de compreender aquilo que estava sendo solicitado.
Não é sempre, entretanto, que os estudantes reclamam quando voam.
Cursando Letras, várias vezes eu voei respondendo a uma prova de Literatura.
Era bacana demais quando isso acontecia!
Existindo necessidade de mergulhar na subjetividade sugerida por um texto, aceitando namorar suas metáforas, é fundamental voar. Somente voando, conseguiremos desenvolver uma análise profunda do conteúdo lido.
7- Lendo um livro, quando a história nos faz voar, com certeza esse livro será depois considerado fascinante.
Lendo A Ilha Perdida, quando eu tinha dez anos, fiz uma bela viagem à ilha explorada pelos personagens Quico e Oscar, realizando com os inquietos garotos um voo maravilhoso.
Bons livros fazem os leitores voar.
Claro que hoje ainda executo voos fantásticos lendo livros excelentes, porém, quando somos crianças, tudo ganha uma cor melhor e mais intensa. Nessa época, efetuar essas fantásticas viagens é simplesmente maravilhoso.
8- Na frase “O garoto passou voando por mim”, o verbo voar significa rápido demais, acelerado.
Sendo outra vez nostálgico, recordo que, quando eu dei o meu primeiro beijo, tive a sensação de voar.
Nessa situação, o verbo significa sentir um enlevo intenso, experimentar um bem-estar indescritível.
Fenomenal!
Isso se repete quando estamos apaixonados e estabelecemos um intercâmbio afetivo com nossos parceiros.
Parece que as pessoas modernas não curtem mais isso, preferindo ficar ou transar com desconhecidos na primeira noite.
Percebo que há até o medo de sentir uma grande afeição por alguém.
Escolhem evitar a paixão, o gostar e consideram o amor uma fantasia que só os românticos dizem conhecer.
Quero pirraçar quem pensa assim dizendo que tais pessoas jamais voaram.
9- Para encerrar, quero recordar que, no meu perfil, afirmo que um dia voarei literalmente falando, sem asas, alcançando o êxito o qual Ícaro objetivou.
Sinceramente acredito que a mente harmonizada com Deus, consigo própria e com os seus semelhantes pode dominar o corpo plenamente, desenvolvendo, então, uma "habilidade" capaz de fazê-la superar os obstáculos que impedem o ser humano de levitar e voar.
Se isso é loucura, não pretendo discutir, porém estarei correto dando um novo significado à palavra voar.
10- O indivíduo que refletir bem sobre a existência, tentando aproveitar as lições que o tempo permite sorver, terá, na velhice, uma maturidade digna de admiração.
Ele perceberá as coisas de um modo especial, será um sábio o qual não se submete à irreflexão, ao comodismo, automatismo nem à repetição que guia a maioria.
Além disso, ele saberá amar.
Dessa forma, observando as inquietações que prevalecem, a violência que vem sendo uma constante ameaça ou o egoísmo que várias pessoas exteriorizam, ele perceberá satisfeito que é diferente.
Sentirá uma tranqüilidade que os outros não demonstram ter.
Experimentará uma paz concreta, contudo difícil de verbalizar.
Sentirá aumentar sua intimidade com o Criador.
Enfim, ele, antes de partir, terá executado um belo voo que, nesse caso, significa a sensação de harmonia profunda, a alegria de haver "escutado" Deus, a certeza de que a sua vida está sendo útil e proveitosa.
Essa ação de voar, que me parece o convite sublime da vida, eu desejo demais poder logo realizar.
Um abraço!
* Destacarei um exemplo que realça o quanto gostamos de utilizar frases complicadas, reforçando assim a fama equivocada de que nossa querida língua portuguesa é difícil.
* Apresentarei também algumas possibilidades semânticas que a palavra voar suscita.
2- Quando assistimos uma propaganda referente a algum remédio, sempre no final aparece escrito uma advertência.
No final da propaganda surge uma mensagem que diz mais ou menos o seguinte:
Persistindo os sintomas, consultar o médico.
Se os sintomas persistirem, o médico deverá ser consultado.
Caso os sintomas persistam, favor consultar o médico.
Se persistir os sintomas, consulte imediatamente o médico.
...
Não registrei apenas uma frase porque não existe uma concordância quanto à frase utilizada.
Talvez os senhores esperem que o professor Ilmar esclareça a oração ideal segundo as nossas orientações gramaticais, no entanto ficarão frustrados em relação a tal expectativa.
Qualquer pessoa curiosa pode verificar o assunto infinitivo e eliminar quaisquer dúvidas, descobrindo a frase mais adequada.
Isso não me interessa, pois acredito que é irrelevante.
3- A mensagem quer recomendar que o médico seja consultado imediatamente se o remédio divulgado não provar sua eficiência combatendo o problema orgânico assinalado.
Sabemos que a automedicação é um erro, porém, se sentimos um simples resfriado ou uma eventual dor de cabeça, existem remédios que podem aliviar logo o problema.
Comete uma ação estúpida a pessoa que, desfrutando o alívio proporcionado por determinado remédio, não vai depois ao médico.
Devemos verificar a causa do "mal" o qual foi aliviado pelo remédio sugerido.
A propaganda, na verdade, deveria dizer que, mesmo sendo bem sucedido no uso da medicação, a pessoa deve procurar o profissional adequado, ou seja, o médico.
Ela não diz isso, mas adverte que, o remédio não gerando o efeito esperado, a pessoa deve ir com brevidade ao médico.
