HISTÓRIA DA LÍNGUA INGLESA
Estudar a história de um idioma é estudar a História do povo que o fala. Com o inglês não é diferente.
Quando as Ilhas Britânicas se afastaram da Europa, nelas habitavam povos que o Canal da Mancha isolou do continente. Mas, é com os celtas que começa a história inglesa. No séc. X a.C., o celta já era o dialeto indo-europeu mais falado onde hoje é a Espanha, a França, a Alemanha e a Inglaterra. No Séc. 1, o latim predominou por causa do expansão do Império Romano. Em 44 d.C, ocorre a terceira invasão romana à Grã-Bretanha, que é anexada até os limites com a atual Escócia. Depois de 366 anos sob domínio romano, a influência na economia, na política e na vida social das tribos celtas ficou inapagável. Quando as legiões romanas deixam a ilha (em 410), os celtas ficaram à mercê dos Scots e Picts. Pediram, então, socorro aos germanos (em 449 d.C), que, aproveitando a oportunidade, fixam-se no sudeste da ilha e massacram os habitantes locais. Para os celtas e os bretões só ficou o oeste, parte menos fértil, onde se refugiam. A opressão dos invasores anglos- saxões foi tamanha que quase nenhum traço da cultura daqueles sobreviveu. São os dialetos destes que originarão o inglês, cuja história se divide em três períodos: O Inglês Antigo, o Inglês Médio e o Inglês Moderno.
O Inglês Antigo se inicia com as invasões germânicas (sec. V). Com a cristianização das Ilhas Britânicas (nos séculos V e VI) ocorre também a latinização. O dialeto anglo-saxão, enriquecido com o vocabulário latim, dá origem ao Inglês Moderno. O início da literatura inglesa se dá com a reprodução de textos bíblicos. A cristianização foi pacífica, mas rejeitou os traços culturais dos celtas, associados que foram à bruxaria. O Halloween lembra a visão cristã sobre a cultura celta.
O Inglês Antigo não era uma única língua, mas uma variegada gama de dialetos, falados nos sete reinos anglo-saxões.
“Os dialetos do inglês antigo de antes do cristianismo eram línguas funcionais para descrever fatos concretos e atender necessidades de comunicação diária. O vocabulário de origem greco-latina introduzido pela cristianização expandiu a linguagem anglo-saxônica na direção de conceitos abstratos” (http://baronesilva.blogspot.com.br/2010/09/5212-lingua-anglo-americana.html).
O Inglês Antigo (500-1100) é pouco reconhecível (na pronúncia, no vocabulário e na gramática) em relação ao inglês atual.
“Para um falante nativo de inglês hoje, das 54 palavras do Pai Nosso em Old English, menos de 15% são reconhecíveis na escrita, e provavelmente nada seria reconhecido ao ser pronunciado. A correlação entre pronúncia e ortografia, entretanto, era muito mais próxima do que no inglês moderno. No plano gramatical, as diferenças também são substanciais. Em Old English, os substantivos declinam e têm gênero (masculino, feminino e neutro), e os verbos são conjugados” (Ricardo Schütz).
Os vikings invadem a Inglaterra, onde passam 200 anos (787-1000), mas pouca influência deixaram na língua inglesa, porém a conquista normanda alterou significativamente a organização política e o idioma.
Começa uma nova era. Na Batalha de Hastings (14/10/1066), o exército normando foi liderado pelo Duque da Normandia (William); o exército anglo-saxão, por King Harold. O predecessor de Harold teria prometido o trono da Inglaterra ao Duque. Mas, ao morrer, o conselho do reino aponta Harold como sucessor. William vai à guerra para impor seus “direitos”. Na batalha, morrem o Rei Harold e uns 2.000 guerreiros de cada lado. “O Conquistador” se apossa fácil do que os romanos, os saxões e os vikings haviam conseguido duramente, e conquista um país bem habitado e rico. O regime implantado era centralizado e forte, cujo idioma, o francês normando, era um dialeto (francês). Nem William sabia inglês. E, ao morrer (1087), toda a Inglaterra era controlada por normandos. William II (1087-1100) e Henry I (1100-1135) viviam talvez mais na França e também “ignoravam” o inglês. Henry casou-se com uma britânica e conhecia um pouco o idioma. Por 300 anos, o “englishmam” que desejasse alguma ascensão, teria que falar francês, que se tornou o idioma da aristocracia.
Assim, o Inglês Médio (1100 - 1500) foi marcado pela forte influência francesa. Porém, como a influência de uma língua sobre outra, desde que esta não seja extinta, seja sobretudo vocabular, foi precisamente isto o que ocorreu: O inglês não se alterou em sua estrutura gramatical e em sua pronúncia. Com o tempo e com as disputas entre os normandos da Inglaterra e os do continente, acendeu-se um sentimento nacionalista que fez o inglês prevalecer sobre o francês na Inglaterra, inclusive na linguagem escrita. No séc. XV, a linguagem predominante nos documentos já não era o francês nem o latim, mas o inglês. Tem início, nessa época, também a literatura nacional. Nos segmentos intelectualmente privilegiados, há certa preferência pelo uso de palavras de origem latim. Além da influência vocabular francesa , o Inglês Médio foi marcado também pela perda gradual das declinações. Na pronúncia, houve a neutralização das vogais atônicas em final de palavras.
Antes dos séc. XV e XVI, o inglês parecia com os demais idiomas do ocidente europeu. Nesses séculos, houve mudanças na pronúncia das vogais e algumas consoantes passaram a ficar mudas.
O Inglês Médio tinha vários dialetos. Já o Moderno (depois de 1500) foi padronizado e unificado segundo o dialeto de Londres, que prevaleceu sobre os outros por ser ela a cidade mais dinâmica. Com a criação da imprensa (1475) e de um sistema postal (1516), ele foi disseminado, inclusive porque a disponibilidade de materiais permitiu o acesso da classe média à educação. A ortografia padronizada coincidiu com as já referidas mudanças na pronúncia das vogais, as quais não foram acompanhadas de reformas ortográficas. Isso revela o conservadorismo da cultura inglesa e é responsável pela atual falta de correlação entre pronúncia e ortografia no inglês. Esta é a fixada pela litografia (que nasceu no séc. XVI) e pelos dicionários de Samuel Johnson(1755), Thomas Sheridan(1780) e John Walker (1791). Por isso, a atual pronúncia é representada pela ortografia do século XVIII.
Também surgiram na época trabalhos descrevendo a estrutura gramatical do inglês, que influenciaram o uso da língua. Incorporou-se conceitos gramaticais latinos, o uso (definitivo) do verbo auxiliar e a “proibição” da dupla negação numa mesma oração. Tudo isso fez surgir a uniformidade gramatical.
William Shakespeare (1564-1616) influenciou a linguagem literária. Sua gigantesca obra é marcada pelo uso original e criativo do vocabulário que dispunha, por neologismos e pelo uso livre dos afixos . Fazia verbos dos substantivos, adjetivos dos verbos, além do usar a linguagem figurada.
Atualmente, a língua inglesa é falada no mundo todo. Noutra oportunidade, falaremos sobre esse fato.
Fonte principal:
(http://baronesilva.blogspot.com.br/2010/09/5212-lingua-anglo-americana.html).
Ricardo Schütz, nesse blog, escreveu um excelente texto sobre a história da lingua inglesa.