SOBRE O SABER. A POSSIBLIDADE DO SABER. IMPOSSIBILIDADE DE SE ESCREVER SEM ERRAR. O TAMANHO DA NOSSA IGNORÂNCIA
Estima-se que o Universo surgiu há 14 bilhões de anos e tenha 14 bilhões de anos-luz. Dizem que ele se expande desde UM Big Bang.
Já o átomo é tão pequeno que, se uma pessoa fosse do tamanho dele, uma fila indiana formada por toda a população brasileira não chegaria a dois centímetros. O diâmetro do núcleo do átomo, porém, é 55 mil vezes menor do que o do átomo todo. Se um núcleo fosse um limão (raio de 3cm), sua eletrosfera teria 3 km.
Portanto, se cada brasileiro fosse do tamanho de um núcleo, a fila diminuiria para menos de 0,37 mm. O núcleo, por sua vez, compõe-se de nêutrons e prótons, cujos "tijolos" são os quarks. Porém, a forma mais leve de matéria são os neutrinos, a "partícula fantasma", que nem uma parede com bilhões e bilhões de quilômetros de chumbo detê-los-ia a passagem. Essas "pequenas coisas neutras" estão por toda parte e percorrem o espaço com velocidade quase igual a da luz. Tem um bilhão de vezes menos massa que um próton.
O Neutrino não ESTÁ no núcleo; ele SURGE no núcleo (e dele é ejetado, assim como o elétron da eletrosfera). Isso ocorre quando há uma transformação de um próton em nêutron, e vice-versa. Está surgindo mais uma nova área da Física: A da Astronomia do Neutrino.
Por atravessar tudo, sem interrupção (nada a detém nem a suga), e ser a "mensageira" de tudo que há no espaço, conhecê-la é importante.
Caso uma pessoa fosse do tamanho de um neutrino, que tamanho teria uma fila com toda a população do mundo? O de uma fração invisível de grão de mostarda?
Conclui-se: "Somos um universo em relação ao nada e um nada em relação ao Universo".
Voltaire dizia ser a Terra "um ponto perdido no Universo". E nós...
Pronto, estamos contextualizado no mundo!
E nossa mente? Nem sei se ela tem tamanho; apenas sei que ela tem certa capacidade e opera num intricado sistema de interligações e circuitos neuronais. Uma disfunção mínima dessas células pode levar a um desequilíbrio nos níveis hormonais e de neurotransmissores, estando aí a origem das principais doenças emocionais.
Há uma corrente filosófica (Aristóteles, John Locke, dentre outros), a dos empiristas, que acha ser nossa mente uma "tabula rasa" quando nascemos e tudo que aprendemos passa necessariamente pelos órgãos dos sentidos.
A outra vertente, a inatista, começada com Platão, defende que nascemos já cheio de ideias. Os órgãos sensoriais apenas percebem sombras imprecisas dessas ideias (fato que o "Mito da Caverna" ilustra).
Elas não são excludentes. Estão parcialmente certas. Nem nascemos sabendo das coisas, nem estas seriam cognitivamente assimiláveis caso não tivéssemos a razão, a capacidade que nos permite raciocinar, pensar e relacionar. A partir da "matéria-prima" obtida pelos órgãos dos sentidos, um aparelhamento mental nos habilita a conhecer as coisas.
Em resumo: Podemos conhecer a realidade. Porém, toda a realidade, jamais.
O que já é conhecido da realidade pode ser considerado infinito para uma finita mente individual. São tantos os conhecimentos e em tantas as áreas, que mesmo se uma pessoa vivesse mil anos, em pleno gozo das faculdades mentais, não consegueria sequer assimilar uma pequena fatia do que já foi desvelado da realidade. De significativo mesmo, ele só saberia a mais do que os outros isto: Que o tamanho de sua ignorância é bem maior do que imaginava no primeiro século de vida.
Construamos uma imagem: Uma tenda no deserto com um diâmetro de cinco metros iluminado à noite no deserto. O escuro, a ignorância; a luz, o saber. Suponhamos que tal tenda dobre de tamanho todas as noites. Depois de 30 dias, o contato que o morador da tenda teria com a escuridão (a ignorância) seria bem maior do que o do primeiro dia. Dez anos depois, ele cocluiria que seu saber é quase nada em relação ao que não sabe.
Quanto mais se sabe, mais se sabe que não sabe. Quem é que já não percebeu esse fato?
E tudo que se sabe, infinito para uma só pessoa saber, é uma fração mínima do que falta se conhecer ainda. Não há parâmetros, porém, digamos que o morador daquela tenda vivesse um bilhão de milênios. O estágio de conhecimento atual da humanidade talvez não correspondesse, relativamente ao que falta ser conhecido da realidade (ao que é ainda ignorado), à primeira noite em que o homem armou sua tenda no deserto.
Porém, o que não falta aqui e alhures são pessoas metidas a sabichonas! Risível isso.
Pensa que sabe, e pensa mesmo! Isso não é ridículo?
Eu, na minha crassa ignorância, só não conheço mais minhas limitações porque sei menos do que penso.
Este artigo foi escrito nesta categoria de Ortografia e Gramática, por quê? Com certeza, todos que tiveram a paciência de me ler até aqui devem estar perguntando.
Respondo: Porque o que é válido para o conhecimento em geral (o conhecido é uma partícula desprezível relativamente ao universo do desconhecido), vale para cada pessoa em relação à língua pátria.
Costumo dizer: A Língua Portuguesa é uma grande pista de gelo... Qualquer um que se atreva a incursioná-la, necessariamente desliza. Não tem jeito: Na escrita ou na fala, todos pecam contra o idioma! Por isso, escrever é um ato de coragem, pois o escritor vai se desnudando a cada texto que escreve. E quanto mais escreve, mais sua ignorância é exposta.