A frase escolhida para apresentar tal alerta, entretanto, costuma ser a mais rebuscada e inconveniente possível.
Quem será que teve a criativa idéia de utilizar o verbo persistir?
Na linguagem coloquial quem usa o verbo persistir?
Se nós nem sequer estamos habituados a falar esse verbo, que importância efetiva justificaria o grande interesse de definir se devemos dizer persistindo, persistirem, persistam ou persistir?
Imaginando uma comunicação ágil e objetiva, bastante oportuna na produção de uma propaganda, que relevância há nessa espécie de discussão?
4- Penso que podemos facilitar a questão dizendo, por exemplo, Se a dor de cabeça não sumir, consulte um médico! caso a propaganda se refira a um remédio que promete eliminar uma indesejada dor de cabeça.
O recado não perderia a essência do conteúdo e alcançaria o telespectador sem o estranho impacto que o verbo persistir causa.
Dessa forma a frase soaria mais leve, compreenderíamos bem o recado, pois ele perderia toda a complicação desnecessária.
Responda:
Vale a pena insistir com o verbo persistir nesse tipo de propaganda ou devemos sumir com o uso das palavras as quais confundem as mensagens que pretendemos expressar?
5- Considero o verbo voar um verbo muito simpático e interessante.
É impossível, numa reflexão sobre o seu primeiro significado, deslocar-se pelo ar, não pensarmos na liberdade.
Quando vemos uma ave voando, se estamos calmos e serenos, provavelmente associaremos nossa visão ao desejo de ser livre.
Quem não gostaria de voar?
Quero agora destacar outros significados que o verbo voar pode apresentar.
6- Numa prova aparentemente difícil, os estudantes podem voar no momento em que estão realizando a avaliação.
Nesse caso, o aluno poderá dizer “Deu branco!” ou poderá escutar o professor indagar “Você estava no mundo da Lua?”, ou seja, alguém poderá ironizar o fato dele não conseguir interpretar o conteúdo da prova e ter dificuldade de compreender aquilo que estava sendo solicitado.
Não é sempre, entretanto, que os estudantes reclamam quando voam.
Cursando Letras, várias vezes eu voei respondendo a uma prova de Literatura.
Era bacana demais quando isso acontecia!
Existindo necessidade de mergulhar na subjetividade sugerida por um texto, aceitando namorar suas metáforas, é fundamental voar. Somente voando, conseguiremos desenvolver uma análise profunda do conteúdo lido.
7- Lendo um livro, quando a história nos faz voar, com certeza esse livro será depois considerado fascinante.
Lendo A Ilha Perdida, quando eu tinha dez anos, fiz uma bela viagem à ilha explorada pelos personagens Quico e Oscar, realizando com os inquietos garotos um voo maravilhoso.
Bons livros fazem os leitores voar.
Claro que hoje ainda executo voos fantásticos lendo livros excelentes, porém, quando somos crianças, tudo ganha uma cor melhor e mais intensa. Nessa época, efetuar essas fantásticas viagens é simplesmente maravilhoso.
8- Na frase “O garoto passou voando por mim”, o verbo voar significa rápido demais, acelerado.
Sendo outra vez nostálgico, recordo que, quando eu dei o meu primeiro beijo, tive a sensação de voar.
Nessa situação, o verbo significa sentir um enlevo intenso, experimentar um bem-estar indescritível.
Fenomenal!
Isso se repete quando estamos apaixonados e estabelecemos um intercâmbio afetivo com nossos parceiros.
Parece que as pessoas modernas não curtem mais isso, preferindo ficar ou transar com desconhecidos na primeira noite.
Percebo que há até o medo de sentir uma grande afeição por alguém.
Escolhem evitar a paixão, o gostar e consideram o amor uma fantasia que só os românticos dizem conhecer.
Quero pirraçar quem pensa assim dizendo que tais pessoas jamais voaram.
9- Para encerrar, quero recordar que, no meu perfil, afirmo que um dia voarei literalmente falando, sem asas, alcançando o êxito o qual Ícaro objetivou.
Sinceramente acredito que a mente harmonizada com Deus, consigo própria e com os seus semelhantes pode dominar o corpo plenamente, desenvolvendo, então, uma "habilidade" capaz de fazê-la superar os obstáculos que impedem o ser humano de levitar e voar.
Se isso é loucura, não pretendo discutir, porém estarei correto dando um novo significado à palavra voar.
10- O indivíduo que refletir bem sobre a existência, tentando aproveitar as lições que o tempo permite sorver, terá, na velhice, uma maturidade digna de admiração.
Ele perceberá as coisas de um modo especial, será um sábio o qual não se submete à irreflexão, ao comodismo, automatismo nem à repetição que guia a maioria.
Além disso, ele saberá amar.
Dessa forma, observando as inquietações que prevalecem, a violência que vem sendo uma constante ameaça ou o egoísmo que várias pessoas exteriorizam, ele perceberá satisfeito que é diferente.
Sentirá uma tranqüilidade que os outros não demonstram ter.
Experimentará uma paz concreta, contudo difícil de verbalizar.
Sentirá aumentar sua intimidade com o Criador.
Enfim, ele, antes de partir, terá executado um belo voo que, nesse caso, significa a sensação de harmonia profunda, a alegria de haver "escutado" Deus, a certeza de que a sua vida está sendo útil e proveitosa.
Essa ação de voar, que me parece o convite sublime da vida, eu desejo demais poder logo realizar.
Um abraço!